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13.4.13

Ad infinitum: resenha de Wanju Duli

Fico muito feliz em trazer ao meu blog a primeira resenha que recebi sobre o meu livro, Ad infinitum (à venda em versão impressa, PDF ou Amazon Kindle). Trata-se de uma resenha escrita por Wanju Duli, que além de ser colunista do Portal Teoria da Conspiração, é também uma jovem escritora com pleno domínio da linguagem (vocês podem conhecer ela melhor no seu blog, Ocultismo Magnífico):


Finalizei agora mesmo a leitura do livro "Ad infinitum" de Rafael Arrais. Pelas minhas primeiras impressões, posso dizer que a obra deixou-me com uma sensação muito tranquila e alegre. E digo isso porque, após megulhar num debate particularmente sagaz e envolvente, fui presenteada com uma conclusão que, de tão simples e honesta, chega a ser deliciosamente surpreendente.

Já iniciei a leitura maravilhando-me com a arte da capa, envolta em elegância e mistério [1]. Estava ansiosa por conhecer as conversas que ocorreriam no sereno jardim. E os participantes do debate se apresentaram a mim, que já me sentia parte de tudo aquilo, como se eu mesma não estivesse muito longe de lá.

"Que legal! Tem uma mulher no debate!" foi um dos meus primeiros pensamentos ao ser introduzida às simpáticas figuras presentes. Simpatizei com Sofia imediatamente. Digamos que ela ocupa uma posição da mais alta importância ao longo da conversa. Gostei muito de sua personalidade e de suas observações pertinentes.

Depois da Sofia, meu segundo personagem preferido foi Petrius. Acredito que foi ele o maior responsável por algumas risadas que dei ao longo do livro, devido a seu tom ligeiramente irônico. Em poucas palavras, ele é um cara legal.

No início eu pensei que ficaria zangada com Ismael devido às suas insistentes manifestações de amor a Deus, mas não é que algumas frases dele me fizeram rir e sorrir, com simpatia pelo que ele dizia, e ele revelou-se uma pessoa bastante razoável? Acho que ele defendeu pontos muito bons.

Quanto a Otávio, também achei-o um personagem bastante divertido. Em suma, assim que fui apresentada aos personagens, que vinham de áreas diversas e possuíam algumas posições filosóficas e espirituais diferenciadas, logo pensei: "Esse debate vai pegar fogo...!"

E, se prestar atenção, realmente aconteceram momentos tensos e quentes no debate. À primeira vista, é uma conversa entre pessoas com visão bem aberta e compreensiva, mas basta tocar na ferida para constatarmos o quão difícil é ceder em certos pontos de nossas convicções.

Antigamente eu achava que quase todo debate entre pessoas de posições diferentes resultaria em uma briga, mas hoje em dia, após debates recentes que tive, constatei que é completamente natural que pessoas de visão quase oposta respeitem a opinião do outro. Dessa forma, acredito que os personagens ficaram bem realistas e os diálogos seriam possíveis de ocorrer numa conversa real semelhante a essa.

O conhecimento adquirido através da leitura desse livro é imenso. O autor entende profundamente a respeito de diversas áreas do conhecimento. A lista de livros e material que consta no final como sugestão de estudo é de dar água na boca. E o que dizer das notas explicativas ao longo da leitura? Fiz questão de ler o livro munida de dois marcadores de página (um para a página do texto e um para a página das notas) para me assegurar de que não perderia nada.

O livro é estruturado de forma extremamente organizada, inclusive ao longo dos capítulos, com as conclusões de cada debate devidamente ressaltadas. Isso permite que tanto pessoas que possuem familiaridade com os temas abordados como as que não possuem possam se beneficiar da leitura. O desenvolvimento do raciocínio é bastante claro e totalmente possível de acompanhar, o que não é tão comum de se encontrar em livros com pensamentos filosóficos. Ficou evidente que a intenção do autor era facilitar o estudo e o entendimento e não complicá-lo. Eu aprendi muito, tanto com o texto em si como através das notas explicativas.

Sinceramente, eu achei a disposição do livro e alguns diálogos especialmente semelhantes às obras de Platão, nas quais ele mostra discursos de Sócrates. A diferença é que Sócrates costumava derrotar seus adversários por intermédio de sua argumentação, enquanto a proposta no jardim de Ad infinitum é conciliar os argumentos, o que é uma grande vantagem.

