Existem os anjos?
Não sei se os anjos existem,
mas sei que há mundos sem fim,
estrelas incontestáveis
a salpicar a noite –
não desejariam tantas e tão belas
serem admiradas por nós
aqui embaixo?
Não foi sua luz criada
para ser contemplada?
Para guiar os girassóis,
aquecer os corações
e reger as primaveras?
E estes pássaros
que vêm bailar pelo bosque,
e anunciar a nova manhã
em pios melodiosos,
seriam eles tão belos,
seriam eles tão pássaros,
seria, enfim, a natureza tão natureza
sem nós aqui
a observar tamanha imensidão?
Não sei se os anjos existem,
mas sei que mesmo aqui embaixo,
nesse mundo de chumbo,
ainda estamos ao alcance das estrelas,
e sua luz ainda nos acaricia,
e sussurra em nossos ouvidos
canções mudas e eternas
na linguagem da alma...
E, se tal idioma existe,
é provável que os anjos filólogos
estejam somente esperando
que nós nos tornemos
literatos do coração:
“Olá meu irmão, minha irmã,
olá andarilhos dos reinos de baixo,
hoje vocês já sabem nossa língua,
hoje já posso lhes falar sobre os mistérios
e as maravilhas infindáveis
que nós voadores catalogamos
nos mundos de cima”
raph'16
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Crédito da imagem: Google Image Search/Den Belitsky
Marcadores: anjos, espiritualidade, poesia, poesia (141-150)
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