Uma caixa estranha
Havia um povo muito antigo que vivia há muitas gerações de antepassados numa ilha perdida em meio a um grande oceano desconhecido. Não se sabe como, um dia uma caixa estranha chegou, flutuando, até uma de suas praias...
(a) Amigo, veja está caixa: ela é muito estranha!
(b) Mas de onde veio isso, amigo?
(a) Chegou do mar... Não consegui abrir para ver o que tem dentro, e também não quis estragar com minha machadinha. Mas veja o que ocorre quando chaqualho...
(b) Minha nossa, o que foi isso?
(a) Não sei, mas não pareceu um tipo de canto estranho? Embora não tenha tambores.
(b) Mas de onde vem essa cantoria? O que diz essa música esquisita?
(a) Não sei, amigo, mas parece ser de algum outro povo.
(b) Não seja insano, amigo, é sabido que só existe o nosso povo no mundo, e que nada há além do oceano desconhecido. Não me diga que acredita nesses mitos de “outros povos” além do oceano?
(a) Não sei se creio em “outros povos”, amigo. Mas, independente disso, como acha que esta música pôde sair desta caixa?
(b) Ora, isto é simples... Você não a chaqualha e, por algum momento, o canto é cantado, e depois desaparece?
(a) Sim, é exatamente o que acontece.
(b) Pois então: é óbvio que alguns gnomos entraram dentro da caixa, e estão a pregar uma peça em você... Quando se cansarem da brincadeira, vão sair da caixa e deixá-la vazia, e então a cantoria estranha vai acabar...
(a) Mas então porque não abrimos a caixa a pauladas, para forçarmos os gnomos a sair?
(b) Isso seria pecado! O Grande Patriarca nos disse que não deveríamos nos meter com os gnomos.
(a) Mas amigo, você já viu um gnomo?
(b) Não, mas um amigo meu disse que viu alguns. Logo depois ficou louco e falava desses “mitos de outros povos”... O Grande Patriarca disse que os gnomos entraram a força na sua cabeça, pelos ouvidos, e não queriam sair.
(a) E o que fizeram com ele?
(b) Ora, o recomendado: levaram a fogueira, para que fosse purificado. Nesses casos guardamos os ossos de recordação.
(a) Então coloquemos fogo nessa estranha caixa, e vejamos se os gnomos não aparecem!
(b) Acho que... Isto poderia ser feito, não é pecado.
(a) Veja bem, iniciei a fogueira, vou jogar a caixa lá... Esperemos!
(b) E então?
(a) Nada! Não vi nenhum gnomo fugindo... Vamos apagar o fogo e chaqualhar a caixa...
(b) Viu, agora ela não canta mais nenhum canto esquisito.
(a) É verdade... Malditos gnomos, fugiram sem que pudéssemos notar.
raph’12
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Crédito da imagem: Matthew Heptinstall (flickrhivemind.net)
Marcadores: ceticismo, contos, contos (61-70), espiritualidade
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