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6.9.18

Filamentos

Quem saberá dizer qual foi
a primeira semente a brotar nesta terra?
Ela, a semeadora dos verdes mundos,
dos infindáveis filamentos
de caules e galhos e monumentais troncos
a estender suas pontas de dedos
aos céus.
Quem os terá chamado?

Por dentre suas cascas fechadas ou rompidas
há legiões de armadas de pequeninas criaturas
vivendo do mais puro instinto.
Tudo o que elas querem:
"Açúcar! Dai-nos o seu açúcar ó torre celeste!"
Mas quem ofertou todo o açúcar do mundo,
e quem continua sua doação perene,
é o Senhor do Alto, da Luz e do Calor,
o Sol Invisível e Invicto,
que tais insetos ainda nem sonham em conhecer.
E, ainda assim, todos seguem o seu chamado...

Que vida inefável é essa
que os braços de madeira buscam em toda Primavera
desde o início deste mundo?
Seria ela também seduzida, como nós,
pelas infindáveis flores,
nas mais variadas cores e perfumes,
e pelos suculentos frutos,
nos mais saborosos sabores,
que os filamentos estendem ao Alto
como oferenda e sacrifício?

E nós aqui, emaranhados nas raízes,
na escuridão úmida
dos filamentos de Abaixo,
teremos a mais vaga ideia
do que ainda nos espera?

Ó, irmãos da Terra,
não se prendam ao tempo passageiro
do que transita entre estações.
Há filamentos que viram o nascer
e a derrocada de vastos impérios
de homens que quase nada percebiam,
quase nada sabiam ou sentiam
em seus corações terrosos.
Ó, irmãos da Terra,
sorvam esta seiva de Vida,
cresçam e floresçam,
e cantem lá fora
que nós fomos chamados ao Alto;
Sim! Chamados ao Alto!


raph'18

***

Crédito da imagem: raph

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