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18.6.18

Serhumaninho

Disse o médico que um ser humano já navegava
pequenino como um girino em seu útero,
um genuíno fruto do amor
de dois seres, dois homo sapiens:
um serhumaninho com um rabo,
que virá a nascer, no entanto,
apenas com pernas e braços
e olhos, ouvidos, cérebro e tudo o mais,
tudo menos o rabo,
para cumprir o que Darwin viu em parte,
mas que dia virá, veremos face a face...

Para cumprir a ânsia da Vida por si mesma;
para que eu possa começar a morrer,
e ele possa começar a viver;
para que tudo possa fluir como sempre fluiu,
e as primaveras do mundo
não tenham sido em vão.

Ó serhumaninho, de que estrela caiu?
De que país astral você veio, com quantos carimbos
terá o seu passaporte etéreo sido preenchido
até que chegasse até aqui,
até esse tempo,
até nós?

Saiba, meu amor, meu pequeno girino,
que todos somos viajantes;
então, por favor, não se esqueça de nos trazer notícias
das coisas do Alto,
das estações astrais
e de todos aqueles que um dia
já viajaram conosco.

Aqui por estas paragens as coisas ainda seguem complicadas,
a alma ainda vive anestesiada,
e os homens ainda desejam mais ter do que ser.
Mas aqui em casa tenho o Gita, o Tao Te Ching
e alguma coisa interessante de Platão,
serão somente alguns anos
até que possa reler e relembrar.

Sigo, enfim, curioso pela forma com que a Vida
irá outra vez se manifestar em ser humano.
E também, é claro, fico desde já
ansioso por aprender contigo um pouco mais
sobre a Mansão do Amanhã...

Boa sorte em mais uma gestação.
Assinado: papai.


raph'18

***

Crédito da imagem: Google Image Search

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