João de Deus: charlatão?
Este artigo visa analisar o fenômeno das cirurgias físicas efetuadas pelo médium João de Deus, a que muitos céticos encaram como charlatão ou fraude. No entanto, independente de aprovarmos ou não tais cirurgias (ao que tudo indica são os próprios pacientes que pedem por elas), devemos aqui analisa-las somente no contexto do pretenso fenômeno "paranormal" em si, sem que para isso deixemos que noções materialistas influenciem nossa visão. Este artigo pretende analisar esse tipo de fenômeno de forma verdadeiramente cética e imparcial.
Como dito em nosso último artigo sobre ele, João de Deus nasceu em 24 de junho de 1942 em Cachoeira da Fumaça, interior de Goiás. Muito pobre, estudou até o segundo ano primário e em seguida abandonou a escola com o intuito de procurar trabalho e ajudar no sustento dos cinco irmãos. As manifestações mediúnicas começaram quando ainda era menino. Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, teve início o seu trabalho de cura. Após uma visão embaixo de uma ponte, foi orientado a procurar um centro espírita na cidade. Lá chegando, foi recebido à porta pelo presidente do centro, que disse já estar esperando por ele. João se aproximou e subitamente desmaiou. Ao acordar, ficou sabendo que, incorporado, havia operado e atendido a diversas pessoas. Desde então não parou mais de realizar trabalhos de cura.
Em 2005 o dismistificador James Randi participou de um programa da rede americana ABC que visava analisar o fenômeno das cirurgias físicas de João de Deus. Apesar de apenas ter visto alguns vídeos sobre essas cirurgias (provavelmente imaginando que não era possível ir até lá e filmar do ângulo que quiser), ele logo teceu alguns comentários que tem como objetivo dismistificar o fenômeno apresentado, afirmando se tratar de truques de mágica "até mesmo simplórios".
Logo abaixo, iremos contrapor as suposições de Randi com um estudo médico sobre cirurgia espiritual da Associação Médica Brasileira (inclusive baseado em observações das próprias cirurgias de João de Deus), do qual tiraremos algumas citações quando necessário[1]:
1. Sobre as tesouras enfiadas pelo nariz dos pacientes.
Randi afirma que isso não passa de um truque de circo bastante conhecido. No entanto, se esquece de que para que o truque funcione, o mágico precisa enfiar o objeto (no caso, algum prego longo e não uma tesoura) no próprio nariz. Não se conhece esse tipo de truque efetuado em outras pessoas não preparadas. Para se conceber que João de Deus faça isso como forma de mágica, seria preciso crer que as dezenas de pessoas operadas todos os dias, incluindo os próprios pesquisadores e repórteres de dezenas de emissoras (incluindo Discovery e BBC) foram não apenas subornados para compactuar com o "show" de João, mas da mesma forma treinados na técnica. Como o próprio Randi admite que apenas algumas centenas de pessoas conhecem a técnica ao redor do globo, ele mesmo se contradiz.
2. Sobre os cortes de pele sem sangramento normal.
João de Deus faz incisões na pele de pacientes e estes não sentem dor e quase não sangram, apesar de não estarem anestesiados (quanto ao não-sangramento, nem se conhece alguma substância química que possa causar tal efeito). Resta a Randi apelar para um truque de mágica mais elaborado, que ele mesmo demonstrou algumas vezes em programas de TV. Randi esquece, porém, que para tais truques funcionarem precisamos de: (A) Posição específica da câmera, proibindo certas angulações de filmagem; (B) Compactuação e participação do paciente; e (C) Espelhos, pele falsa e outros elementos de tecnologia específica da mágica. Ou seja, (A) é refutado pois podemos filmar as cirurgias por qualquer ângulo, inclusive circundando o médium e o paciente; (B) é refutada pelo mesmo motivo da citação #1 acima; e (C) é refutada pois até hoje não se encontrou nada parecido no "santuário" do médium.
Também vale citar a pesquisa da AMB: "As cirurgias são reais[2], mas, apesar de não ter sido possível avaliar a eficácia do procedimento, aparentemente não teriam efeito específico na cura dos pacientes."
3. Sobre as "raspagens de olho".
João de Deus efetua "raspagens" de um dos olhos dos pacientes utilizando nada mais que a própria mão e uma faca de cozinha não esterilizada. Randi, não tendo muito a acrescentar ao assunto, admite que "seria impossível tocar a córnea do paciente sem uma reação adversa imediata (como piscar ou se afastar) do mesmo, exceto por meio de uma anestesia local aplicada sem que o paciente saiba". Bem, como não está provado que exista qualquer tipo de anestesia aplicada, e João opera dessa forma a décadas, fica difícil imaginar que se trata de fraude.
Voltando a citar a pesquisa da AMB: "As cirurgias e raspados são reais e os materiais extraídos são compatíveis com o local de origem."
4. Sobre a ausência de dor nos procedimentos citados em #1 a #3.
Randi afirma que as "vítimas" podem estar em um "estado de choque" refrente ao trauma, e que porisso não sentem dor no momento, mas podem vir a sentir alguns minutos depois. Ele afirma que a "câmera não continuou filmando o paciente, então não podemos saber" - Aqui se torna evidente que Randi se expõe ao ridículo por fazer tantas suposições sobre um fenômeno que mal conhecia. É muito simples encontrar no YouTube diversos vídeos dessas cirurgias onde fica atestado que os pacientes não sentem nenhuma dor, mesmo horas depois. O mesmo vale para diversos documentários, como os da Discovery e BBC.
Na pesquisa da AMB, dos 10 casos estudados, apenas uma paciente sentiu dor em uma incisão mamária com retirada de fragmento (pretensamente um nódulo benigno), mas não uma dor forte como seria de se esperar normalmente.
