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24.11.14

Unicidade

Há muitos agnósticos que creem que Deus talvez até exista, mas pouco intervem. Equivale a dizer que, na prática, todo o debate acerca da existência de Deus é um tanto inútil, já que nem mesmo Ele está interessado em intervir para dar a discussão por encerrada. A verdade é que não se convence ninguém da existência de Deus – há muitos que foram convencidos da existência do Diabo e que, por temerem o seu Lago de Enxofre, acabam por achar melhor crer num Deus salvador. Mas como pode Deus salvar, se não intervem?

Já dizia o velho Lao Tse que o melhor governante é o governante desconhecido, o que faz com que seu povo prospere por si mesmo e nem se preocupe com quem está sentado nalgum trono distante... Trazendo para a época atual, poderíamos imaginar duas universidades: a primeira, uma instituição de ponta, onde todos os professores e funcionários seguem a um estatuto muito bem elaborado, que já previra todos os percalços do caminho, e mantém seus alunos em constante aprimoramento; a segunda, um caos completo, onde um estatuto falho faz com que funcionários e professores não tenham regras claras a seguir, e não consigam manter o bom funcionamento da instituição nem tampouco manter seus alunos interessados nas aulas...

Onde vocês acham que um reitor teria de intervir mais, na primeira ou na segunda universidade?

Ora, nós estamos acostumados a questionar e a reelaborar constantemente nosso conhecimento, nossa ciência, nossa arte e até mesmo nossas doutrinas religiosas. Porém, não é sempre mirando a ordem grandiosa da Natureza que temos, passo a passo, evoluído ao longo de tantas eras humanas?

Foi preciso, afinal, nos apoiarmos em ombros de gigantes para que pudéssemos enxergar mais adiante. E os gigantes eram nós mesmos... Mas todos os gigantes da Terra, no final das contas, tinham os pés plantados no solo. A relva nos precede tanto quanto o nascer e o pôr do sol. As leis naturais, as forças naturais, as grandezas naturais, as simetrias naturais, estão a nossa volta desde que aprendemos a captar a luz e, com ela, formar as mais belas e variadas formas em nossas mentes ancestrais... Até onde isso leva?

Dizer "Deus é a Natureza" não é bem o problema, o problema é crer que isto seria reduzir a Deus. Pois a questão é que por "Natureza" muitos compreendem somente o seu Mecanismo, e daí reduzir Deus a "mera Natureza" não seria tão diferente de reduzir a Natureza a "mero Mecanismo". É o Sentido, o Sentido que traz para a nossa alma um vislumbre da grandiosidade de tudo o que há!

A ciência, infelizmente, nada tem a nos dizer acerca deste Sentido (embora não deixe de indicar o caminho)... É necessário elaborarmos o estatuto de uma nova Academia, de uma Universidade da Alma, e a sua primeira aula será: Unicidade.

***

Crédito da imagem: Google Image Search

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2 comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Só podia ser texto do Raph... Valeu poeta!

24/11/14 21:25  
Blogger raph disse...

Ultimamente tenho revisitado fragmentos de antigas discussões que participei nos grupos do extinto Orkut, entre 2006 e 2008... Este texto curto é uma tentativa de resumo de algumas das conclusões a que chegamos por lá :)

24/11/14 21:32  

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