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19.1.11

A saudade e a eternidade

Estes poemas dizem respeito aquele sentimento que nos ocorre quando subitamente sentimos falta dos momentos doces perdidos no passado, mas também dizem respeito a nossa lembrança da eternidade que jaz presente nessa persistente saudade do que ainda virá...

Saudades do verão

Os poetas tem esse dom
De deixar tanta saudade quando se vão
Mas não deixa de ser saudade boa
Por mais que doa
Por mais que por ora deságue
Como chuva de verão

Melhor amar e sentir a tudo isso, então,
Tudo isso que cascas de sentimento
Palavras, conjuntos de signos,
Jamais nos explicarão

Melhor amar e perder
Que nunca haver sequer amado
Melhor assim envelhecer
Que nunca haver sequer vivido

Que se a morte é a derradeira estação
Aos poetas, e aos amigos dos poetas,
Resta tão somente esse alento
De lembrar, de sentir, de saudar,
Esse amor, essa saudade,
Que pela pele nos arde
Como os primeiros raios de sol
Do próximo verão

Rafael Arrais, 2011


Eternidade

Busco um canto
em que todos os povos
se reconheçam,
e todas as vozes
se identifiquem,
e todos os olhos
se substantivem,
e todas as cores
se materializem.

Busco um canto
em que todas as crenças,
se consumam,
e todas as raças
se despatriotizem,
e todas as doenças
se extinguam,
e todos os  braços
se encontrem.

Busco um canto
em que a paz
se solidifique,
em que os sábios
não se corrompam,
e que as luzes
jamais apaguem.

Busco um canto
em que toda humanidade
em uníssono,
acompanhe,
e que a melodia,
atravesse séculos
de progressos e sangue,
e nos traga de volta
o dom da eternidade.

Flavia Lopes, (talvez) algum lugar entre 1998 e 2006

***

Crédito da foto: Dircinha

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2 comentários:

Blogger Natalia B. disse...

O poema da Flavinha, sempre tão genial, e o seu, complementam-se de alguma forma. Obrigada por compartilhar sua saudade boa comigo. Às vezes dóis, mas é melhor amar chorando que não ter sentido.

19/1/11 19:06  
Blogger raph disse...

Obrigado Nath, achei legal você dizer que eles se complementam :) Bjs--raph

21/1/11 09:27  

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