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4.7.15

A linguagem divina

No início, era o silêncio...

Então, quando as primeiras nuvens de poeira
se encontraram, colidiram e formaram sóis,
não havia ninguém espreitando à beira,
ninguém para ouvir, nenhum de nós...

Desde o tempo ancestral
ao primeiro despertar da consciência,
desde o início até o longínquo final
deste inefável Dia Divinal,
o que a tudo permeia e abraça,
que não o silêncio?

Todos somos como breves sibilos,
o leve tilintar de notas musicais
que pontuam o intervalo das vidas
e das eras e civilizações humanas;
ó Sadhu, observa bem:
todos somos ancestrais!

E o que permite que todas as melodias,
todos os acordes e pontos de tambor
tornem este tempo que escorre pelas vias
uma única e grandiosa canção de amor?

Ora, já lhe chamaram de El,
Brâman, Olorun, Nhanderuvuçu,
e de Supremo Senhor do Céu.
Mesmo Parmênides e Espinosa
lhe deram o mesmo nome...
Já eu, eu lhe chamo “silêncio”.

E há aqueles que ainda seguem angustiados,
sem ter respostas para suas orações;
sem ouvir sua voz, vivem exilados
do mundo, dos seres, e dos próprios corações...

Ó Sadhu, ó Sadhu,
vai e lhes ensina
que o silêncio é a linguagem divina!
Vai e lhes diz
que nunca houve nem haverá
um momento sequer
em que Deus não esteja a lhes abarcar
e a lhes sussurrar, bem baixinho,
tudo o que nunca pôde ser dito
nem ouvido... 

“...”


raph'15

***

Crédito da foto: Petr Horálek

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