Alma sobrevivente
Fonte: Blog Revisionismo em Linha
Fiquei a par desta história bastante curiosa e não resisti em partilhar com todos vocês.
Trata-se da história de James Leininger que, duas semanas depois do seu segundo aniversário, começou a ter pesadelos alucinantes e com grandes dificuldades em conseguir parar. Quando James começou a gritar e a recorrer a frases como: "Avião a arder! O pequeno homem não consegue sair!", a sua família percebeu que tinha que fazer alguma coisa.
Como os detalhes de aviões e tragédias de guerra que nenhuma criança de dois anos poderia saber - descrições que passaram a ocorrer até durante o dia - não cessavam, Bruce and Andrea Leininger começaram a perceber que estavam perante uma situação inacreditável.
Toda a história está relatada no livro "Soul Survivor" (em inglês) e nele podemos ficar a saber como os Leiningers juntaram todas as peças com o objetivo de perceberem aquilo que o seu filho tentava comunicar e, eventualmente, descobrirem que ele poderia estar a reviver uma outra vida passada, nomeadamente com o nome de James Huston, um piloto de caças durante a Segunda Guerra Mundial.
Enquanto Bruce Leininger lutava por perceber o que estava a acontecer ao seu filho, ele ficou também a conhecer os detalhes da vida - e da morte - de James Huston, um piloto que fascinou completamente o mundo militar da época.
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Vejam também este curto documentário da TV americana ABC sobre o caso Leininger (legendado):
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Nota (1): muitos céticos defendem que os relatos de casos de crianças que se lembram de vidas passadas são mais comuns no Oriente porque lá a maioria das pessoas acredita em reencarnação. Mas ultimamente temos verificado que esses casos ocorrem no mundo todo, talvez na mesma proporção. Ocorre que, são mais raros os relatos no Ocidente, exatamente devido ao fato de que aqui a crença na reencarnação é minoria. Isso, no entanto, não deixa de ser um benefício para o estudo da reencarnação: ocorre que no Ocidente somente os casos realmente sólidos, como esse, vem a tona e aparecem na midia.
Nota (2): lembremos também que não se trata da mera defesa de uma crença, mas de evidências paupáveis. Um garoto conseguir apontar, sem ajuda, o local exato da queda de um avião muitas décadas antes de ter nascido*, sobrevoando um território que nunca havia visto (nessa encarnação), é sem dúvida uma evidência que não precisa passar pelo crivo subjetivo - como por exemplo o fato de ele saber detalhes da vida da irmã de sua encarnação passada, onde a evidência é essencialmente subjetiva (de sua parte, e da irmã), embora não deixe de ser sólida.
* Maiores detalhes no livro "Soul Survivor".
Marcadores: crianças que lembram vidas passadas, espírito, guerra, James Leininger, psicologia, reencarnação, videos
7 comentários:
O livro mencionado no texto ("soul-survivor") foi lancado em portugues pela editora Best Seller: A Volta - A Incrível e Real História da Reencarnação de James Huston Jr.
Ele tem figurado na lista dos 10 mais vendidos de "auto-ajuda" no Brasil nas primeiras semanas desde seu lancamento. Eu ja li e recomendo, apesar que ele so "engrena" mesmo la pela metade final...
Legal. Mas não necessariamente seria esse piloto, dezenas de aviões podem ter sido abatidos desse jeito.
Interessante notar o Sr. pai culto dizendo que não acredita em reencarnação e que tinham que encontrar alguma explicação lógica. Não foi culto o suficiente pra perceber não é necessário que se entenda para ter lógica, que a lógica governa boa parte do universo e que o pensamento limitado dele não pode entender (é só lhe mostrar algumas equações avançadas de física, ou divagar sobre buracos negros, e outros mistérios do universo). Preconceituoso, perde a oportunidade de ter esse lindo vislumbre da vida, onde a lógica preenche tudo, apenas não lhe é acessível de tudo.
Mas sobre a reencarnação - sei que é difícil falar sobre isso, pois praticamente nada sabemos, mas temos que tentar -, poderíamos arriscar dizer que isso é um "erro" se considerarmos as potencialidades como você mesmo apresentou no blog, e a persona descartável como o corpo, tendo em vista que o corpo conseguiu captar momentos subjetivos de outra persona, ou a alma/consciência não conseguiu se livrar, ou ambos (ou seja, esses traços não são potencialidades - mesma coisa no caso Parmod). Talvez essa captação da persona pelo corpo possa ser explicada por um fenômeno raro a respeito do inconsciente coletivo, e nada tenha a ver com a reencarnação.
