O poeta alienígena
Era um poeta alienígena, pois que
Fora chamado ao planeta sem aviso
Para comprar uma dessas máscaras
Que escondem a alma
E então, assim, na base do improviso
Foi tentando manter a calma
Mas, a verdade é que foi massacrado
Por assim se atrever
A andar desnudo, com o coração a mostra
Gotejando sangue pelo chão
Com o portão d’alma escancarado
A revelar toda emoção do ser
Era um poeta alienígena, pois que
Havia muito tempo que não sabia mais diferenciar
A esquerda da direita
E o herói do enganador...
Para ele sábio era somente quem conseguia julgar
Estranho, apenas o que era estranho
Amor, apenas o que causava dor
Dor, apenas o que afastava-nos do amor
Um dia, a caminhar pela praia do mundo
Catou um pequenino grão de areia
E, segurando-o na ponta dos dedos
Apontou-o para a noite em sua escuridão
E um pensamento irradiou d’alma lá no fundo:
Quantas e quantas estrelas
Quantas e quantas galáxias
E mundos, e alienígenas, e poetas
Apenas neste grãozinho de céu!
Era um poeta alienígena
Alienígena de quase tudo...
Menos daquele pequeno grão
Menos da própria alma, desmascarada
Com seu espelho
A refletir a imensidão
raph’10
***
Crédito da imagem: Ben Heine
Marcadores: espiritualidade, existência, poesia, poesia (61-70), universo
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