2016: vontade de crescer
O Rio de Janeiro acaba de ganhar a disputa para sediar os Jogos Olímpicos em 2016. Ganhamos de Madrid na votação final. Os espanhois no entanto talvez tenham chegado além do que se esperava, pois todos os "especialistas" e as casas de aposta apontavam uma final entre Rio e Chicago (que acabou ficando apenas como a quarta escolha do Comitê Olímpico Internacional). Talvez Madrid tenha chegado mais longe devido a chamada "Cerimônia da Chama Sagrada", segundo anunciado pela BBC: "Todos vão se reunir para concentrar energias e convocar o mundo espiritual para que Madri seja eleita a cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016 - afirmou a sacerdotisa xamã espanhola Martha Elena na apresentação do evento à imprensa". Será que o "mundo espiritual" pode ter ajudado Madrid? Nesse caso, será que o Rio não ganhou com a ajuda dos umbandistas de plantão?
Talvez... Mas ainda acho que o que mais importa mesmo é a vontade das pessoas. Sabe-se que entre os americanos e japoneses a aceitação da olímpiada não era tão grande quanto entre os brasileiros e espanhois. Chicago chegou até mesmo a organizar um site pró-Rio (e anti-Chicago). Quando lembramos que o Pan-Americano de 2007 (no Rio) custou mais de dez vezes a mais do que o anterior, talvez tenhamos uma boa dica das razões que levaram os americanos a rejeitar uma olimpíada em plena era de crise econômica (bem, pelo menos no lado norte).
Pode-se pensar que a vontade das pessoas não é assim tão relevante. Que não adianta juntar milhares de pessoas na praia de Copacabana para torcerem pela vitória se a cidade não dispõe de um bom planejamento e infra-estrutura para sediar os jogos. Ora, isso é óbvio, mas quem disse que ter um bom planejamento e infra-estrutura também não passa pela vontade das pessoas? É a vontade das pessoas que decide eleições, que pressiona os políticos para roubarem menos e produzirem mais, e que efetivamente permite que um país cresça. Infelizmente no caso do Brasil, essa vontade é superficial, limitada a conquistas esportivas na maior parte das vezes... Quem poderia saber onde estaríamos hoje se, a 60 anos atrás, torcessemos mais pela melhoria de nossa educação básica do que pela conquista da Copa do Mundo? Se estivéssemos mais preocupados com a qualidade de nossos políticos do que com a habilidade de nossos atacantes? Se passássemos a iniciar o ano útil não após o carnaval, mas após o reveillon? Bem, fosse este o caso, certamente estaríamos no mínimo no mesmo nível tecnológico e educacional da Coréia do Sul, que passou esse tempo se dedicando a seu sistema educacional, e hoje pode ir mal na Copa do Mundo, mas vai muito bem no Índice de Desenvolvimento Humano (que a 60 anos, era muito pior do que o nosso).
Mas tudo isso já foi tão falado que as pessoas até perderam a paciência de escutar (e outras, ainda, de continuar insistindo no assunto)... Fato é que a "Cerimônia da Chama Sagrada" não foi capaz de nos tirar os Jogos Olímpicos de 2016. Ainda que os jogos sejam originalmente uma manifestação pagã, parece que o "paganismo brasileiro" venceu o paganismo tradicional, e que a nossa cerimônia regada a música e praia se mostrou mais "fortalecida" pela vontade de um povo que é sem dúvida sempre forte e alegre, quando se lembra de acordar.
Agora nos resta torcer para que até lá o Rio não precise fazer uma "maquiagem" para sediar os jogos, mas que esteja devidamente alçado a categoria de uma cidade segura, com infra-estrutura adequada e transporte urbano de qualidade. Isso sim seria uma grande vitória. Se para nós sediar os jogos parecia uma utopia a alguns anos, talvez possamos ter alguma centelha de esperança que a cidade maravilhosa seja realmente maravilhosa na vida real, e não apenas nos vídeos de cerimônias olímpicas.
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Crédito da foto: Ernanib
Marcadores: 2016, educação, Olímpiadas, paganismo, política, Rio de Janeiro, vontade
2 comentários:
Ia comentar isso mesmo que você comentou quando li a reportagem da BBC, eles foram longe até demais, vai ver que foi o ritual que fizeram.
Contudo, te confesso que como Carioca e Brasileiro estava CONVICTO de que ganharíamos e ganhamos! Tenho certeza que tantos outros também assim pensaram; nossa Thelema/Vontade com certeza superou a deles, mesmo sem ritual.
Este acontecimento serve até para lembrarmos que o Ritual, a Teurgia, é uma forma de nos ajudar a condicionar nossa Thelema, é uma "muleta" (as vezes eficaz, como pode-se ver até mesmo nessa disputa onde Madrid foi mais longe que o esperado), mas a verdadeira Vontade não precisa de ritual nenhum basta, tê-la.
Abraços, e parabéns!
B...
Bernardo, obrigado pelo seu comentário, parece-me que você entendeu perfeitamente o que eu quis dizer :)
Abs
raph
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