Cerâmicas inúteis
Hoje o dia nasceu claro e quente,
e ao largo dos jardins os seres já caminham apressados –
esses mesmos que buscam por tudo o que ainda se sente
em meio as ruínas dos templos dos antepassados.
Até a tardinha já recolheram muitos pedaços e detritos
de cerâmicas novas e antigas, espalhadas ao léu –
esses mesmos que buscam alcançar seus mitos
numa bela reunião no tabernáculo do céu.
Hoje a noite cobriu tudo com a sua escuridão
e todos se recolheram em suas casas,
protegidos em seu porão.
Os dias e os mitos e as noites continuarão seu ciclo –
mas não serão conquistados num céu futuro
e nem remontados com tais cerâmicas inúteis...
raph'14
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Crédito da imagem: Carla Prates (restauradora)
Marcadores: existência, poesia, poesia (111-120), soneto
2 comentários:
Um mito é uma jornada, embora se possa aprender ouvindo as histórias dos passos dos outros, mas eles só se tornam vivos, com a ação de nossos próprios passos.Por isto que ele é mutável, já que conforme agente anda, toda a paisagem muda ao nosso redor, mas assim como fica algo na nossa alma de cada lugar que agente passa, o mito permanece e você tem razão todas estes pedaços de cerâmica pela estrada não serve de nada se não unimos eles pelo espirito de nossos próprios passos e torná-los uma imagem completa lucida e coerente.O que era parte agora vemos face a face.Talvez está seja a diferença entre o mito em uma cidade e em uma tribo, na tribo não há separação entre a sua vida e o mito, e ele queima mais forte em volta de uma fogueira.
Até que as cidades, e todo o mundo, se incendeiem numa só tribo... :)
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