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17.5.14

Hod shebe Hod, ou Lag Baômer

Até ontem havia uma peste negra
espalhada em nossa comunidade.
O seu mal se originou
no coração dos próprios discípulos
que desejaram alcançar a santidade antes do tempo,
e foram atraídos para a mais ardilosa das armadilhas –
crer que um mestre é feito
apenas de leitura e recitações.

Até ontem havia uma peste negra
espalhada em nossa comunidade.
Ela tornou os dias acinzentados
e as noites plenas de tristeza.
Porém, assim como as manhãs sucedem aos crepúsculos,
alguma grande luz estava destinada a surgir
de tamanha escuridão...

Milhares padeceram desta doença vil,
mas nosso rabi sempre nos disse,
“Ninguém pediu para ser doente,
e é a doença que nos ensina
a aproveitar os tempos saudáveis.”

Assim, os poucos discípulos que sobreviveram
decidiram acender fogueiras pela noitinha
para lembrar dos seus amigos que se foram,
e os orientar em sua jornada ao outro mundo.

Ó, buscadores do inefável,
quantas doenças, quantas mortes e quantas vidas
foram necessárias para que chegassem até aqui?
Quanto gemido e ranger de dentes
em plena solidão, em plena escuridão,
foram necessários para que encontrassem tais fogueiras?

Nos vales das sombras da morte
o vento corre gelado
e apaga todas as velas
acesas nas encruzilhadas...

Mas hoje é o dia do esplendor!
Hoje todas as fogueiras ardem
e as salamandras dançam
no ritmo do cintilar dos sóis!

O sopro da ignorância
pode aniquilar a chama de uma vela,
mas o que poderá fazer
contra um exército de incendiários?

Hoje as crianças correm e brincam em torno do fogo
sem perigo algum;
que este fogo foi aceso
no coração de cada um dos discípulos
que sobreviveram a tal peste...

E, ainda que fosse somente um,
ainda teria valido a pena;
pois basta que um consiga carregar a tocha
para que a pira se acenda
e sinalize sua luz
para o universo inteiro!

Hoje é um dia assim;
um dia para celebrar o fim da escuridão;
um dia para refletir a luz destas fogueiras
até os confins de nosso mundo.

Ó, agentes da Alvorada,
a luz foi criada
para ser refletida
adiante, adiante, adiante...

Isto não tem fim!


raph’17.05.14

***

Crédito da imagem: Youth Olympic Games, Singapore 2010 (Divulgação)

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2 comentários:

Blogger Samuel Otemi disse...


Muitos ao ouvirem o contador de estórias, o velho estranho do caminho que dá uma espada ao viajante, este desconhecido que o chama para aventura, guardião do caldeirão sagrado. Eles se pergunta de que é feita estas palavras deste estranho. No mesmo momento a fogueira se acende e ele passa ser o estranho a comungar das histórias mas distantes dos tempos remotos, acendendo ele as fogueiras e iluminando noites escuras no coração dos seres.
Vestir o manto divino é para o buscador ir a própria fonte, é aquele que se banha com o fogo sagrado e o transmite a sua luz pelo mundo.
O poema me fez lembrar de algo muito importante. Obrigado!

18/5/14 09:54  
Blogger raph disse...

Então já valeu a pena ter escrito :)

Abs!
Raph

18/5/14 11:40  

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