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11.4.11

Tudo que nos resta

No início, somos todos um pensamento
Que pensa: “serei só eu, sozinho?”
E então, ainda que por um momento
Há toda razão do mundo
Reduzida neste breve alento
De pela imensidão, jamais andar só
De por todo esse infinito caminho
Dar as mãos
E caminhar sem dó

Então surge toda a angústia do mundo
No coração daquele que se separa
Que se acha santo, que se acha puro
Ou que se acha um pecador
Tanto faz
É tão somente nesta separação
Que reside toda a dor
Toda existência reduzida a este momento
Em que o ser se encara
Face a face
Alma a alma
E jamais se separa

No fim, somos todos poeira estelar
Sobras e detritos do fogo dos deuses
A arder por infinitos sóis
Vagando pelo vasto mar

Que não somos o centro do mundo
E o mundo não é centro de nada
Apenas pedra e poeira a girar por mais uma estrela
A girar por mais uma galáxia
A girar por mais um pensamento
Que se torna a imagem do que será
Lembrado para sempre...

Do início ao fim, conectados
Por uma mesma lembrança
Ansiamos por vislumbrar a luz
Alcançar o céu esquecido
Mas terminamos por lembrar
Apenas de nossa própria escuridão

E tudo que nos resta
É a fuga dessa solidão
É o momento de viver
Eternamente dentro do ser


raph'2011

***

Crédito da imagem: verdessmares

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