2001: Kubrick e o monolito
Em 1968 o filme do diretor Stanley Kubrick - "2001: Uma Odisséia no Espaço" - revolucionou o gênero de ficção científica no cinema. A fita custou 12 milhões de dólares e foi rodada na Inglaterra a partir do primeiro “script” de Kubrick e Arthur C. Clarke. O ponto de partida do filme foi o conto “The Sentinel”, de Clarke, que mais tarde passou a ocupar apenas trecho da história (a viagem a Júpiter e o combate de Hal com os astronautas). Na produção trabalharam 106 técnicos, inclusive da NASA, IBM e General Electric.
Muito se especulou na época acerca do significado do estranho monolito que aparece diversas vezes no filme:
Veja o que Kurbick tem a dizer sobre o significado do filme:
“Tentei criar um experiência visual que ultrapassasse a comunicação verbal e penetrasse diretamente no subconsciente , com um conteúdo emocional e filosófico. Quis que o filme fosse uma experiência intensamente objetiva que atingisse o espectador, a um nível profundo de sensibilidade como faz a música”. Disse ainda: “O conceito de Deus está no centro de 2001 – mas não qualquer imagem antropomórfica de Deus. Não creio em nenhuma religião monoteísta da Terra mas acredito que se pode construir uma definição científica de Deus.”
“Quando pensamos nos gigantescos avanços tecnológicos que o homem efetuou em poucos milênios – menos de um microssegundo na cronologia do Universo – não podemos imaginar a evolução que essas formas de vida muito mais antigas alcançaram. Elas podem ter progredido de espécies biológicas que são frágeis conchas para a inteligência, a imortais entidades e então, após inúmeras eras, podem ter emergido da crisálida de matéria, transformadas em seres de pura energia e espírito. Suas potencialidades seriam ilimitadas e sua inteligência inatingível pelos humanos. Tudo isso tem relação com o conceito de Deus em 2001. Porque esses seres hão de ser deuses para bilhões de raças menos avançadas no universo”.
“Há uma considerável diferença de opinião entre cientistas e filósofos. Alguns sustentam que o encontro com uma civilização altamente adiantada produziria um choque cultural traumático no homem, por arrancá-lo de seu etnocentrismo e destruir a ilusão de que ele é o centro do Universo. No sentido mais profundo, creio na potencialidade do homem e na sua capacidade de progresso. Não sou de forma alguma hostil às máquinas. Não há dúvida, porém, que estamos entrando numa “mecanarquia”.” Olhando o futuro distante suponho não ser inconcebível uma subcultura de robôs-computadores capaz de resolver um dia, que podem prescindir do homem.
“Confirmando a idéia de ‘experiência visual’ de 2001, o filme tem 139 minutos e menos do que 40 minutos de diálogos. Parafraseando Mac Luhan, Kubrick quis que ‘a mensagem fosse o veículo’ (The message is the medium). Assim ninguém explica uma sinfonia de Beethoven. Isso criaria uma barreira artificial entre a concepção e a criação.” Continua Kubrick: “Vocês são livres para especular sobre o significado filosófico e cultural do filme. Não quero estabelecer um mapa verbal que todos sejam obrigados a seguir. A intenção é provocar no espectador uma reação que precisa – e não deve – ser explicada.”
FONTE: Rubens Ewald Filho e entrevista de Kubrick à "Playboy".
Marcadores: 2001: Uma odisséia no espaço, Arthur C. Clarke, cinema, Deus, Stanley Kubrick, videos
3 comentários:
interessante. Acabei de asssitir. O filme é complicado por seu final não é alto explicativo o suficiente para uma interpretação fechada.
Li em outro lugar sobre o monolito ser de alienigenas avançadissimos, e que após a parte dos jogos das cores ele ter na realidade ido para essa outra civilização, e ficado lá o restante de sua vida. Por outro lado da para imaginar o monolito como sendo Deus.
É um filme muito interessantes. A única coisa ruim é essa mania que alguns autores têm de fazer coisas totalmente sem explicação (nem eles mesmos sabem o que fizeram, ou o que queriam dizer...) e "deixar que cada um tire suas conclusões"...bem "cômodo" para eles...
O filme é incrível, o melhor que já assisti por sinal, o povo não entende o final por não interpreta-lo de maneira filosófica, muito difícil de encontrar um filme tão espetacular quanto 2001,fantástico.
Postar um comentário
Toda reflexão é bem-vinda:
Voltar a Home