A busca pela verdade
Texto de Rafael Arrais, em homenagem ao grande poeta Gibran Kahlil Gibran.
Então Almitra [1] disse: fala-nos da busca pela verdade.
E ele respondeu:
Buscai a verdade como quem busca o horizonte.
Pois vós sabeis: o horizonte está sempre à frente. Não adianta se virar para outra direção nem pegar um atalho. O horizonte está além de qualquer atalho, e seu reino jaz no fim de todos os caminhos.
Mas não vos inquieteis com a imensidão do céu nem com a distância que vos separa da verdade. O infinito é dividido em eras, as eras são divididas em dias dos homens, e tais dias são divididos em momentos...
A cada momento a sua preocupação, e a sua verdade. Não acheis que algum momento trará “a verdade”, mas ficais satisfeitos se encontrardes “uma verdade”.
Povo de Orfalés, não busquem a verdade como quem busca um vagalume pela noite. Não confundais vagalumes com estrelas, nem pretendeis que ao agarrardes um com as mãos, que tenhais dominado uma verdade.
Que a luz não se detém nem com as mãos nem com a razão. Ela escapa, flui por entre caminhos invisíveis, e só se revela nos sonhos de vossas almas.
E as estrelas da noite, essas estão muito além do horizonte.
Cabe ao homem buscar a verdade neste mundo, para somente após se arremessar rumo às estrelas.
Que todos os dias dos homens são como um piscar de olhos da eternidade. E não há verdade que fuja dela. Toda a luz do mundo irradia da essência que está fora do tempo, além de vossos horizontes, no momento que é para sempre o mesmo...
Mas não nos demoreis muito em tais pensamentos, nem pretendais serem desbravadores de novas eras. Que todas as eras já foram desbravadas, e todas as verdades já foram descobertas.
Contentai-vos, portanto, em viver com alegria. Em buscar o horizonte não como quem quer salvar-se do mundo, mas como quem quer abraçar o céu inteiro, e dançar com as estrelas pela noite adentro...
***
[1] Almitra é o personagem que faz a maior parte das perguntas para Almustafa, o escolhido e bem amado, personagem principal que dá voz aos ensinamentos de Gibran em sua obra-prima, “O Profeta”. Este texto, entretanto, é apenas uma homenagem ao grande poeta.
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» Parte da série "Após Gibran"
Crédito da foto: Larissa Januzzi
Marcadores: Após Gibran, contos, contos (1-20), existência, gibran, infinito, verdade
3 comentários:
Gostei desta frase: "Que todos os dias dos homens são como um piscar de olhos da eternidade."
Mt interessant porem meio confuso. Mais obrigada ajudou bastant. ;)
Muito interessante suas palavras refletem sobre nos, gostei muito
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