Quando foi que nos esquecemos de tudo isso?
 
Esses olhos  atentos,
sedentos de  ver como tudo é visto
a primeira  vez: 
quando foi
que os  perdemos?
Dizem que as  crianças viam partes de si
  no todo que  há lá fora.
  Freud  considerou que todo misticismo
  vinha daí,  que era algo infantil.
  Ora, há  grandes pensadores que se esqueceram,
  evidentemente,  da grandeza dos pequeninos.
O que,  afinal, eles viam ao seu redor?
  Não partes de  si mesmos, infantil seria crer nisso,
  mas partes de  tudo o que existe:
  há profundo  misticismo em enxergar a Alma
  em todas as  coisas.
Em baldes de  areia com suas joaninhas escavadoras.
  Em poças d’água  e potes de ouro no final dos arco-íris.
  Em fadas e  duendes, dinossauros e dragões;
  em magias que  existem, magias cantadas,
  magias faz de  conta:
  quando foi  que nos esquecemos de tudo isso?
  Quando foi,  afinal, que deixamos nossa alma
  trancada neste  casulo
  de “tem de  ser assim, porque me disseram”?
Toda criança  é um ser iluminado
  que não sabe,  não se importa com essa historinha
  de “temos de  buscar a iluminação”...
E todo  iluminado tão somente
  voltou sua  lanterna para dentro,
  viu, e se  calou.
(não há nada que possa ser dito sobre isso.)
raph'24
***
Obs.: Freud fala brevemente sobre o assunto em O mal-estar na civilização.
Crédito da imagem: Jeremiah Lawrence
Marcadores: espiritualidade, poesia, poesia (161-170)
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3 comentários:
Que singeleza, nesse poema. Amei
Incrível 🤩
Não perdemos esse "olhar", entulhamos sobre ele, quinquilharias ilusórias de separação...
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