Pular para conteúdo
5.7.21

Poemas de Rumi

Jalal ud-Din Rumi foi um místico sufi do século XIII que, após ter cruzado seu caminho com um andarilho chamado Shams de Tabriz, passou a compor poemas de imensa profundidade espiritual, que o fizeram conhecido em todo o mundo – inclusive no Ocidente. Essa história já foi relatada aqui no blog, em um post intitulado O encontro de dois oceanos.

Aqui trago apenas alguns dos seus poemas traduzidos de versões inglesas. Eles farão parte do meu próximo livro sobre Rumi, intitulado Rumi – Além das ideias de certo e errado (veja a capa ao final):

 

[Eu e você]

Na verdade nós somos uma só alma,
eu e você.
Nos mostramos e escondemos,
você em mim,
eu em você.

Eis o sentido profundo da nossa relação:
é que entre você e eu
não existe nem eu
nem você.

 

[Um momento de felicidade]

Este é um momento de felicidade,
eu e você sentados na varanda:
duas formas, dois rostos,
uma só alma,
você e eu.

A beleza das flores
e o canto dos pássaros
nos ofertam a água da vida
quando entramos neste jardim,
eu e você.

As estrelas do céu vêm nos ver,
e mostramos a elas a lua,
você e eu.

Eu e você,
unidos em êxtase e alegria,
libertos do juízo e da razão,
você e eu.

Os beija-flores do Paraíso bicam açúcar
enquanto nós rimos,
eu e você.

Ainda mais mágico,
estamos aqui ao mesmo tempo
no Iraque, na Pérsia,
você e eu:
numa forma aqui na Terra,
e noutra forma, no Paraíso.

E na Terra do Açúcar,
uma só alma,
eu e você.

 

[Morri como mineral]

Morri como mineral,
e tornei-me planta.
Morri como planta,
e surgi como animal.
Morri como animal,
e sou humano...

Ó caminhantes,
por que tanto medo?
O que perdemos ao morrer?

Eu sei que morrerei de novo,
como humano, até que possa enfim
voar com os anjos, abençoado.

E mesmo como anjo, terei de morrer.
Todos perecem, exceto Allah...

Quando eu tiver sacrificado
minha alma de anjo,
me tornarei o que a mente
sequer pode conceber!

Ah! Que seja!
Que eu não exista!
Pois a não-existência proclama,
como um órgão,
que retornaremos ao Amado.

[O néctar]

Qualquer alma que tenha bebido o néctar do seu amor
foi elevada aos céus.

Eu bebi o líquido da vida e entrei em êxtase.
Veio a morte, me farejou de pertinho,
mas foi o seu perfume que ela sentiu.
Desse dia em diante, a morte perdeu suas esperanças em mim.

 

[O segredo]

O amor não tem nada o que ver
com os cinco sentidos ou as seis direções;
o seu único objetivo é experimentar
a atração exercida pelo Amado.

Depois, quem sabe, Allah permitirá
que os segredos sejam revelados.
Então, os segredos serão contados com a mesma eloquência
das metáforas mais confusas.

É que o segredo não partilha sua intimidade
com ninguém mais, ninguém
além do conhecedor do segredo.
Aos ouvidos de um descrente
o segredo não é segredo algum.

 

Veja mais poemas em nosso próximo livro sobre Rumi, que deve ser lançado EM BREVE (em e-book e versão impressa):

***

Crédito das imagens: [topo] Google Image Search (Rumi); [ao longo] Hossein Irandoust; Rafael Arrais e svklimkin/unsplash license (capa do livro).

Marcadores: , , , ,

0 comentários:

Postar um comentário

Toda reflexão é bem-vinda:

‹ Voltar a Home