Reencontro
Onde fica o ponto de encontro
comigo mesmo?
“Nas montanhas!”, diz o ser das planícies;
“Na floresta!”, diz o ser dos desertos;
“No fundo do mar!”, diz o ser celestial...
Mas em que tempo é isso?
Como pode haver tanta guerra,
tanto ódio e escuridão?
“É aqui e agora”, diz o sábio;
e então, ele continua:
“Sabemos da luz porque há sombra no mundo;
buscamos amor porque já odiamos demais,
e estamos cansados desta guerra
na qual jamais nos alistamos.
No fim do caminho,
no fim de todos os tempos, do tempo em si,
o amor já venceu,
o ser já respira a plenitude
do sentido de todas as coisas.
Ele observa este grande escoamento
e percebe a sua direção:
aqui e agora, na eternidade
desta breve iluminação,
tudo que há
é amor e canção.”
(ouçamos...
a música se inicia com os versos
mais belos e antigos da Criação...)
Embriagado em tais cascas de conhecimento
do ser em si,
eu retiro todas as barreiras que me impediam
de estar aqui, neste momento:
Quando minha alma se deita nesta grama
nem eu já me interesso mais de mim;
dissolvido, me deixo levar pelo vento...
(os trovadores continuam dedilhando
suas violas mágicas...
tudo ressoa o eco da canção...)
Ó, Jalal ud-Din, eu vejo as faces
tristes e risonhas de todos os seres,
de todos os bêbados cambaleantes,
de todos os poetas e cancioneiros,
de todos os anjos e forasteiros;
e é nelas que me reencontro,
nelas que sinto:
eu sou você.
raph'17
***
Crédito da imagem: Lucas Sankey – Unsplash
Marcadores: espiritualidade, misticismo, poesia, poesia (151-160)
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