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1.4.09

Poemas de amigos

Estive de férias (inclusive do blog) e andei pensando em retornar a aventura de se escrever um livro. Porisso talvez não consiga manter o mesmo ritmo de postagens dos últimos meses... No entanto, sempre posso contar com pérolas que andei guardando em meu caminho, estas vieram de amigos meus, uns desencarnados, outros ainda encarnados:

Ilusionismo

O sol deita-se
sobre o cimento frio,
e a calçada,
aos poucos,
consome-se e arde,
em invisíveis chamas
de silêncios roucos.

Há uma luz coberta
de lírios mortos,
e línguas secas.
Há um profundo
rumor de ventos e almas.

Levante-se.
Que há neste teu sono
corroído por mortes
anunciadas?
O que encontra-se
neste vazio calmo,
que calcina tua alma?

E esta tenda
de sombras,
que insiste
em manter-se estática.
E estas mãos,
estas mãos sem toque.

O que existe
entre tu e teu sonho?
Que mórbida insânia
te conduz,
por entre restos
de ossos e mágoas?

Ah, e este caminho,
este caminho eterno,
em que seguem
meus pés cansados.

- este profundo rumor,
de ventos e almas.

Flavia Lopes, 1999

Ao Amigo, Nosso Trabalho

Se um dia me perguntares se a vida
É uma jornada válida pelas trevas,
Perguntaria se, nessa tragetória sofrida,
o homem é esperto suficiente, dentre as rélvas,
Para, no amor, aprender o que aprende na dor?

Todos nós choramos e depois sorrimos,
E choramos por mais um vez,
Dentro dessa nave louca, onde vimos
A morte nos sorrir, como um Cortéz,
no derradeiro dia, no Cabo da Boa Esperança.

Lutemos pela paz entre os irmãozinhos.
E se viver é morrer a cada instante,
Entregamo-nos, então, à eternidade.
Mas se viver é sofrer na escuridão,
Entregamo-nos de corpo e alma à caridade.

Otávio Fossá

***

Crédito da foto: Luca Vezzoni

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