Eu fui agradavelmente surpreendida em vários capítulos com as conclusões inteligentes construídas ao longo das conversas. Eu aprendi e ao mesmo tempo me diverti, comparando as deduções apresentadas com minhas próprias opiniões sobre os temas. Caso fosse essa a intenção, creio que o livro cumpriu seu propósito com sucesso. Naturalmente, o livro pode possuir os mais diferentes propósitos e exercer objetivos únicos para cada leitor. É uma leitura múltipla, com diversas possibilidades. Ad infinitum.

Recomendo a todos a leitura. É realmente bacana, dá uma sensação pacífica e gera belas reflexões.

***

» Ver a resenha original no blog Ocultismo Magnífico

[1] Saiba mais sobre a simbologia da capa: O Ouroboros e a Árvore da Vida

Crédito da foto: Wanju (capa de Ad infinitum)

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4 comentários:

Blogger Juliana disse...

Muito sucesso para seu livro, Rafael! :)

13/4/13 19:33  
Blogger Rato Saltador disse...

Caro,

Enfim conclui a leitura do livro, com grade satisfação. Meus parabéns por todo esforço de pesquisa e pelo fio lógico bem construído!

Em uma crítica que você compartilhou no Facebook a pessoa apontava como falha o flagrante desequilíbrio entre os debatedores, particularmente quando Otávio toma para si o desenvolvimento do raciocínio, conduzindo os demais às conclusões que seguem.

Para mim isso não é problema. Acredito que em um texto onde se dá um diálogo filosófico entre diferentes debatedores, mas escrito por um único autor, é natural que as ideias desse autor prevaleçam sobre as demais.

Por outro lado, o próprio fato de se construir um debate em que estão presentes pessoas com crenças bem distintas, e, ainda por cima, tratá-las todas com o devido respeito e atenção, já são sinais forte da honestidade intelectual e tolerância desse autor. No mínimo, são vozes às quais esse mesmo autor se confronta em sua própria mente, como faz um verdadeiro buscador da Verdade.

E como um autêntico buscador, concilia-se tanto o empenho na construção do conhecimento de uma forma objetiva, levando em consideração as informações decorrentes das pesquisas científicas, as opiniões divergentes e a própria percepção da natureza, quanto o sentimento profundo de conexão com uma realidade transcendente.

Algo, portanto, profundamente pessoal. Pessoal como você mesmo revelou a natureza deste blog, em post recente em que descreve uma experiência marcante pela qual passou. Para mim, essa também é uma demonstração de honestidade e também de humildade, visto que se posiciona como humano.

Finalmente, destaco, como fez Wanju, a última conclusão. Não poderia ser melhor colocada e reforça tudo o que disse anteriormente. Demonstra também os valores mais profundos do autor, para o qual os laços afetivos que construímos ao longo da vida superam qualquer divergência filosófica ou teológica. É a posição de quem rejeita o intelectualismo estéril e que realmente abraça o Deus amor que professa.

Abraço forte e sucesso na jornada!

30/6/13 17:12  
Blogger Rato Saltador disse...

Ah, e as notas ao final são um deleite a parte. Li todas, o que eu não costumo fazer em outras obras. Vale não só pelas referências dos conhecimentos apresentados, como também pelos trechos de autores consagrados que servem de reforço e complemento a discussão principal.

Gostei particularmente do trecho de Schopenhauer, não conhecia. Que sensibilidade!

30/6/13 17:31  
Blogger raph disse...

Oi Saltador,

Muito obrigado pelo depoimento :)

Realmente tenho a consciência tranquila quanto a ter "representado" os quatro personagens, inclusive o agnóstico, da forma mais respeitosa e honesta possível, até mesmo porque, como digo na aba final do livro impresso, todos eles não deixam de ser aspectos de mim mesmo.

Portanto, o fato de não haver uma "conclusão final" (ou melhor, da conclusão não significar que exista um "vencedor" do debate) para mim é parte essencial do livro. Quem quer que o leia inteiro e julgue que há algum "vencedor", é por que não o compreendeu direito.

Abração!
raph

1/7/13 00:30  

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