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18.8.15

Lançamento: A fórmula do ateísmo

As Edições Textos para Reflexão publicam novamente um livro de Igor Teo, colunista do portal Teoria da Conspiração:

"Este livro não é apenas sobre religião. Numa sociedade marcada cada vez mais pelo espírito cético e pós-tradicional, Igor Teo demonstra como o fundamento da crença é o que temos de mais básico em nossa relação com o mundo. Estamos a todo o momento acreditando em algo, e agindo no mundo segundo uma crença. Acreditamos não apenas que Deus exista ou não, mas também na ordem econômica, na ordem social, na nossa identidade, na forma que nossas relações com as outras pessoas supostamente devem acontecer.

Nossas crenças sobre nós mesmos e o funcionamento do mundo constituem a fantasia subjetiva que herdamos da sociedade e da relação com o Outro. É com nossas próprias fantasias sobre o mundo que temos que viver e lidar inevitavelmente. Através da psicanálise, o autor busca entender a instituição da crença na nossa vida, discutindo a questão levantada por Jacques Lacan como a “verdadeira fórmula do ateísmo”, em que se entende que tal fórmula não seria de que Deus está morto, mas que na verdade Deus é inconsciente."

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Abaixo, segue o prefácio do livro, por Rafael Arrais:

Sócrates foi acusado de ateísmo, e condenado à morte pela ingestão de veneno.

Jesus de Nazaré foi acusado de ateísmo, e condenado à morte pela crucificação.

Benedito Espinosa foi acusado de ateísmo, e excomungado do judaísmo por sua comunidade.

Já Albert Einstein, a despeito de ser um grande simpatizante do deus da filosofia de Espinosa, certamente foi acusado de ateísmo por tantos outros. Para a sorte do cientista alemão, no entanto, em sua época o ateísmo já não era mais um crime passível de excomunhão de comunidades, ou de penas de morte.

Em sua origem na Grécia antiga, pouco antes dos tempos socráticos, o termo atheos significava “sem Deus”, ou “aquele que cortou seus laços com os deuses”. Ele era aplicado a todos aqueles que abandonavam, ou tentavam deturpar, as crenças oficiais de suas respectivas comunidades.

Hoje em dia, no entanto, há muitos autoproclamados ateus que efetivamente não creem em seres sobrenaturais de qualquer espécie. Eles costumam dizer que a sua única diferença para com os crentes é o fato de eles “crerem num deus a menos”. Mas, será mesmo?

O que este livro vem nos mostrar, através da sua análise didática do pensamento de Sigmund Freud, Jacques Lacan, Slavoj Žižek e alguns outros pensadores da psicologia humana, é que os antigos estavam certos: de fato, é mesmo impossível sermos “totalmente ateus”, pois é impossível sermos “100% céticos” – acreditamos num deus a menos, está bem, mas quem disse que isso nos faz descrentes de todos os deuses?

Afinal, se não cremos em Javé, Allah, Krishna, ou nem mesmo no deus de Espinosa, isso não significa que sejamos ateus para o deus do consumo, o deus do comunismo, ou o deus do liberalismo. Se todos os deuses são ficções, coisas que se passam na mente humana, e não na realidade objetiva, então a Declaração dos Direitos Humanos, o Manifesto Comunista e a Bíblia Sagrada estão todos no mesmo barco, e ele se chama linguagem.

Dessa forma, talvez o melhor caminho para compreendermos a inefável natureza da Natureza seja voltar nosso olhar para aquele deus que é capaz de contemplar, elaborar e interpretar o que há no tempo e no espaço: nós mesmos.

Pois, seja sobrenatural ou não, fato é que ele reside num mar profundo e pouco navegado. Este livro, como tantos outros, não lhe servirá de muito auxílio se você mesmo não se resolver a arriscar um mergulho dentro de si.

Na filosofia, a única certeza que temos é de que existe algo, e não nada. Ironicamente, o que muitos místicos navegantes descobriram a duras penas é que, no fim das contas, não necessitamos realmente de nenhuma outra.


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