Talvez, talvez, talvez.
É por isso que eu disse lá no post de Arquivo: "bem vindo a dúvida, só que agora, a dúvida de verdade" :)
Mas, sobre o "erro" que disse... Acho que é isso mesmo, algo como uma "pane no processo natural"... Provavelmente isso tenha a ver com traumas mesmo. Se formos ver, a quase totalidade dos estudos de Ian Stevensson fala em personalidades que lembram vidas passadas pois lembram-se dos traumas de personalidades passadas.
O "esquecimento do renascer" não foi suficiente para que se apagassem os traumas todos, e essas "pendências" precisam ser "reconciliadas" (adoro essa palavra, hehe)... Mas, fato é, que sejam ou não "reconciliadas", após alguns anos serão varridas para o inconsciente (coletivo ou não): acabaram-se os dias de outrora, bem vindo a sua nova vida meu garoto!
Se pudéssemos nos lembrar da tenra infância, e do que se passava em nossa mente, em nossos sonhos, talvez fosse assim com todos nós. Mas, para que se demorar com os dias passados se cada dia traz uma nova luz e um novo espírito?
É bom esquecer, e relembrar somente quando for conveniente... E raramente é conveniente relembrar quando ainda estamos neste mundo, nesta realidade de mundo.
Abs
raph
A história dos Leininger está no contexto de relatos que empolgam os que já são empolgados com a reencarnação. Sob certo aspecto, o depoimento pode ser reputado admirável, mas o mais admirável é que consiga cativar a tantos, sem que as fragilidades da narrativa sejam percebidas.
Os pesadelos do pequeno James, o cerne do enredo, não foi minimamente investigado. Psiquiatras ou psicólogos não se manifestaram a respeito dos sintomas (se é que existiram esses sintomas) e os consideraram inexplicável no âmbito da psicologia, o que, mesmo que não indicasse necessariamente reencarnação, ao menos demonstraria tratar-se de vivência insólita. Pode-se tentar justificar, alegando-se que Carol Bowman assistiu ao menino, entretanto Bowman é reencarnacionista radical.
O livro é claramente exaltativo (e exagerado), sem qualquer fundamento sólido que apoie o que os Leininger asseveram ser verdadeiro. Na internet se acham vídeos louvando o caso, como legítimo acontecimento multivida, num deles, visto em http://www.youtube.com/watch?v=8UUjtFAEINg, o narrador afirma que, entre os dois e quatro anos, o menino “revelava detalhes extraordinários” sobre a vida de um piloto da 2ª Guerra. No entanto, a ilustração dada pela mãe não mostra nada de extraordinário, mesmo se tratando de um pequenino falando de aviões em combate. Andrea garante que seu marido – Bruce (que no livro aparece como cético incorrigível) –, indagou do garoto o que acontecera ao avião que pilotava. A resposta foi que o avião caíra em chamas. E, por que caíra? O garoto responde: “por que atiraram nele”. O pai insiste: “E quem atirou nele?”. A criança arremata: “os japoneses!”. Esse diálogo é reputado pelo narrador “história impressionante”...
Todas as supostas provas (ou evidências) que pudessem justificar o relato estão no próprio livro: não se conhecem estudos descompromissados com a reencarnação que minimamente validassem as informações contidas na obra. Os pais, em momento algum, permitiram que jornalistas, ou outros interessados, interrogassem diretamente a criança, alegando que ficaria traumatizada. Em suma, para que alguém se convença de que o conto do casal Leininger é verdadeiro, terá de aceitar, sem provas, que tudo o que Bruce e Andrea contaram corresponde a fatos. Muito pouco, pois, para subsidiar a suposição de que se trata de evento reencarnacionista.
Neste e em inúmeros outros casos não há nem nunca haverão provas cabais e extraordinárias (como as quais os céticos se preocupam tanto), mas sim indícios de maior ou menor consistência (principalmente no que tange as lembranças de parentes e detalhes familiares da suposta vida anterior). O que parece apontar para, no mínimo, alguma troca de informações entre vidas, é o conjunto dos casos analisados, em todas as partes do mundo. Obviamente que são raros, raríssimos até, mas se assim não o fossem, não seriam motivo para espanto.
