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5.11.12

Geometria Sagrada na Dança

Recentemente participei do III Simpósio de Hermetismo, em São Paulo, onde tive a oportunidade de conhecer diversas grandes almas... Ainda citarei algumas delas aqui no blog, mas fico feliz de começar trazendo este belo texto de uma dançarina do Cosmos, Paola Blanton [1] (o comentário ao final é meu):

Geometria é o primeiro de muitos prazeres para a Dançarina Celestial. A harmonia simples de um círculo chama os aspectos mais puros e inocentes de nossas almas - círculos na areia, no céu, nos nossos joginhos. Oh, como nós brincavamos, lembra-se? Girando e rindo, pura alegria...

Para a frente vai a vida num espiral, de modo que nós, presos em ciclos e vórtices, ainda seguramos nossos centros, nossos pequenos centros instintivos.

A Dançarina Celestial descobre seu corpo como uma bússola instintiva; orientando ela para um mundo sujeito às mesmas leis, orientações e dinâmicas. Ela herda a Dança Circular, dançando por alegria e centro tribal. Na harmonia do círculo ela aprende as direções cardeais e alinha seu eixo com o da Terra.

Ela logo descobre o corpo como uma ferramenta de escritura. Ela começa a traçar os contornos de seu universo, pintando em 3D, esculpindo esferas de poesia que derretem de volta para o caos até que ela expressa-los novamente no ciclo de vida / morte / vida das ideias. Ela acrescenta o poder da visão a suas criações, enxergando-os interna e externamente, deixando-os expandir no espaço.

Girando sozinha no espaço, ela se une com a energia dinâmica do círculo. Em espírito de oração, ela permite que a força circular a transforme. No centro do vórtice, o corpo torna-se uma ferramenta de revelação, capaz de revelar os mistérios mais profundos de seu Ser.

No centro do vórtice, há grande poder de cura enquanto nossas impurezas começam a se separar de nossos corpos físicos e energéticos. A Dançarina Celestial entra no jogo, girando, espiralando, surfando, voando, explodindo e implodindo em meio do caos. Ela sabe que o caos é um energia que pode moldar, transmitir e transmutar. Mas ela mantém seu centro, porque que ela tenha aprendido algumas coisas por aqui, e o Grande Fluxo é uma delas.

É por isso que ela não tenta conter ou parar esta energia, porque a Dança do Universo nunca pára, e, além disso, como você pode segurar o oceano em um dedal? Ela dança como parte e partícula, tecendo e ondulando entre fios e cordas e teorias e realidades. Órbitas se enfrentam e épocas se encerram, mas o Universo continua girando, e nós também.

É por isso que eu danço. Porque o simples apreciação de um círculo é apenas o começo de um direito de nascença de consciência cosmicamente proporcionado. Movimento é o estado natural do Universo, e nós somos parte do Universo. Movendo-se em círculos e ciclos, nós re-criamos os grandes códigos geométricos do Universo. Nós vivenciamos nossos centros, velocidades, centrífugas, expansões, contrações...Começamos a ampliar nossos sentidos e despertar nossas faculdades sutis. Nós sutilmente fundimos nossos navios genéticos, nossos corpos, com o Grande Fluxo através dos sacramentos da respiração e suor - purificando nossos corpos ao limparmos a nossa percepção.

E quando condensa a essência purificada de volta a nossa Ânfora, gota por gota, como um perfume raro, o círculo está lá para cumprimentar cada gota, irradiando para fora numa piscina de luz líquida, essência destilada em repouso. E assim vai, até a próxima.

Dançarinos Celestes, todos nós somos, e somos todos um. Não há falcoeiro, falcões colegas, há apenas o Fluxo, em espiral e vivo, movendo-se e respirando. Vamos celebrar a Dança Celestial juntos, em comunhão consciente e para a alegria e cura da tribo. Em círculos, em fogueiras, na praia, no sonho, eu vou te encontrar lá, meu povo, e nossas almas vão voar.

"Nada está parado, tudo se move, tudo vibra" (Lei da Vibração, do Hermetismo)

***

Comentário (livremente inspirado no texto acima):

Quando estou antevendo qualquer tristeza que possa se prolongar por falta de cuidado (mental), eu danço. Danço a noite, em casa, só, ou as vezes com a lua como espectadora e reflexo. Ouço antigas canções judaicas, ou modernas inspirações que surgiram na Islândia, ou qualquer cantiga que algum povo já cantou em volta de uma fogueira...

As vezes sou o auxiliar de um aborígene, o vento que sopra em torno da tenda do xamã, um gaulês desgovernado numa taberna medieval, uma cigana (e não há nada a se acrescentar sobre elas), um japonês fazendo cosplay de si mesmo, um dervixe, um átomo girando em torno do reflexo do Sol (pois que é noite). E giro, giro, junto ao ritmo, em silêncio...

E, quando paro de rodopiar, estou suado, bastante suado... É que cansa converter tristeza em alegria, mas através da dança, nem sinto esse tal cansaço.

***

[1] Saiba mais sobre Paola em seu site pessoal: www.paolablanton.com

Crédito da imagem: Desconhecido.

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2 comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Figura enigmática a Paola... Não tive o prazer de conversar, só de ver, mas me pareceu ser alguém que compreende bem o que o corpo quer dizer, quando cria passos, gestos, ritmos, fluxos e refluxos, para trazer ao mundo o que o coração e a intuição não soube transformar em poesia escrita, precisou poetizar com o corpo, precisou sair da esfera do ar e migrar para a esfera da terra... lindo texto. Parabéns aos dois.

6/11/12 20:58  
Blogger raph disse...

O importante é não deixar a poesia represada. Obrigado :)

7/11/12 10:02  

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