Minha raça
Há aqueles que me olham e dizem
que sou branco, escandinavo, de olhos claros;
mas não há quem possa me tirar da mente
a ideia e a lembrança de que há tempos
eu também saí da África com minha tribo,
e assim, juntos, percorremos o Oriente
e o mundo todo.
Há aqueles que me olham e dizem
que neste mundo há raças que não se misturam,
irmãos e irmãs condenados a serem refugiados
uns dos outros.
“Desde que o mundo é mundo é assim”,
dizem eles, os ignorantes...
Mas esta é uma ideia que sempre me foi estranha:
o meu mundo é maior, e bem mais antigo.
Minha família não se iniciou entre os hebreus,
ou nalguma China imperial idealizada,
mas é ainda muito mais antiga que a Odisseia
e os mitos egípcios e mesopotâmicos.
Meu bisavô pintava cavernas europeias
para iniciar novos xamãs,
e o bisavô dele trouxe esta arte do Sul,
e do espírito de todos nós...
Ó, aldeões das tribos perdidas,
como podem ter se confundido tanto?
Como podem ter contado os dias de sua família
com um olhar tão pequeno, tão mesquinho,
tão provinciano?
Quantos xamãs ancestrais serão necessários
para lhes fazer voltar novamente sua face para o céu,
e não mais contar os dias dos homens
pela escala de países e continentes,
mas antes pelas estrelas
e constelações?
Digam assim, portanto:
eu também singrei por mundos e mundos,
eu também naveguei mares eternos,
eu também sou da raça dos deuses!
raph'16
***
Crédito da foto: Google Image Search
Marcadores: espiritualidade, poesia, poesia (141-150)
1 comentários:
E o santuário, é sob a luz das estrelas!
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