Claro que há muitos que prontamente se inclinam a crer facilmente em qualquer relato, assim como há outros que parecem se escandalizar com o mero fato de algum cientista ou parapsicólogo os estudar (Stevensson só dedicou a vida a tais estudos porque foi financiado por um dos donos da Xerox, do contrário não teria ajuda alguma da Academia).
Raph: Neste e em inúmeros outros casos não há nem nunca haverão provas cabais e extraordinárias (como as quais os céticos se preocupam tanto), mas sim indícios de maior ou menor consistência (principalmente no que tange as lembranças de parentes e detalhes familiares da suposta vida anterior). O que parece apontar para, no mínimo, alguma troca de informações entre vidas, é o conjunto dos casos analisados, em todas as partes do mundo. Obviamente que são raros, raríssimos até, mas se assim não o fossem, não seriam motivo para espanto.
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COMENTÁRIO: as provas não precisam ser cabais nem extraordinárias, sim suficientemente evidenciadas. No caso das lembranças de vidas passadas, mesmo as mais ricas e detalhadas (estas raras no universo das recordações difusas e mal articuladas) não são suficientes levar a reencarnação ser considerada, senão a única, a melhor explicação. Explorar todas as possibilidades explicativas é desafio monstruoso que nem o empenho de Stenvenson conseguiu dar conta. Por exemplo, como garantir, com total segurança, que uma criança que diga recordar ter vivido em cidade distante e citar nomes que aparentemente jamais ouvira, não tenha obtido essas informações por formas banais? Certos infantes dedicam grande atenção à conversa de adultos e podem captar dados preciosos para uma fabulação reencarnativa. Às vezes nem os pais conseguem atinar de onde a criança obtivera as notícias. Digamos que uma família vá as compras e enquanto escolhem os produtos o filho pequeno fique atento à conversa de estranhos. Assim, a partir de evento trivial, a criança que vive mergulhada em clima reencarnativo surge com fabulação que a todos surpreende.
Não quero defender que as histórias de vidas passadas se expliquem dessa maneira, mas digo que é missão quase impossível levantar as múltiplas possibilidades de as informações chegarem por via terrena ao “lembrador”.
O desafio que Stenvenson não enfrentou, ou por não conseguir ou por não percebê-lo, foi o de traçar uma ligação indiscutível entre as histórias infantis de vidas passadas e a realidade da reencarnação. Sabe-se que certas crianças são sensíveis ao que os adultos delas esperam. Em ambientes onde a crença nas múltiplas vidas seja comum e assunto rotineiro, não é difícil entender que infantes imaginativos encontrem nesse tema material para elaborar suas fantasias e, percebendo que as pessoas queridas (pai, mãe, parentes, amigos da família) se agradam dessas histórias, se esforcem para criar enredos bem elaborados.
Ian Stenvenson realizaria trabalho mais produtivo se tivesse aprofundado os aspectos psicossociais envolvidos nas lembranças infantis. Embora tenha abordado essa questão em seus livros, o fez superficialmente. Preferiu a incerta tática de pontuar a quantidade de acertos e argumentar da dificuldade de explicar a origem das recordações por meios naturais.
Por mim, o que acho mais extraordinário nos relatos são os casos raros em que uma criança adquire rapidamente intimidade com parentes da suposta vida passada, particularmente no caso do Leninger, que adquiriu intimidade fora do comum (entre uma criança e uma idosa, no que tange os assuntos de suas conversas) com a irmã de sua suposta vida passada.
Me interessam estas nuances da alma que permeiam todas as experiências religiosas, ainda que sejam frutos de devaneios da mente ou não... Fato é que, para quem tem curiosidade acerca da alma e/ou da mente humanas, são deliciosas.
Não há necessidade de provar nada a ninguém. No fim da vida, se é que vamos sobreviver a morte, tenho quase certeza de que não haverá ninguém nos cobrando pela "falta de provas".
O que conta, para mim, é mais a experiência do que a comprovação.
E o que trago aqui são assuntos para reflexão, mesmo quando falo de ceticismo.
Por mim, a única certeza que existe é esta: "existe algo, e não nada". Todo o resto pode ser debatido, principalmente se formos considerar as origens filosóficas do Ceticismo.
Mas há debates que são como pedras se chocando e arrancando pedaços umas das outras...
E há debates em que a fricção dos opostos produz faíscas...
Um dia, quem sabe, o mundo se incendeia!
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