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28.3.13

Lançamento: Assim falou Zaratustra

O segundo lançamento das Edições Textos para Reflexão é uma das obras-primas de Friedrich Nietzsche: Assim falou Zaratustra.

A tradução já secular de Araújo Pereira, revisada por José Mendes de Souza em 1936 e por Frater Sinésio em 2013, foi editada e comentada, aqui e ali, por Rafael Arrais, e lançada agora como um livro digital para o Amazon Kindle (e também para o Kobo):

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Abaixo, segue um trecho do prefácio do livro:

Zaratustra: o bem e o mal

Durante 10 anos, segundo narrativas que chegaram a nós, Zaratustra viveu quase sempre isolado, habitando no alto de uma montanha, em cavernas sagradas. Não ingeria nenhum alimento de origem animal. Em outros relatos, teria ido ao deserto, onde fora tentado por uma entidade maligna. Após anos de solidão completa, regressou ao seu povo com as boas novas...

Assim começou a sua missão. Segundo os masdeístas, ele encontrou muita dificuldade para converter as pessoas à sua nova religião. Em dez anos de pregação teve somente um crente: o seu primo. Durante este período, o chamado de Zaratustra foi como uma voz no deserto. Ninguém o escutava. Ninguém o entendia.

Nietzsche foi buscar no zoroastrismo, religião ancestral da Pérsia (atual Irã), o personagem para expor suas próprias ideias. O que parece ter atraído ao filósofo alemão é o dualismo cósmico da doutrina de Zaratustra (ou Zaroastro, daí o termo “zoroastrismo”). Cabe notar, no entanto, que a guerra semieterna entre o “Deus Bom” e o “Deus Mau” era, numa análise mitológica mais aprofundada (a qual Nietzsche certamente estava a par), uma analogia para a batalha moral que se dá antes dentro da alma humana do que fora dela.

A grande questão não era, portanto, termos medo de um Demônio externo – entidade que serviu e ainda serve para evocar o medo nos seguidores de dogmas. A questão era reconhecermos nossos próprios monstros internos, e apaziguá-los, dominá-los, nos tornando timoneiros de nossa própria embarcação.

Nietzsche foi muito mal interpretado ao longo dos anos, e por isso cabe lermos esta obra (para muitos, sua obra-prima) tendo em mente que o “Deus” ao qual ele anuncia a morte é, sobretudo, o “deus das barganhas”, que guia ovelhas com maior pavor dos “infernos” do que propriamente uma vontade genuína de se espiritualizar. Da mesma forma, o “Super-homem” não é um “homem de espécie superior” num sentido de “raça humana superior” (que a ciência já comprovou que sequer existe, ou seja: que todos somos homo sapiens desde seu surgimento na África), mas sim num sentido de “homem que supera a si mesmo, que vai além das suas capacidades atuais, que cria o novo”.

Tomei o cuidado (espero que me perdoem) de relembrar estes conceitos assim que aparecem ao longo do livro, com pequenas notas. Noutros casos, inseri notas mais pitorescas, como a que explica que “a péla dourada” nada mais é que uma bola do jogo de péla, espécie de ancestral do jogo de tênis (o esporte), e que teve o seu auge no século em que nasceu Nietzsche.

De resto, escutemos ao que falou Zaratustra...


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2 comentários:

Anonymous Petri disse...

Estou pensando mesmo em adquirir um e-reader assim que terminar minha fila de livros físicos a serem lidos. Comecei a doar algumas coisas a leitores interessados para aumentar o espaço habitável de casa... haha

Sucesso

1/4/13 16:11  
Blogger raph disse...

Valeu Petri,

Eu recomendo o Kindle pela questão do preço dos livros, que tende a ser menor na Amazon, mas o Kobo também é muito bom.

Nietzsche é uma leitura meio densa, acho que vai gostar mais de iniciar com o "Navegar é preciso" do Fernando Pessoa (ou ainda o próprio "Ad infinitum", hehe).

ps. Infelizmente o "Ad infinitum" está no momento disponível somente na Amazon, por questão de contrato de exclusividade (nesse ponto eles são meio escrotos, mas enfim, eles vendem bem mais que a Kobo...)

Abs!
raph

1/4/13 16:48  

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