Jesus na Índia
Suponha que você seja um detetive, e se depara com um caso incomum. Não se trata de um caso de identidade incerta ou de pessoa desaparecida; trata-se de um histórico incerto, de anos sem qualquer tipo de registro, onde os detalhes são poucos... Dia de nascimento: desconhecido. Ano de nascimento: desconhecido; presumido entre 8 e 4 a.C. Lugar de nascimento: incerto; acredita-se que seja Belém.
No entanto, a história da humanidade é dividida pelo seu nascimento: antes de Cristo, depois de Cristo... Este não é um caso simples, é uma investigação sobre a vida de uma das pessoas mais influentes da História. Agora você já deve saber no que está se metendo...
É assim que Edward Martin inicia a narração do seu instigante documentário sobre os chamados “anos perdidos” da vida de Jesus de Nazaré, isto é, tudo o que pode ter ocorrido durante os cerca de 18 anos de sua vida que simplesmente não aparecem em nenhum trecho do Novo Testamento.
De fato, só há um único episódio da infância de Jesus, relatado em Lucas 2:42-51, onde o garoto, então com meros 12 anos, é encontrado pelos pais num templo de Jerusalém (após haver se perdido por alguns dias), conversando com rabinos mais velhos, enquanto “todos os que o ouviam admiravam a sua inteligência e respostas”. Logo depois, em Lucas 3, já está adulto, sendo batizado por João Batista.
Uma das hipóteses “que se recusa a morrer” acerca do que teria feito Jesus nessas quase duas décadas de intervalo é a que afirma que ele rumou para a Índia, onde se instruiu tanto no hinduísmo quanto no budismo com grandes mestres, e depois retornou para reformar o judaísmo.
Na época de Jesus, se alguém quisesse sair de Israel para aprender sobre outros costumes, culturas e religiões em regiões mais afastadas, a rota mais segura e conhecida sem dúvida seria a chamada Rota da Seda, que já existia há milhares de anos, principalmente em sua via terrestre. Ora, esta rota terminava precisamente no coração da Índia, e podia ser feita a pé, ou na carona de caravanas de mercadores. A hipótese, portanto, é bem mais verossímil do que parece a primeira vista.
Mas há mais: no final do século 19, o jornalista e explorador russo Nicolas Notovich disse haver encontrado manuscritos milenares no Tibete, dentre os quais um chamado A Vida do Santo Issa, que ele traduziu e publicou no Ocidente. Ora, Issa é o nome de Jesus no Oriente e também entre os muçulmanos [1].
Até hoje acusam Notovich de haver inventado a história toda, pois os manuscritos originais nunca foram encontrados. No entanto, fato é que em pleno século 21 ainda circulam muitas “lendas” acerca da passagem de Jesus pela Índia. Será que podemos deduzir, neste caso, que “onde há fumaça, há fogo”?
Isso é o que esse documentário investigativo tenta descobrir. Apesar de se arrastar nalguns momentos e de ser bem mais longo do que merecia, tem a vantagem de praticamente esgotar o assunto, e ainda fazer um belíssimo elogio ao ecumenismo, já pelo final... Assistam com a alma aberta. Feliz Natal, e Namastê!
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[1] Apesar da grafia diferente, Jesus, Issa (ou Isa) e Yeshua (seu nome original em hebraico) provavelmente tinham pronúncias muito parecidas há milênios atrás. “Jesus” poderia ter o “J” pronunciado como “IÊ”, formando algo como “Iêzu”, nada tão distante de “Yeshu”. Já “Issa” pode ter surgido da mistura com as pronúncias árabes e/ou persas.
Crédito da imagem: Google Image Search
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