O grande salto (I)
Estive lendo sobre a evolução humana num especial da Scientific American, e obviamente encontrei muita coisa sobre o que escrever, desde espécies de macacos que usam o sexo para amenizar as agressividades até mapeamentos de genes defeituosos que podem explicar e provar as migrações dos Homo sapiens pelo mundo... Mas nada tão interessante quanto o artigo "Como nos tornamos humanos", escrito por Ian Tattersall.
Trata-se do velho enigma de como o Homo sapiens, após milhares de anos de existência (se considerarmos todas as espécies de seu gênero chegamos a alguns milhões de anos), num curtíssimo espaço de tempo (não mais que 20 mil anos) "de repente" evoluiu de um hominídeo, que em sua capacidade cognitiva mais lembrava um chipanzé ou orangotango, para um ser humano pleno de faculdades fantásticas como a linguagem, a capacidade de interpretar simbulos, os dotes artísticos, as interações sociais complexas, a curiosidade para estudar a Natureza e as ciências e, principalmente, a consciência de si próprio com uma profundidade muito mais vasta do que qualquer outro ser que já pisou na Terra nesses milhões de anos.
Sabe-se que a evolução pelo processo de seleção natural é sim uma realidade, mas ela somente ocorre com o transcorrer de centenas de milhares de anos para cada pequena evolução, sendo que tudo o que ela faz é "privilegiar" certos aspectos de uma espécie que estejam auxiliando em sua sobrevivência. Vale salientar que na grande maioria das vezes, esses aspectos são apenas físicos... Porém, a seleção natural não pode realmente "criar" uma nova abilidade ou aspecto, ela pode apenas trabalhar com o que já existe nos genes de uma dada espécie. No artigo, para explicar como a seleção natural pode nos ter feito humanos de uma hora da eternidade para a outra, o autor lembra de que muitas vezes os seres já tem capacidades adormecidas em seus genes, que são então "ligadas" pela seleção natural à medida que se tornam necessárias a sobevivência da espécie.
Um exemplo são as aves. Seus ancestrais já tinhas penas muito antes de poderem voar, ocorre que antes essa penas serviam apenas para a manutenção da temperatura do corpo... Milhares de anos depois, elas também serviram para que seus descendentes alcançassem os céus. No caso do Homo sapiens, uma teoria explica que grande parte do que nos tornou humanos foi "aprendida" através da criação da linguagem, interpretação de simbulos e convívio em sociedades ancestrais. Realmente, o corpo humano possui um trato vocal (proporções e tamanhos da faringe, laringe e caixa vocal) capaz de produzir os sons de uma fala articulada e, portanto, uma linguagem mais requintada onde podemos expressar inclusive emoções somente pelo tom de voz... Ocorre que, esse trato vocal surgiu em nossa árvore evolutiva mais de meio milhão de anos antes que surgisse qualquer evidência de linguagem.
Nossos corpos já estavam preparados para esse grande salto evolutivo a muitos milhares de anos, quiça milhões deles. Ao contrário de todas as outras espécies que sempre evoluíram gradativa e lentamente, sem nunca experimentar um grande salto, o Homo sapiens, na calada da noite, resolveu acordar como um ser humano, muito acima de qualquer outra espécie animal, e a única dotada de nível profundo de consciência.
Os céticos materialistas acreditam que tudo o que existe pode ser explicado apenas no âmbito da matéria: Corpo e, um tanto suprficialmente, a mente... Mas, à luz da ciência, como explicar esse grande salto evolutivo ocorrido em nossa espécie? Será que, ignorando todas as probabilidades, apenas o Homo sapiens foi agraciado com esse benefício, em detrimento de todas as outras espécies, que inclusive teriam vencido fácilmente a extinção caso tivessem tido a nossa sorte? Quais as probabilidades de isso ocorrer em um bilhão de anos? Será que ganhamos a loteria da evolução terrestre?
Na continuação, as respostas à luz da espiritualidade...
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