Declama-te
Tu que me lês...
Tu não és corpo
Sombra de vestes que lhe encobrem
Onde és profundo
Tu não és mente
Posta secretamente ao fundo
De um rio que corre eternamente
Tu não és sequer ser
Ou és?
Não me importa...
O que sei é que és assim infinito
Flutuando a margem da linguagem:
És ser
E não és ser
Ser é apenas uma palavra
Que só deve ser declamada
No silêncio da lavra
E o que cultivou dentro de ti?
O que descobriu, ó literato?
Diga-me se sabes dizer quem és...
Diga-me teu nome
Que eu lhe digo quem és tu!
Diga-me neste silêncio
Que em silêncio lhe responderei:
Tu és poema, ó questionador...
Finda dessa forma toda esta separação
Esqueça-te do esquecimento
Lembra-te do teu eu mais profundo:
Declama-te!
raph’13
Crédito da imagem: raph
Marcadores: linguagem, poesia, poesia (101-110)
4 comentários:
Lindo, como sempre. *-*
^-^
"...tudo e nada, qualquer coisa entre um círculo infinito e um ponto ínfimo. Talvez um joker nas mãos de um jogador, que se transforma no arcano que a jogada pede, ao prazer Daquele Ser, que como carta, me tem nas mãos e me joga, me encena e me ensina a ser ele, o além-jogo..."
Impossível dizer o indizível: todas as palavras sao "meias palavras", tudo o que pode ser pensado se distorce... Só mesmo no silencio se compreende sem distorçao, mas em silencio, nao se desce da coroa ao reino, é preciso poetizar, refratar e distorcer a luz, para se manifestar alguma cor... Ah, o ator sem atuar é tao si mesmo... Ele se reconhece como ator é nas personagens... Lindo poema!Parabéns!
Talvez tenha sido necessário usar a máscara para reconhecer o ator por detrás...
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