5. Sobre a ausência de infecção (hospitalar).
Em décadas de cirurgias físicas sem a instrumentação, anestesia e assepcia adequados, nunca foi constatado um caso sequer de infecção hospitalar nos pacientes de João de Deus, inedependente de ter havido cura ou não no tratamento espiritual. Randi aqui apela para a explicação "de que nem todos os procedimento invasivos realmente cortam completamente o tecido da pele (como um ferimento exposto), e isso poderia explicar a ausência de infecções". Randi mal sabia que João também faz cirurgias extremamente invasivas, apenas estas são mais raras.
Em todo caso, a pesquisa da AMB estudou algumas dessas cirurgias invasivas, e mesmo assim confirmou que não houve casos de infecção: "não há utilização de técnica asséptica ou anestésica, mas não foi detectada nenhuma infecção e apenas um paciente referiu dor."
6 e 7. Sobre os "transes" em que o médium "entra em contato com espíritos" e sobre as recuperações e curas reportadas por pacientes.
Não queremos aqui analisar a crença de Randi em si. Obviamente, como cético, ele não pode conceber uma explicação espiritual para esse tipo de fenômeno. Não criticamos aqui o ceticismo de Randi, mas o exaltamos e reafirmamos: cada um deve crer naquilo que quiser. O problema está no julgar sem saber, como ficou claro nesse caso. Julgar fraude de antemão um fenômeno mal estudado, apenas porque vai contra sua crença (ou descrença). Nesse ponto, o ceticismo de Randi é obviamente falho. Não tiramos seu mérito de dismistificar diversos charlatões pelo mundo, mas lamentamos sua falta de critério para com esse caso em específico.
Sobre as curas comentaremos à seguir.
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Médico não promete cura, promete tratamento
Essa frase, que ouvi do célebre e amoroso médico Patch Adams (que é inclusive ateu), resume muito do que devemos considerar acerca desse tipo de cirurgia ou tratamento. Vale mencionar que "assim como outros cirurgiões espirituais brasileiros, João Teixeira afirma que as cirurgias são completamente dispensáveis, podendo os espíritos atuarem diretamente sobre os pacientes. Mas estes necessitariam ver as curas sendo realizadas no corpo físico para se convencerem da realidade do tratamento" (novamente citando a pesquisa da AMB), ou seja, lembrando Hipócrates, podemos também afirmar que "tuas forças naturais, as que estão dentro de ti, serão as que curarão suas doenças" - ou seja, entenda-se como quiser, que "a fé cura" ou que "o efeito placebo cura", o importante é que alguma espécie de cura (ou melhoria) ocorre para quem se mantém confiante e otimista, e isso é fato mesmo na medicina tradicional.
Falando do ponto de vista espiritualista, me parece óbvio que o ideal seria que João parasse com esse tipo de cirurgia física. É difícil dizer até que ponto elas lhe auxiliam em sua jornada de caridade, e até que ponto apenas lhe trazem uma exposição indesejada na mídia mundial. Decerto, é claro, lhe traz muitos inimigos céticos, que chegam até a classifica-lo como "açougueiro". Obviamente que, num estudo mais detalhado, como o da AMB, percebemos a realidade de suas cirurgias, e o bem (direto ou indireto) que produz em seus pacientes.
Mas o fato é que, mesmo de acordo com o próprio João, as cirurgias físicas são desnecessárias para o tratamento. A matéria espiritual é fluida, e como tal, não se opera por mãos físicas, mas antes pelas mãos sutis do pensamento, ou pelo menos é mais ou menos como os espiritualistas compreendem o fenômeno em si. Nada mais sóbrio do que optar pela eventual redução desse tipo de cirurgia, até que não mais seja realizada, mesmo que as pessoas continuem lhe pedindo para tal.
Também vale lembrar que João opera gratuitamente a décadas, e que por mais que a "venda de remédios naturais a 10 reais" e o turismo da região possa até lhe trazer certa renda, não seria suficiente para garantir o funcionamento de seu "santuário", e toda a caridade que próvem dele (incluindo doação de comida e alojamento aos mais necessitados, etc.). Portanto João, como todos nós, depende da caridade, mas além de depender dela, também a realiza, em abundância. Julguemo-o por sua obra.
Conclusão final da pequisa da AMB (veja a pesquisa aqui)
"Pode-se concluir que as cirurgias estudadas e os materiais extraídos são reais, não há utilização de técnica asséptica ou anestésica, mas não foi detectada nenhuma infecção e apenas um paciente referiu dor. Como não houve identificação de fraudes, o fenômeno necessita de posteriores estudos para a explicação adequada da analgesia, da não-infecção, avaliação da eficácia e por quais mecanismos a suposta cura poderia ocorrer, pois as cirurgias em si aparentemente não conduziriam a esse resultado, já que usualmente não extraem tecidos patológicos.
Como vários autores relatam benefícios com os tratamentos espirituais, é fundamental um melhor conhecimento dos mecanismos e eficácia das curas espirituais. Isso possibilitaria a adaptação das formas úteis como terapias complementares à medicina ocidental, bem como desencorajaria os procedimentos danosos ou inúteis. A discussão séria de um tema não requer que compartilhemos as crenças envolvidas, mas que tomemos suas implicações seriamente e não subestimemos as razões pelas quais tantas pessoas se envolvem. Nem a crença entusiasmada ou a descrença renitente ajudarão os pacientes ou o desenvolvimento da medicina".
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Notas:
[1] Este estudo foi realizado por pesquisadores e médicos filiados a Associação Médica Brasileira, e é somente nesse sentido que me refiro a pesquisa como "uma pesquisa da AMB". Não quer dizer que a AMB seja espiritualista, ou materialista, nem que os médicos que conduziram a pesquisa sejam uma ou outra coisa - até mesmo porque a ciência não é, em si, nem uma coisa nem outra.
