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23.7.09

Reflexões do Imperador

Texto de Marco Aurélio (imperador romano) em "Meditações" (Editora Martins Claret, tradução de Alex Marins).

O tempo da vida humana: um ponto. Sua substância: um fluxo. Suas sensações: trevas. Todo o seu corpo: corrupção. Sua alma: um remoinho. Sua sorte: um enigma. Seu renome: uma cega opinião. Resumindo, tudo, em sua matéria: precariedade. Em seu espírito: sonho e fumaça. Sua existência: uma guerra, a etapa de uma viagem. Sua glória póstuma: esquecimento. Que nos pode então servir de guia? A filosofia, apenas isso.

A filosofia consiste em fazer com que o gênio interior de cada um seja invulnerável aos ultrajes, impassível, superior aos prazeres e às dores. Que não se mova ao acaso, por falsidade ou maldade. Que não cogite do que fazem ou deixam de fazer os outros. Que aceite as vicissitudes e o destino como provenientes da mesma origem. Acima de tudo, que aguarde a morte com serenidade, nela não vendo mais do que a dissolução dos elementos constitutivos de todos os seres. Pois, se para os elementos nada há de horrível em se transformarem incessantemente uns nos outros, por que temer a transformação universal e a universal dissolução? Como nada é mal segundo a natureza, acredite que a natureza assim exige.

[livro II - XVII]

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A época antiga nos relegou centenas de reis e imperadores que, por mais que tenham conquistado diversas regiões do mundo, hoje são praticamente esquecidos. Aqui está um imperador que conquistou (ou pretendeu e se dedicou a conquistar) sua própria alma; Hoje, poucos se importam com quantas regiões Marco Aurélio conquistou, seu legado é algo muito superior as regiões e riquezas que se perderam no tempo.

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Crédito da foto: Cebete

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1 comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Existem poucos livros com tanta sabedoria em poucas palavras...
O grande problema é o esquecimento, pois é dificil ter essas verdades sempre em mente!

Mas quando se as tem consigo, os resultados sao magnificos. Nos tempos que Marcos Aurélio governou,Roma progrediu.

27/5/12 10:48  

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