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12.2.18

A nossa temperatura

Houve época em que vivia em meu próprio casulo,
como um astronauta sem contato com a Terra,
perdido no universo de si mesmo,
dono de tudo, e só.

Em meu casulo espacial eu achei conhecer Deus:
ele era onipotente, onipresente, onisciente,
ele era muito muito grande, maior que o infinito,
e por isso não aparecia,
tinha coisa mais importante para fazer...

Até que chorei tanto de solidão,
que meu cosmo pessoal se incendiou de dor,
e foi assim que meu casulo se rompeu.
Sim, ó caminhantes das inúmeras vidas:
foi através da ferida que a luz adentrou meu ser,
foi batendo por dentro
que o portão se abriu...

Então vi o mundo lá fora, e pousei de volta
aqui em nossa Terra.
Em minhas andanças pelas planícies e montanhas,
busquei saber quem eu era,
com quem poderia me relacionar,
e tudo o que seria bom ou mal,
claro ou escuro, certo ou errado,
moral ou imoral, louco ou são...

Mas eis que lhes digo, caminhantes,
por fim acabei sentindo,
e sentindo percebendo,
e percebendo compreendendo,
que além de todas essas ideias
há um campo
onde não há homem nem mulher,
nem quente nem frio;
há um campo
onde toda a nossa temperatura
se mede pela alma.

Foi justamente lá
que Deus apareceu para mim,
e todo o seu ser era a imagem e a semelhança
do nosso amor...


raph'18 (após dialogar com a Lua)

***

Este poema também se encontra na página Poetas do Caos: facebook.com/caospoetas/

Crédito da imagem: Sam Manns/unsplash

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