[2] As cirurgias são reais no contexto de negarem a insinuação de James Randi de que seriam "truques de mágica". Não quer dizer que tenham resultado em cura. Aliás, se lerem a pesquisa completa da AMB verão que a efetividade do tratamento espiritual não é confirmada, embora nenhuma fraude tenha sido verificada nas cirurgias em si.
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Este artigo também pode ser visualizado pelo endereço http://tinyurl.com/joaodedeus
Crédito da foto: Sakanta Running Wolf
Marcadores: artigos, artigos (1-20), ceticismo, cirurgia espiritual, espiritismo, James Randi, João de Deus, medicina
39 comentários:
várias pessoas da minha familia já foram beneficiadas por esses tratamentos espirituais e ficaram curadas eu creio sim num mundo paralelo a esse em que os medicos espirituais nos auxiliam e se houvesse mais espiritualização por parte de nossos medicos encarnados essa ajuda poderia ser mais efetiva..
sabe que só agora depois de comentar no post sobre o programa da ana maria braga sobre espiritismo eu vi o vídeo e realmente valeu a pena porque muitas pessoas tem idéias erradas sobre a doutrina e as pessoas que elá estiveram esclareceram as bases de uma forma muito coerente,a doutrina espírita é maravilhosa
Marli,
Obrigada por seus comentários. Vale dizer que os médicos que realizaram o estudo pela Associação Médica Brasileira provavelmente não são espíritas, mas somente seu interesse em estudar a chamada medicina alternativa com maior cuidado já aponta uma tendência clara na medicina atual, de se tornar pelo menos um pouco mais receptiva a terapias complementares como acupuntura, homeopatia, "tratamento espiritual", etc.
Vale destacar novamente o estudo da AMB:
"Nem a crença entusiasmada ou a descrença renitente ajudarão os pacientes ou o desenvolvimento da medicina".
Bjs
raph
As chamadas curas espirituais abrangem ampla gama de religiões. No Brasil, quase todas as confissões religiosas ostentam métodos terapêuticos de fonte alegadamente sobrenatural. Algumas dessas são, podemos dizer, homeopáticas: adotam procedimentos moderados, embora possam prometer mais do que conseguem realizar. Desses podemos citar: o reiki, o johrei, o passe espírita, a imposição de mãos, praticadas em algumas igrejas cristãs.
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Muita gente se submete a esses rituais e quase todos se declaram confortados e revigorados após as sessões. Não se pode deixar de reconhecer que as propostas curativas apresentadas pelos diversos credos têm resultados positivos, desde, é claro, que ninguém pretenda receber mais do que seja possível. E, ao que tudo indica, os usuários dessas terapias divinas, em geral, sabem até onde podem ir. Assim, não se vê, por exemplo, um infartado buscar salvar a vida por meio de passes; tampouco alguém com hemorragia intensa ou vítima de traumatismo craniano se submeterá ao johrei.
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É como diz o ditado: bom senso e água benta não fazem mal a ninguém.
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Mas, há um lado marrom nessa história, lado este onde pululam fraudadores dos mais diversos calibres. Alguns auto-iludidos, que repassam suas ilusões aos crédulos; outros rematados vigaristas, autênticos criminosos, que deveriam mofar em penitenciárias; entretanto, a maioria está à solta, iludindo multidão de ingênuos.
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− Pare Brasil! Pare Brasil! − vociferava o “apóstolo” Valdemiro, da Igreja mundial do poder de Deus, com sua voz encatarrada, num dos cultos que apresenta via CNT (no Rio de Janeiro: canal 9) − aqui está a prova do poder de Deus!
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Então, mandou que subisse ao palco o casal que esperava autorização. A mulher carregava uma criança ao colo.
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− Mostre como era essa criança! − ordenou aos berros.
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Surge uma imagem do menino. Uma excrescência horrível brotava-lhe na face direita, algo semelhante a um tumor gigantesco. A aparência do pequenino era monstruosa.
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O pregador brada que aquela criança estava desenganada pelos médicos, que somente Deus poderia salvá-la, e insiste que todos estavam diante da prova viva do poder divino. Ao lado, os pais sorridentes, sacudiam a cabeça afirmativamente.
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O que o sujeito não relatou é que o garotinho fora operado com bisturi terreno, por médicos terrenos, e teve a face reconstituída graças a perícia da equipe médica que o assistiu. No afã de lançar o crédito da cura à sua intermediação junto ao todo-poderoso, “esqueceu-se” de mencionar o detalhe da participação salvadora dos médicos deste mundo.
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Em muitos lugares, milhares de enfermos buscam alívio para seus males junto a indivíduos de igual estirpe à do “apóstolo”. O surpreendente é que não faltam pessoas que atestam com admirável firmeza que foram abençoadas pela intervenção de tais criaturas.
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Talvez o mais difícil não seja demonstrar que tais personalidades são, na maioria, trapaceiros conscientes; isso, via de regra, não é difícil. O complicado é entender porque tanta gente se entrega infantilmente nas mãos de tais salafrários. E o pior, reconhecem curas que, em realidade, não acontecem.
"Talvez o mais difícil não seja demonstrar que tais personalidades são, na maioria, trapaceiros conscientes; isso, via de regra, não é difícil. O complicado é entender porque tanta gente se entrega infantilmente nas mãos de tais salafrários. E o pior, reconhecem curas que, em realidade, não acontecem."
