Olhos de gato
Estaria tua beleza perdida, minha amiga?
Ou antes espalhada pelas telhas e parapeitos da madrugada
A bailar para a lua, e cantarolar para a noite?
Seriam os cânticos e miados que ouço despercebidamente
A prova de que nas cidades etéreas
Já estais com tua pena a escrever doces poemas?
E quanto a esses felinos maravilhosos?
A cor de seu pelo brilha ainda mais com a aurora,
Seus movimentos precisos lembram as passadas de Hermes,
E em verdade não há nesse mundo nada mais enigmático que seus olhos!
Será que, como a rainha egípcia,
Você também agora os cria em seu templo de amor?
Mesmo essa saudade, que arde como um corte ainda aberto
Não poderia ser amenizada pela lembrança
De que em cada moita, telhado ou degrau
Há pegadas de teus filhos tão amados?
Pois tudo que hoje almejo
É olhar bem profundo
No próximo par de olhos de gato que encontrar
E fitando-os, tentar achar a porta
Que leva as escadarias de tua torre, minha amiga
Pois que ainda sinto essa falta tão amarga
De nossas conversas, nossas brincadeiras
E de gatos a pular
raph'06
***
Escrevi essa poesia em homenagem a minha melhor amiga, Flávia, que desencarnou nesse ano, e também a minha gata Xica, que sumiu de casa pouco depois. Muito embora tenho certeza de que ambas estão bem, já estamos com outra gata (Júlia), e uma das razões que pensei em começar esse blog foi para preencher o vazio de não ter mais uma poeta para conversar... E vamos em frente!
Marcadores: Flávia Lopes, poesia, poesia (1-20)
4 comentários:
ops, Raph, é um blog novo seu?
abraço cara...
é isso aí!
Não chego nem aos pés da Flavinha como poeta, mas se quiser conversar, estou aqui! :)
Hehe, mas ela não era sua amiga a toa. Nem toda poesia é escrita ou declamada, as vezes está na doçura do olhar, na caridade, na amizade...
Bjs e obrigado,
raph
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