O mistério
Há muitos poemas aqui
passando a minha frente,
dentre meus dedos,
sobre meus olhos,
através da minha alma;
todos eles escorrem
aqui:
no córrego
que flui da fonte.
No rio de todos nós,
fundador de cidades,
semeador de civilizações,
pai do Nilo e do Ganges;
e, no entanto, o rio
que já não é o mesmo rio:
um rio cujas águas
se renovam e renovam
sempre.
Como nossas vidas
e nossas relações vividas,
que se encenam e reencenam
nesta dança eterna
do tempo do amor
de um pelo outro...
Entre eu e você
não há “eu”
nem “você”:
há corredeira,
há rio desembocando em mar,
e o grande mistério,
eterno e inefável,
do que vem a ser poema,
do que vem a ser amar.
raph'18'S.G.
***
Crédito da imagem: Oleg Oprisco
Marcadores: espiritualidade, misticismo, poesia, poesia (151-160)
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