Seu comentário foi bastante pertinente. Vale lembrar que é consenso comum, mesmo entre espiritualistas, que a maioria desses ditos "curandeiros", sejam místicos ou pastores, é fraude. Um outro tanto provavelmente sofre de auto-engano. Porém João de Deus, segundo a pesquisa científica da Associação Médica Brasileira, opera cirurgias reais, que não são ainda explicadas pela ciência. É nesse sentido que este artigo lida com o assunto.
Abs
raph
A pesquisa foi erroneamente atribuída à AMB. Tratou-se de esforço em avaliar o trabalho da figura mística e controversa que é João de Deus. Entretanto pecou por ser limitada e conter muitos comentários genéricos: pouca coisa foi dita especificamente a respeito da atuação do médium.
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Por exemplo, os autores arrolaram 14 quesitos (ou etapas) de investigação, o que prometia perquirição de alto nível, entretanto não noticiaram o que teria sido apurado em cada um desses itens. Também não foi examinado em laboratório o material que João alegava ter extraído de pacientes. O acompanhamento dos pós-operados se restringiu a seis pessoas e mesmo assim de forma limitada. Louve-se, pois, o esforço dos investigadores, pois não é fácil levar a termo empreendimentos desse tipo, mas ficaram a dever pesquisa de maior vulto, que avaliasse detidamente a atuação do médium, inclusive no que se refere às prováveis fraudes.
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Na conclusão os autores declararam textualmente: “não houve identificação de fraudes”, porém, indaga-se: estavam eles preparados para detectar fraudes? Ou simplesmente não presenciaram nada que lhes sugerisse vigarices? É provável que os nobres pesquisadores não detivessem condição técnica de preceber falcatruas, a não ser que fossem muito evidentes.
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Ressalte-se que a pesquisa não é da AMB. Foi realizada por integrantes da entidade, mas não representa o pensamento daquela Associação.
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Outro grave equívoco foi a afirmação de que “as cirurgias são reais”. De que modo chegou-se a tal conclusão? Realizando exames internos nas áreas alegadamente cirurgiadas? Nada disso: apenas foi constatada a existência de talhos superficiais na pele de pacientes. Ora, as cortaduras − o próprio João reconhece − são apenas para “convencer” os duvidosos. Portanto, não dizem nada sobre o que tenha sido realizado internamente. O correto seria dizer: “os cortes são reais”.
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Se um cardíaco crônico sofre uma intervenção o coração se apresentará modificado. O mesmo se diz de alguém que tenha os rins manipulados cirurgicamente, e qualquer outro órgão. A constatação se faz por meio de e exames vários, como radiografias. Se a parte alegadamente mexida continuar igualzinha, sem qualquer vestígio de manipulação, então não houve cirurgia alguma. Não consta que os afiliados da AMB tenham realizado esse tipo de investigação.
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Acontecem casos de pessoas acometidas de tumores cancerosos, depois da cirurgia espiritual, noticiarem o encolhimento dos cancros. O que geralmente é omitido é que tais pacientes realizam tratamento quimioterápico, cuja função é a de eliminar, ou, ao menos, reduzir os tumores. A diminuição da doença é atribuída à interferência mediúnica, dando-se desprezo ao trabalho efetivo da medicina.
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O efeito salutar das terapias espirituais reside no ânimo que o ritual provoca e isso pode ser benéfico. Em certos casos pode acelerar o processo de cura em tratamentos convencionais. Doentes positivamente estimulados tendem a enfrentar melhor seus males. O problema é que o efeito fortalecedor de tais práticas é estendido muito além de seu real alcance, levando muitos a concederem aos tratamentos alternativos maior eficácia que a medicina moderna.
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João de Deus e assemelhados, para que fossem coerentes com o limite terapêutico de seus trabalhos, deveriam ou dispensar da fila os cancerosos, enfisemáticos, cardíacos crônicos, diabéticos, e correlatos; ou lhes declarar: “o que posso oferecer são doses de bem-estar e de otimismo; nada além disso.
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Tais curandeiros, ao prometerem curas miraculosas, seja de forma velada ou explícita − coisa que não podem conceder −, agem maliciosamente e merecem o mais veemente repúdio.
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Há poucos dias, morreu a atriz Mara Manzan, que se submetera a duas cirurgias espirituais: uma com o “Dr. Fritz”, outra com João de Deus. Nenhuma dessas intervenções, obviamente, foi capaz de frear a evolução da doença.
"A pesquisa foi erroneamente atribuída à AMB."
Bem esta é a sua opinião. A pesquisa está publicada em uma revista online científica, conceituada.
"Também não foi examinado em laboratório o material que João alegava ter extraído de pacientes."
Não é o que diz a pesquisa. Diz que foi analisado e confirmado como pertencente aos pacientes.
"Na conclusão os autores declararam textualmente: "não houve identificação de fraudes", porém, indaga-se: estavam eles preparados para detectar fraudes?"
Certamente, um dos objetivos da pesquisa era obviamente esse. Eles não iria arriscar os nomes deles em vão.
"Ressalte-se que a pesquisa não é da AMB. Foi realizada por integrantes da entidade, mas não representa o pensamento daquela Associação."
Ciência e medicina não são ideologia, não são "pensamento". A pesquisa é da AMB, não significa que a AMB tenha qualquer espécie de ideologia associada a ela.
"Tais curandeiros, ao prometerem curas miraculosas, seja de forma velada ou explícita − coisa que não podem conceder −, agem maliciosamente e merecem o mais veemente repúdio."
João de Deus não promete cura, e sim tratamento. Assim como os médicos prometem tratamento. Um médico ou um "curandeiro" que promete cura já pode ser considerado um charlatão de antemão, ah não ser em casos bem específicos como vacinas com altas taxas de possibilidade de cura, etc. Em todo caso, ninguém pode prometer 100% de chance de cura.
