A nossa temperatura
 
Houve época  em que vivia em meu próprio casulo,
como um astronauta  sem contato com a Terra,
perdido no  universo de si mesmo,
dono de tudo,  e só.
Em meu casulo  espacial eu achei conhecer Deus:
  ele era  onipotente, onipresente, onisciente,
  ele era muito  muito grande, maior que o infinito,
  e por isso  não aparecia,
  tinha coisa  mais importante para fazer...
Até que  chorei tanto de solidão,
  que meu cosmo  pessoal se incendiou de dor,
  e foi assim  que meu casulo se rompeu.
  Sim, ó  caminhantes das inúmeras vidas:
  foi através  da ferida que a luz adentrou meu ser,
  foi batendo  por dentro
  que o portão  se abriu...
Então vi o  mundo lá fora, e pousei de volta
  aqui em nossa  Terra.
  Em minhas  andanças pelas planícies e montanhas, 
  busquei saber  quem eu era,
  com quem  poderia me relacionar,
  e tudo o que  seria bom ou mal,
  claro ou  escuro, certo ou errado,
  moral ou  imoral, louco ou são...
Mas eis que  lhes digo, caminhantes, 
  por  fim acabei sentindo,
  e  sentindo percebendo,
  e  percebendo compreendendo,
  que  além de todas essas ideias
  há  um campo
  onde  não há homem nem mulher,
  nem  quente nem frio;
  há  um campo
  onde  toda a nossa temperatura
  se  mede pela alma.
  
  Foi justamente lá
  que  Deus apareceu para mim,
  e  todo o seu ser era a imagem e a semelhança
  do  nosso amor...
raph'18 (após dialogar com a Lua)
***
Este poema também se encontra na página Poetas do Caos: facebook.com/caospoetas/
Crédito da imagem: Sam Manns/unsplash
Marcadores: amor, Deus, espiritualidade, existência, poesia, poesia (151-160)
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