Acreditando nisso
Se sorrimos por ver alguém sorrir
Ou choramos por ver outro sofrer,
Não será talvez por sermos, antes de mais nada,
O mesmo ser?
Se há muito tempo atrás um sábio escreveu
Da conversa admirável entre criador e criatura...
Se outros acreditavam em vários criadores,
Deuses do sol, das chuvas e dos trovões...
Se o profeta da montanha liderou seu povo errante
Para longe das pirâmides e faraós...
Se o rabi da Galiléia veio falar sobre seu Pai
Para os ignorantes no deserto...
Se o príncipe do oriente deserdou a corte
E meditou nas florestas de bambu...
Se o amigo dos pássaros fugiu das cruzadas
Indo encontrar a paz em seu mosteiro perdido...
Ou se há pouco tempo atrás outro sábio sentou,
Esperando pacientemente que os invasores se fossem...
Não será, tudo isso, porque deveríamos amar
Ao ver outros amando tão poderosamente,
Tão maravilhosamente; Amando tanto
Mais do que nós?
Se uns acreditam nisso e outros naquilo,
Ou se matam uns aos outros em nome dessa fé,
Não será por essa fé ser a mais cega dentre nós?
A fé que não vê sorrisos ou lágrimas,
Que não veio da boca dos profetas,
Mas da cegueira dos que vieram depois,
Lutando por riquezas, denegrindo certezas,
Amando tão pouco, sabendo tão pouco,
E querendo tudo... Tudo o que não passa
Dessa vida de ilusões...
Se estamos aqui nesse mundo maravilhoso,
Carregando essa dor por tanta destruição,
Tanta falta de amor, tanto ódio e desilusão,
Não será porque deveríamos aprender
A mais simples das questões?
Que somos uma só família,
Criados pelo mesmo criador,
Que vamos aqui permanecer
Apenas somente enquanto não formos capazes de ver
Com nossos próprios olhos e coração,
Que o amor veio antes de tudo,
Antes dos profetas, dos territórios e das riquezas...
Antes da tristeza e da solidão
Por não conseguirmos mais ter
Descanso em nosso ser...
Se iremos aqui permanecer
Por mais dois mil, dez mil anos,
Será antes por não aceitarmos que somos apenas
Um ser permeado por infinitos seres,
Envoltos pelo universo que continua a girar,
Como sempre o fez,
Indiferente a paz ou a guerra,
Mas que sempre nos desejou a verdadeira fé...
Para os que acreditam nisso ou naquilo
Pudessem enfim acreditar
Em si mesmos.
raph’02
Crédito da foto: Americo Rui Pacheco
Marcadores: amor, ecumenismo, espiritualidade, poesia, poesia (1-20)
0 comentários:
Postar um comentário
Toda reflexão é bem-vinda:
Voltar a Home