Abs
raph
"O que geralmente é omitido é que tais pacientes realizam tratamento quimioterápico, cuja função é a de eliminar, ou, ao menos, reduzir os tumores. A diminuição da doença é atribuída à interferência mediúnica, dando-se desprezo ao trabalho efetivo da medicina."
No documentário da BBC e em outros o próprio João de Deus encaminha "pacientes" para o tratamento convencional, em hospitais de Brasília. Não acredito que ele despreze o trabalho da medicina, mas concordo que talvez ele dê atribuição exagerada a alguns tratamentos espirituais.
Aliás, obviamente esses tratamentos não podem substituir a medicina convencional, e sim complementar.
"O efeito salutar das terapias espirituais reside no ânimo que o ritual provoca e isso pode ser benéfico. Em certos casos pode acelerar o processo de cura em tratamentos convencionais. Doentes positivamente estimulados tendem a enfrentar melhor seus males. O problema é que o efeito fortalecedor de tais práticas é estendido muito além de seu real alcance, levando muitos a concederem aos tratamentos alternativos maior eficácia que a medicina moderna."
Perfeito. Nesse trecho concordo plenamente contigo.
Abs
raph
Ralph,
A pesquisa não é da AMB, sim de elementos a ela associados. Atribuir-se a investigação a AMB concede ao estudo amplitude que não possui. Não se trata de opinião ou de ideologia, a constatação é objetiva, vejamos informe no site da Organização:
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“A Associação Médica Brasileira é uma sociedade sem fins lucrativos, fundada em 26 de janeiro de 1951, cuja missão é defender a dignidade profissional do médico e a assistência de qualidade à saúde da população brasileira. A entidade (...) possui 27 Associações Médicas Estaduais e 396 Associações Regionais. Compõem o seu Conselho Científico 53 Sociedades Médicas que representam as especialidades reconhecidas no Brasil.”
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Noutro local, se diz que a sociedade possui cerca de 300 mil associados. Ora, a pesquisa foi elaborada por três pessoas: A.M. de Almeida ,T.M. de Almeida , A.M. Gollner. Poderia um trio de membros falar por toda a entidade? Para que assim fosse, os demais sócios teriam de ratificar o conteúdo do trabalho, e isso certamente não foi feito.
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Portanto, dizer que a investigação “é da AMB” transmite a incorreta idéia de que 300 mil médicos, 27 associações estaduais e 396 associações regionais apoiem o conteúdo da pesquisa.
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Também não concordo com a idéia de que João de Deus não prometa cura, apenas tratamento. Talvez não prometa ostensivamente, mas veladamente o faz. Isso se vê pelo fato dele aceitar pacientes crônicos, muitos deles desiludidos. Doenças crônicas ou terminais possuem prognósticos pouco animadores; em situações tais, os recursos médicos disponibilizam formas de mitigar o sofrimento, embora haja relatos de curas milagrosas realizadas pela medicina moderna. Se João fosse coerente, não admitiria esses doentes em sua clínica. Ou lhes ofereceria tão-somente o refrigério do otimismo: o mesmo que um bom tratamento com hipnoterapia também concederia, provavelmente com maior eficácia.
Abraços,
-continuando-
Relativamente a análise dos tecidos retirados dos pacientes, você está correto. O que eu deveria ter dito − mas não disse −, é que não houve avaliação mais aprofundada dos extraídos das incisões. De fato, os autores consultaram laboratório, conforme a seguir:
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Do título “Material e Método”:
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“Em dez casos as peças cirúrgicas foram recolhidas e submetidas a exames histopatológicos para verificar a autenticidade das mesmas”.
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E no título “Resultados”:
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“Ao todo, foram recolhidos os tecidos extraídos de dez cirurgias, mas em apenas seis pacientes foi possível a realização de um exame clínico minucioso”.
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No título “Discussão”:
“Por serem raros os trabalhos onde se procedeu a análise laboratorial dos materiais extraídos, houve dificuldade na obtenção de dados que servissem de comparação com os nossos resultados. Porém, encontramos registros onde o "sangue" obtido era corante8 e outros em que era sangue real e do mesmo tipo do paciente17, e também de tipo diferente19, bem como há relatos em que os exames mostram vísceras de animais8,17 , tecidos humanos e outros em que o tecido não foi identificado17”.
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Em suma, os tecidos estavam compatíveis com as raspagens oculares e nasais, e, com os cortes em partes do corpo, porém nada ou muito pouco informam sobre a efetividade das cirurgias. O que temos de objetivo consta no resumo, apresentado ao início do artigo, onde se lê:
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“As cirurgias são reais, mas, apesar de não ter sido possível avaliar a eficácia do procedimento, aparentemente não teriam efeito específico na cura dos pacientes. Sem dúvida, nossos achados são mais exploratórios que conclusivos. São necessários posteriores estudos para lançar luz sobre esse heterodoxo tratamento”.
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Relembro o que declarei: afirmar que “as cirurgias são reais” não está coerente, pois foram contatadas apenas raspagens e cortaduras. Não se analisou a existência de modificações nos órgãos doentes.
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Entrevistada pela revista Época, uma das autoras do trabalho, declarou-se insatisfeita com o uso que o médium fez da pesquisa:
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“Em uma das paredes da Casa há uma reprodução de um estudo publicado em 2000 na Revista da Associação Médica Brasileira. O trabalho é, supostamente, uma tentativa de investigar cientificamente as cirurgias espirituais de João de Deus. (...). Uma das co-autoras, Maria Ângela Gollner, se diz constrangida pelo uso do artigo. ‘Ele fez daquilo uma máquina de propaganda’, disse, referindo-se a João de Deus.”
