10 anos
Dez anos de nossas conversas
sob a luz do luar carioca,
num telhado de prédio,
soberanos sobre a noite tijucana.
Saudade.
Dizem que é palavra exclusiva de nossa língua,
difícil de definir...
Então lá vai, amiga:
se somos o sal da terra,
é a saudade o sal do amor.
Bonita, enigmática, como você,
e seus gatinhos, e a Lua.
Não sei se este poema está ficando bom.
Afinal, são dez anos,
dez anos sem nossas conversas,
sem trocarmos poemas e confissões
sobre coisas que somente os poetas veem e sentem:
dores e hemorragias profundas da alma,
e também as rimas, as canções,
e os feitiços de cura...
E você se foi assim, sem aviso;
ficaram só os gatos e os poemas.
Mas seus felinos moram longe, na Tijuca,
e os seus versos, embora belos como sempre,
embora eternos como nossas noitinhas,
nada me respondem
acerca do seu paradeiro.
Amiga! Eu continuo contemplando a Lua,
na esperança de que onde quer que esteja,
possamos por um momento estar encarando o mesmo céu,
a mesma luz.
Nós: poetas desamparados num telhado de prédio,
alheios as superficialidades da vida,
trovadores da essência.
Ainda de mãos dadas,
ainda em nossa Tijuca
que é todo o mundo...
As vezes fecho os olhos, e ainda estou lá,
naquelas noites contigo,
além das ideias de certo e errado,
além do sangramento das almas,
além do julgamento final.
Mas então os abro e estou aqui.
E o que me resta, amiga?
Saudade.
Dez anos
de saudade...
(este poema é dedicado aos dez anos do blog Textos para Reflexão, que por sua vez é dedicado a minha amiga, Flávia Lopes)
raph'16
***
Crédito da foto: Google Image Search
Marcadores: Flávia Lopes, poesia, poesia (141-150), saudade
2 comentários:
Simplesmente emocionante, amigo... Homenagem merecida para a nossa sempre linda Flavinha. Apenas quem amou e foi amado deixa uma saudade como essa. Sua luz estará para sempre conosco.
Valeu Nath. Você foi um dos poemas que ela deixou pra mim :)
Postar um comentário
Toda reflexão é bem-vinda:
Voltar a Home