Big Brother
Muitos criticam o Big Brother, dizendo se tratar de um programa que não acrescenta nem um pouco de cultura para seus telespectadores. Realmente, de cultura em geral não acrescenta muita coisa, mas de entendimento das relações humanas pode acrescentar bastante... Por mais dissimulados que os participantes sejam, e por mais que se trate de um jogo com um prêmio em dinheiro, poder observar as interações humanas e as qualidades, defeitos e preconceitos de nós mesmos enquanto sociedade, sempre me pareceu pelo menos digno de reflexão.
Mas minha reflexão se dá num plano bem maior. É muito comum no programa os participantes falarem um coisa enquanto face a face, e outra por trás, esquecendo que estão sendo filmados todo o tempo. Também é bastante peculiar como muitas vezes tentam esconder suas verdadeiras naturezas, tentando conquistar a simpatia do público, apenas para falhar miseravelmente... Interessante também notar que são extamente aqueles que agem com mais naturalidade, como se pudessem aceitar tanto ganhar quanto perder, que acabam chegando nos últimos dias do programa.
Pois imaginemos então... Se em nossas casas e nossa escola ou trabalho, estivessemos sendo vigiados por câmeras todo o tempo também, e que tudo o que falássemos ou sentissemos fosse sempre evidente para quem quer que esteja nos assistindo, mesmo que esses que nos assistem não possam interferir diretamente em nossa vida. Gostaríamos de nos fazer passar por "mocinhos" para esses tais, mesmo que em nosso íntimo soubéssemos que temos mesmo nossos defeitos?
Será que valeria a pena criar uma máscara para esconder nosso verdadeiro eu? Ou não seria melhor que todos nos enxergassem exatamente como somos, de modo que apenas aqueles que realmente se identicassem conosco, ou que pelo menos quisessem verdadeiramente nos ajudar a evoluir, se aproximariam de nós? De que adiantaria colocarmos máscaras e viver uma vida irreal se lá em nosso íntimo saberíamos sempre exatamente onde estamos?
Talvez nós sejamos os telespectadores de nós mesmos, e talvez devessemos sim assumir que temos sim grandes defeitos, mas que admiti-los e mostra-los é muitas vezes a melhor forma de extermina-los de nossas vidas, de nosso íntimo... E, mesmo que não nos sintamos aptos a tal julgamento, talvez existam telespectadores mais evoluidos que nós, que enxergam tudo o que há e sempre esteve por trás de nossas máscaras.
Escrito, manchado em nossas almas, está todo o bem e todo mal que podemos irradiar, e não há máscara que possa esconde-los por muito tempo, nem completamente de tudo e de todos. Saibamos que estamos sim sendo vigiados eternamente, as vezes por nós mesmos, mas sempre por aqueles que querem o nosso bem, e precisam encontrar a melhor forma de nos colocar no caminho adiante.
O Big Brother é aqui e agora, é tempo de deixar as máscaras cairem e assumir que nós somos responsáveis por nós mesmos, e por tudo de bom e ruim que trazemos a este mundo... Que, seja bom ou mal, todo aquele que assume a si mesmo verdadeiramente estará na via da remediação e da construção de sua própria história... Assim sendo, não há como temer nenhum "paredão" vindouro.
Marcadores: antropologia, Big Brother, máscaras
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