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No que se refere a probabilidade de fraude: questionei que os investigadores houvessem abordado adequadamente a questão. Por razão óbvia: a própria pesquisa mostra que o quesito não recebeu atenção condizente. Consta no trabalho a declaração de que não encontraram fraude. Entretanto, não foi informado que procedimentos utilizaram para amparar tal conclusão. Em casos como o de João de Deus − nos quais é patente a hipótese de falcatruas −, os estudiosos deveriam ter detalhado como realizaram o controle desse importante ponto.
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Grande abraço,
"Portanto, dizer que a investigação “é da AMB” transmite a incorreta idéia de que 300 mil médicos, 27 associações estaduais e 396 associações regionais apoiem o conteúdo da pesquisa."
Entendo o que quer dizer. Quando digo que a investigação é da AMB, quero apenas dizer que foi realizada de forma científica, por médicos pertencentes a organização. Claro que se a AMB se prestasse a esse tipo de coisa toda hora, ou se a maior parte de seus membros de interessasse por isso, teríamos centenas de pesquisas, e não apenas uma. Portanto, no contexto do que disse, concordo que a pesquisa "não é da AMB". Mas continua sendo uma pesquisa científica e publicada num site conceituado, realizada por médicos sérios filiados a AMB.
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"Doenças crônicas ou terminais possuem prognósticos pouco animadores; em situações tais, os recursos médicos disponibilizam formas de mitigar o sofrimento, embora haja relatos de curas milagrosas realizadas pela medicina moderna. Se João fosse coerente, não admitiria esses doentes em sua clínica."
As pessoas em geral procuram esse tipo de tratamento quando já estam "desenganadas" pela medicina convencional, esse é o problema. Se ver os documentários como da BBC e Discovery, verá que vem de todas as partes do mundo, principalmente da Europa. Estão em situação de desespero... Nesse contexto eu compreendo que João de Deus as aceite, embora creia que ele mesmo sabe que seu tratamento é complementar, e que não faz milagres nem passes de mágica. Doentes terminais continuarão sendo doentes terminais.
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"Relembro o que declarei: afirmar que “as cirurgias são reais” não está coerente, pois foram contatadas apenas raspagens e cortaduras. Não se analisou a existência de modificações nos órgãos doentes."
É que estou apenas contrapondo as insinuações de James Randi de que as cirurgias são "truques de mágica". Em nenhum momento falei que a cura se efetivou, apenas que os fenômenos físicos presentes nas cirurgias (raspagem de olho, enfiar tesoura pelo nariz, etc.) são reais, e não truques como James Randi insinua. Esse era o único objetivo: estudar o fenômeno, independente de crenças religiosas, ideologias materialistas, ou mesmo de ter havido alguma cura efetiva (e de fato, não fica comprovada a cura).
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"Entrevistada pela revista Época, uma das autoras do trabalho, declarou-se insatisfeita com o uso que o médium fez da pesquisa"
Eu não disse que João de Deus era um "amor de pessoa" nem um santo, hehe... Na verdade, a maioria dos grandes médiuns de cura sequer aparece na mídia, não estão atrás de fama.
Porém, João de Deus não deixa de ser um personagem curioso, que vale a pena estudar...
Abs!
raph
"Médiuns de cura" que não prometem cura, e sim tratamento - além de atenderem gratuitamente!
Do contrário, não serão "grandes"...
A todos: devido a conversa acima com o amigo "moi", achei por bem adicionar duas notas ao texto do artigo, deixando claro o que quero dizer com "pesquisa da AMB" e "as cirurgias são reais", respectivamente.
Abs,
raph
Prezado Raph,
Gostei do diálogo. Você tem uma postura não radical, o que permite discussão produtiva e esclarecedora. Parabéns pelos bons artigos postados no blog. Sempre que houver oportunidade farei uma visita. Abraços.
Moizés.
Moizés, eu é que agradeço, seu ceticismo respeitoso e responsável fez com que eu adiciona-se notas relevantes ao artigo original.
Eu costumo dizer que é melhor ser um cético responsável do que um religioso hipócrita :)
Abs!
raph
Aparentemente João de Deus teve algum envolvimento com a aparente cura dos tumores do ex-presidente Lula e do ator Reinaldo Gianecchini. O caso de Gianecchini era bem mais raro, e a cura mais improvável...
João de Deus cuida de Lula (Topnews - o atendimento ao ex-presidente foi bem mais "discreto", sem muitas notas na mídia)
Lula chora ao saber que tumor sumiu (G1)
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Gianecchini faz "cirurgia espiritual" com João de Deus (Terra)
Gianecchini, aparentemente curado, retorna aos palcos (G1)
Recentemente postamos no blog o documentário mais representativo acerca de João de Deus, ganhador de 3 prêmios no festival internacional de Mônaco, em 2008: Cura: Milagres e Mistérios de João de Deus
Boa noite,estava lendo a reportagem e resolvi deixar meu pensamento..vcs falam sobre os cortes,as infecções e tudo mais..e o que dizem da cura espiritual? no meu caso não tinha nenhuma doença e sim espiritos obcessores.. como é explicado está cura? e depressão ele não abre a cabeça de ninguem e como cura?
è lamentavel pessoas duvidarem do poder de Deus..João é sinplismente sua mão!
Fiquem com Deus!
Raph,
Como assim? O colega Moizés disse que material extraído de lá da casa onde o João de Deus realiza suas atividades uns eram falsos (corante, vísceras de animais) e outros não, como pode? Se não souber responder pelo menos me diz o que entende disso?
Ótimo post, obrigado!
Daniel, pelo menos no caso da pesquisa de AMB, não foram encontrados materiais falsos, nem extraídos de outras pessoas que não as que foram operadas. Acredito que o mesmo valha para os outros canais estrangeiros que fizeram documentários sobre João de Deus, ou seja, que nunca encontraram materiais falsos neste sentido.
