Reflexões sobre a espiritualidade e a ciência
Há algum tempo li um excelente livro, chamado “Conversas sobre a fé e a ciência” (Ed. Agir), onde o cientista Marcelo Gleiser dialoga com o religioso Frei Betto sobre diversos assuntos pertinentes a quem costuma se indagar as questões primordiais da humanidade, que permeiam tanto a ciência quanto a religião e, claro, a filosofia. Nesse livro o diálogo deles é intermediado pelo espiritualista e músico Waldemar Falcão.
Ao terminar a leitura, tive a ideia de fazer uma série no meu blog onde faria uma mesma pergunta para um grande ocultista e um grande cético, e intermediaria uma espécie de “diálogo indireto” entre eles, conectando as respostas às próximas perguntas... O objetivo principal seria demonstrar que pessoas inteligentes e de pensamento livre usualmente se não chegam a um consenso sobre determinado assunto, pelo menos não precisam se desrespeitar mutuamente por conta disso: um respeita a crença ou a descrença do outro, embora não deixe de afirmar a sua própria na única arena onde há espaço para embates saudáveis – a arenas das ideias.
Além disso, como admirador tanto da religião (talvez fosse melhor dizer religiosidade), quanto da filosofia, quanto da ciência, acredito que em muitos casos o embate entre esses ramos do saber é motivado muito mais por desentendimentos etimológicos do que por qualquer outra coisa. Mas, talvez eu possa estar errado... Quem vai saber? Acho que caberá a cada um julgar, e o conteúdo desse diálogo será uma boa fonte de estudos, no mínimo.
Pois bem, esse dia chegou, a primeira pergunta já foi enviada e respondida por ambos os convidados ao diálogo nesta série, e em breve virão as demais. Eis, então, os convidados:
Marcelo Del Debbio é arquiteto com especializações em semiótica, história da arte e urbanismo, e também um grande pesquisador de mitologia, ordens iniciáticas, astrologia e ocultismo. É editor chefe da Daemon Editora, responsável pelo blog Teoria da Conspiração, membro fundador do Project Mayhem, colunista do blog Sedentário & Hiperativo, dentre outras atividades.
Kentaro Mori é analista de sistemas e um grande defensor do pensamento cético na web. É responsável pelo projeto Ceticismo Aberto, além de autor do blog 100nexos, um dos administradores da comunidade ScienceBlogs Brasil, colunista do blog Sedentário & Hiperativo, consultor do quadro Detetive Virtual, do Fantástico da Rede Globo, dentre outras atividades.
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Antes de prosseguir, gostaria de deixar claro que não pretendo comentar nenhuma resposta da série, ao menos até o seu final (serão 7 perguntas no total)... Depois pretendo publicar artigos onde comentarei as respostas uma a uma, e pelo andar da carruagem, acho que será um enorme prazer poder comentar.
Vocês, no entanto, não têm porque se abster de comentar, e pensar, e divulgar. Não há porque mantermos essa guerra inútil entre ciência e espiritualidade, que isso não interessa a quase ninguém, exceto talvez aqueles que ainda creem no dogma de que a espiritualidade é o oposto da ciência.
Perguntas respondidas (7 de 7)
» O que é Deus?
» Que é, afinal, a vida?
» Que é a fé?
» O que a ciência tem a ganhar com a espiritualidade?
» Os memes existem?
» Que é o efeito placebo?
» Sem Deus, tudo é permitido?
Respostas comentadas* (7 de 7)
» Comentário: o que é Deus?
» Comentário: que é, afinal, a vida?
» Comentário: que é a fé?
» Comentário: o que a ciência tem a ganhar com a espiritualidade?
» Comentário: os memes existem?
» Comentário: que é o efeito placebo?
» Comentário: sem Deus, tudo é permitido?
(*) Obs: Vocês vão notar que não estou necessariamente comentando exatamente sobre o que eles responderam, mas antes expandindo os horizontes das reflexões trazidas, as vezes me referindo apenas indiretamente ao que foi respondido. Me perdoem se não era o que esperavam, mas me pareceu que caberia a vocês, e não a mim, comentar as respostas diretamente e, quem sabe, julgar a sabedoria e conhecimento de cada um.
» Ver todos os posts desta série
Fica aqui um sincero agradecimento a generosidade e ao entusiasmo dos dois participantes... Espero que essas reflexões possam trazer luz a cientistas e espiritualistas, e a todos nós: humanos.
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Crédito das fotos: [topo] Martin Puddy/Corbis; [ao longo] Divulgação (Campari/Ceticismo Aberto)
Marcadores: ceticismo, ciência, Del Debbio e Mori, discussões, espiritualidade, Kentaro Mori, Marcelo Del Debbio, ocultismo
4 comentários:
Sabe, tive a mesma idéia um tempo atrás... mas acabei perdendo um pouco a fé nos internautas e por extensão virei "descrente" quanto aos resultados positivos de um projeto como esse... Fico feliz que existam pessoas que não pensam como eu, e colocam esse tipo de experiência em prática... Seu blog tem me ensinado muito, coisas que eu prezava no começo da jornada, e que acabei deixando de lado por conta do preconceito intelectual que fui adquirindo conforme meus estudos foram se tornando mais complexos... Seu trabalho é muito bom e lhe desejo muito sucesso...
Fraternalmente,
Obrigado André,
Olha eu já participei de muitas discussões online entre teístas, ocultistas, cientistas, agnósticos, céticos, espiritualistas, etc., particularmente entre 2007 e 2008 em comunidades do Orkut, e certamente compreendo o porque de certo "desânimo" em relação ao entendimento, principalmente porque na web as pessoas parecem liberar seu lado mais "selvagem" no embate de ideias...
Mas eu sempre me lembro dos poucos moderados, racionais, realmente espirituais, que encontrei pelo caminho... Essa série é uma tentativa de demonstrar como esses talvez existam em quantidade maior do que imaginamos, mas não estão por aí com o tempo livre para entrar em polêmicas desnecessárias, ou debates que não levam a lugar algum (sabe, daquele tipo - "Deus existe ou não existe?").
Abs
raph
A ideia foi excelente. Os posts que se desenvolveram, posteriormente, também o são.
Infelizmente, é fato que, no mundo cético, vai ter pouco (ou nenhuma) repercussão.
Apesar de ambos serem excelentes, apenas o mundo ocultista consegue não achar, essa afirmação, uma contradição.
Mas nem todos os céticos são assim.. Há alguns (muitos, quem sabe) que admiram a espiritualidade, e a estudaram a fundo (ainda que geralmente apenas de modo objetivo).
Carl Sagan era um cético assim, acho que o Kentaro se aproxima disso também.. Mas um que é realente sensacional (talvez por vir de "humanas", e não de "exatas") é o Alain de Botton. Recomendo o livro dele: Religião para ateus (Intrínseca).
Abs
raph
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