Poemas de amigos
Estive de férias (inclusive do blog) e andei pensando em retornar a aventura de se escrever um livro. Porisso talvez não consiga manter o mesmo ritmo de postagens dos últimos meses... No entanto, sempre posso contar com pérolas que andei guardando em meu caminho, estas vieram de amigos meus, uns desencarnados, outros ainda encarnados:
Ilusionismo
O sol deita-se
sobre o cimento frio,
e a calçada,
aos poucos,
consome-se e arde,
em invisíveis chamas
de silêncios roucos.
Há uma luz coberta
de lírios mortos,
e línguas secas.
Há um profundo
rumor de ventos e almas.
Levante-se.
Que há neste teu sono
corroído por mortes
anunciadas?
O que encontra-se
neste vazio calmo,
que calcina tua alma?
E esta tenda
de sombras,
que insiste
em manter-se estática.
E estas mãos,
estas mãos sem toque.
O que existe
entre tu e teu sonho?
Que mórbida insânia
te conduz,
por entre restos
de ossos e mágoas?
Ah, e este caminho,
este caminho eterno,
em que seguem
meus pés cansados.
- este profundo rumor,
de ventos e almas.
Flavia Lopes, 1999
Ao Amigo, Nosso Trabalho
Se um dia me perguntares se a vida
É uma jornada válida pelas trevas,
Perguntaria se, nessa tragetória sofrida,
o homem é esperto suficiente, dentre as rélvas,
Para, no amor, aprender o que aprende na dor?
Todos nós choramos e depois sorrimos,
E choramos por mais um vez,
Dentro dessa nave louca, onde vimos
A morte nos sorrir, como um Cortéz,
no derradeiro dia, no Cabo da Boa Esperança.
Lutemos pela paz entre os irmãozinhos.
E se viver é morrer a cada instante,
Entregamo-nos, então, à eternidade.
Mas se viver é sofrer na escuridão,
Entregamo-nos de corpo e alma à caridade.
Otávio Fossá
***
Crédito da foto: Luca Vezzoni
Marcadores: autores selecionados, autores selecionados (1-20), eternidade, Flávia Lopes, Otávio Fossá, poesia, poesia (21-40)
0 comentários:
Postar um comentário
Toda reflexão é bem-vinda:
Voltar a Home