Abs
Raph
Eu acho que como você faz boas pessoas tem que ter respeito por esses médicos. mas sempre bom ter um bom backup de qualquer associação como golden cross a fornecer-nos com a categoria médica.
Espiritismo é uma farsa. Meu pai está com um tumor e vai terminar morrendo por causa dessa seita. É uma lavagem cerebral sem precedentes.
Assinado, S.
Assistam uma pequeníssima amostra desses farsantes nos videos e depois, por favor, procurem mais e se informem sobre essa gente:
http://www.youtube.com/watch?v=7YJXSSlSHgo
http://www.youtube.com/watch?v=tkBMFm3fPr0
Sobre o vídeo: são questões refentes a Chico Xavier, e não João de Deus, portanto nem vou comentar (em meu blog, no entanto, se pesquisarem por "Chico Xavier: charlatão" e "Um médium notável" encontrarão muitas informações relevantes).
Sobre o espiritismo ser uma farsa (quero entender que diz que "todo médium é charlatão a priori): precisa ser provado. Há muitos médiuns que foram comprovados como charlatões, mas João de Deus não é um deles.
A Associação Médica Brasileira realizou seu estudo e comprovou que as cirurgias são reais (embora não tenham indicado que levaram a curas efetivas). Portanto, se quer provar que é farsa, vá lá em Abadiânia e realize um estudo científico, e depois publique os resultados.
Sobre o tumor de seu pai:
Nem João de Deus nem nenhum médium sério recomenda que se abandone o tratamento da medicina convencional. O tratamento espiritual deve ser sempre em paralelo ao convencional.
Ocorre que, as vezes a medicina convencional não tem mais o que fazer pelo paciente. SOMENTE nesses casos resta apenas a opção espiritual.
O espiritismo não é seita e tampouco faz lavagem cerebral. Não há "retiros espirituais" no espiritismo, nem dízimo obrigatório, nem "ataques a concepções científicas", etc.
Estou me referindo, é claro, ao espiritismo conforme elaborado por Kardec.
tenho ido a Abadiânia em função de transtorno bipolar, doença que leva à crises dramáticas de depressão e\ou eforia. O fato é que estou insistindo no tratamento espiritual mas dou mais valor ao tratamento psiquiátrico. Gosto do Kardecismo, tenho estudado com frequencia as suas Obras Básicas, como doutrina moral e de fé cristã acho-a irreparável, mas considero muito difícil separar o joio do trigo.Essas pessoas que se dizem médius podem até ter mediunidade, mas diante dos preceitos espíritas, essa mediunidade pode ser anulada em conformidade com um mal comportamento moral do indivíduo. Respeito as Entidades, mas vejo que as pessoas que giram em torno do médium e mesmo ele estão se vinculando ao materialismo. Em 2009 um frasco com os remédios (obrigatório se vc estiver em tratamento), custava 10,00 (segundo o que Ralph diz), nessa semana, quando lá estive, pagamos (todos que entraram em tratamento) R$60,00 pelo mesmo frasco. Há uma livraria que prioriza a venda de badulaques feitos de pedras e cristais colhidos na região. Ninguém é obrigado a comprar, mas creio que Jesus não aprovaria esse tipo de comércio tão explícito. Mesmo assim, não tiro o mérito do trabalho de acolhimento que se faz àqueles que como eu sofrem de algum mal. Na dúvida, prefiro me submeter e sei, que se Deus existe ele não vai se zangar por eu ter um pensamento crítico em relação à fé.
P.S. amo cachorros e aquela cidade tem um grande número de animais abandonados, mas eles têm um olhar meigo e uma afabilidade que os distingue dos que já vi em outros lugares.Além disso, são saudáveis e visitam a Casa de Dom Inácio com frequencia. Realmente isso me chamou a atenção a ponto de concluir que são cães protegidos por algum tipo de anjo.
Rô
R$60,00 está muito caro... Uma pena.
O que não é obrigatório comprar, tudo bem, mas aumentar desta forma o valor de um item obrigatório segundo o próprio tratamento prescrito na Casa, acho um tanto estranho mesmo.
R$60,00 para melhorar a saúde não e´caro .
Estive varias vezes em abadiania e em quase todas as vezes haviam médicos de diversas especialidades de diversos países. Em uma das ocasiões um medico cardiologista estava pedindo ajuda ao médium. fiquei intrigado e quando o vi na lanchonete perguntei porque um medico procura ajuda de médium ?.A resposta dele e´que era para ele a ultima esperança de cura.Argumentou ele que hoje tal comportamento não e´repudiado pelas escolas de medicina que tem cadeiras que estudam a medicina e a espiritualidade.
Tanto os contraditores quanto os divulgadores das curas espirituais cometem,a meu ver um erro de análise.O que é cura? O que é doença? Considerando que a dor tem caráter educativo,até que ponto ela pode ser suprimida? Julgando do ponto de vista reencarnatorio,todos os tratamentos ,em verdade são paliativos. A cura real só pode acontecer quando não é mais necessária a dor.
Oi Nilson,
Esta é precisamente a razão pela qual nenhum médico pode prometer cura, apenas tratamento. Ou, como disse Hipócrates, "são as tuas forças internas que lhe curam".
