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24.1.16

Além do olhar

Quando olho além do seu olhar,
já não vejo face ou cor ou etnia;
tão somente me deixo levar pelo mar
e assim, sem rumo nesta sinfonia,
sou enfeitiçado pelo aroma da essência
da realidade que surge desta calmaria:
esta música de acordes mudos;
este êxtase
que já não percebe
nem espaço nem tempo,
nem a angústia pelo futuro,
nem a ilusão que a antecede.

Quando olho além do seu olhar,
vejo o longo caminho
que nós trilhamos sem alinho
dentre florestas, vales e montanhas,
cruzando rios, mares e planícies,
até que nossa casa fosse, enfim,
todo o mundo.

E aqui, face a face, além do olhar,
eu também percebo
que a doce esperança de continuar nossa andança
nesta pedra rodopiante em meio ao Grande Vazio
passa pelo reconhecimento
daquilo que vai adiante, nos transcende e abarca:
aquilo que não se pode ver,
mas que não obstante
é a única força,
portal e ponte
capaz de atravessar nosso olhar
e assim, ultrapassar
o abismo do ser.


raph'16

***

Crédito da foto: David Uzochukwu

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