Para estar com nosso Amigo
Há um bebê em seu carrinho
passando do outro lado da rua.
Ele me observa, e me pego indagando
o que será que vê:
uma parte dele, com pernas, braços,
cabeça e coração;
uma parte dele
a olhar de volta.
Sei que também já fui assim,
recém-nascido na Criação,
consciente de tudo,
inconsciente de mim.
Sei que também já fui assim,
anjo, santo, inocente:
haverá Céu maior que este?
Por que será, então, que temos de despencar
cá abaixo?
Por que será que temos de provar
do chumbo do mundo?
Seria essa toda a história:
cair e, desde ali, lutar para retornar?
Ou não seria justamente neste mundo
que deveríamos achar o Céu?
Não na vida que nos mandam viver,
não no dinheiro que nos mandam ganhar,
não nas quinquilharias que nos mandam comprar,
mas na essência da vida em si,
esta que jamais foi guiada por mandamentos,
por promessas de ganhos eternos
ou pelo medo de fogaréus.
Sim, na essência de tudo,
no encantamento que sentimos
em simplesmente observar
a brisa passar, as folhas farfalharem,
as formigas marcharem, pé ante pé;
no que quer se dê em nosso coração
quando percebemos que há partes de nós
que vivem, sempre, nos amigos e nas amigas
que amamos.
Para mim o Céu não poderia ser uma colônia de férias,
nem qualquer lugar específico na Criação,
mas antes um hometruck, um trem, um dirigível,
o que quer que possa levar a mim,
a minhas amigas e meus amigos
por todos os cantos e paragens,
por todos os céus e infernos,
por todas as partes de Deus.
E eu lhe digo, meu coleguinha de viajem:
não é preciso voltar a caber neste carrinho;
não é preciso morrer, nem renascer,
para estar com nosso Amigo.
raph'25
***
Crédito da imagem: Google Image Search
Marcadores: céu e inferno, espiritualidade, existência, poesia, poesia (161-170)
4 comentários:
Belíssima reflexão. Linda poesia.
Maravilhoso
💖💖💖👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽
Valeu pessoal! Hoje em dia é difícil vermos comentários nos posts, então cada um vale por 10 <3
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