Abs
raph
Muito bom estudo acredito,que a ciência e a religião podem ser poderosos alentos a humanidade quando buscam um fim comum e coletivo,pena que muitos colegas e docentes as vezes por arrogância e fundamentalismo fazem chacota de pesquisas assim,recomendo também que leia e estude um pouco do Proser da USP,faço medicina na USP pinheiros e achei muito interessante proposta e estou tentado uma bolsa Capes aliada ao Proser sobre curas espirituais e a pomada Vovô Pedro!!abraço
Ótimo Thiago,
Nós aqui não somos contra o ceticismo, nem contra o método científico... Porém, tanto distante disso, somos contra o ceticismo de "negação a priori", e contra o método científico "seletivo" (estudamos apenas o que é "permitido" estudar).
Boa sorte!
Abs
raph
Caramba, Raph! Tu tens uma paciência enorme com esses pseudocéticos: primeiro, o cara fica falando que não dá pra saber se eles estavam realmente preparados para detectar fraudes; depois, vem falar que eles não explicaram o que pretendiam com as 14 etapas da pesquisa (mas, poxa, isso está subentendido no artigo!); depois, vem ficar de mimimi falando que não foi a AMB quem fez a pesquisa, mas, sim, órgãos ligados a ela. Ora, a AMB apenas publicou o artigo em sua revista, sinal de que ele e os resultados da pesquisa sobre o qual discorre eram interessantes para a publicação. E, detalhe: a pesquisa foi feita pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, uma das instituições acadêmicas mais sérias e respeitadas do país (não estou querendo, com isso, criar um argumento de apelo à autoridade, mas, sim, mostrar a esses pseudocéticos que um dos principais critérios que eles pedem para que um fenômeno que vá contra o dogma deles seja considerado sério, que a publicação em algum jornal científico, está lá, atendido).
A cereja em cima do bolo: ""Portanto, dizer que a investigação “é da AMB” transmite a incorreta idéia de que 300 mil médicos, 27 associações estaduais e 396 associações regionais apoiem o conteúdo da pesquisa." Isso é uma falácia de espantalho, já que não é esse o objetivo com a referência à AMB da pesquisa. E o engraçado é que essa gente, quando cita toda orgulhosa um experimento "refutando" a Astrologia, a Homeopatia não usa esse mesmo critério para embasar seu argumento...
Enfim, Raph, és um iluminado, porque eu não teria essa paciência toda, já que considero pseudocéticos cânceres muito piores do que crentes fanáticos, já que aqueles atacam pelas vias intelectuais (ou pela falta delas hehehe)
Grande abraço!
Ian
Ah, esqueci, se fosse eu, teria dito simplesmente: "Amigo, todas as tuas proposições são baseadas em opinião, em crença, e crenças, eu não discuto. Obrigado".
=)
Ian
Valeu Ian,
Mas acho esses debates importantes, contanto que amigáveis, para que os leitores em geral, céticos ou não, desenvolvam uma ideia mais embasada acerca da diferença entre os fenômenos, as pesquisas e a religiosidade em si. Afinal, são coisas distintas: eu mesmo não concordo com as cirurgias físicas de João de Deus, como digo no artigo original, mas isto não quer dizer que elas sejam "falsas". Há fenômenos ligados as cirurgias que, apesar de servirem muito mais para "convencimento" do paciente do que para o tratamento em si, continuam sendo fenômenos inexplicáveis pela ciência ortodoxa, ou a dita "ciência oficial"...
No entanto, se tratamos com "pouca paciência" as dúvidas, não ajudaremos muita coisa. Apesar de serem raros os céticos que mudam de opinião, não é algo impossível :)
Abs
raph
Oi Ralph!
Você viu a reportagem que o 60 minutos da austrália fez do João de Deus?! Eles fizeram varias acusações bem sérias contra ele.
http://hypescience.com/joao-de-deus-nao-faz-milagre-nenhum-descubra-aqui-o-porque/
Porém eu acho que tem coisas nesse artigo que devem ser avaliadas melhor.
- No caso da acusação de assédio, não temos como saber se é real por não haver evidências e nenhuma outra acusação semelhante que possa dar mais crédito a ela.
- O fato de pessoas gastarem muito dinheiro em passagens para encontra-lo não entra no âmbito de responsabilidade dele.
- Não tem nada de suspeito em alguém se irritar ao ser acusada de charlata e pervertida.
- Foi calculado quanto ele fatura por ano mas não quanto ele gasta em despesas para manter o espaço dele, isso somado a quanto ele gasta fazendo caridade.
E eu nem acredito que o João de Deus faça essas curas milagrosas, mas eu também não concordo quando os dois lados de uma questão não são devidamente observados.
Pois é, eu já não acompanho as polêmicas em torno do João de Deus há algum tempo, mas ele próprio diz que não realiza tratamento efetivo algum com as "cirurgias físicas", e que elas só servem para quebrar um pouco do ceticismo dos pacientes... Claro que, não fossem por elas, não haveria tanta polêmica. Há alguns médiuns de cura no Brasil que são tão ou mais efetivos que o João, mas não chegaram a mídia internacional, muitas vezes sequer na nacional, exatamente porque não estão preocupados em causar polêmica. Mas faz parte da personalidade do João e de pelo menos um dos espíritos que ele afirma incorporar... Abs--raph
João de Satã é um estuprador. Sem mais.
Concordamos que há fortíssimos indícios disso, afinal ele não estaria preso por nada. Na verdade nunca achamos que João era "santo", mas tampouco imaginávamos que fazia as coisas que está sendo acusado (com muitos indícios) de fazer. No entanto, aqui estamos analisando fenômenos físicos e materiais, e não a moral de João de Deus.
Assim como tem gente que acredita no PT, que acredita que Lula é um santo preso injustamente, também existem pessoas que acreditam em santos, em curandeiros, em charlatões. Pessoas costumam endeusar pessoas, e com essa brecha na mente humana, a manipulação ocorre facilmente. Uma mente doente, cansada, estressada é de fácil manipulação, e isso é muito fácil para charlatões e enganadores.
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