O que virá adiante
O que é este zumbido,
sussurro gotejante,
algo estranho vindo
de antes do ouvido?
Uma sensação de vida,
vida verdejante
e líquida, a escorrer tal qual
córrego sinuoso,
sempre em busca
do que haverá mais adiante...
O que ele quer lhe confessar?
O que somos nós,
de onde viemos e onde tudo isso
vai desaguar?
Ora, se ventos sussurrantes
acaso pudessem sussurrar,
é isso que lhe diriam:
“Onde finda a poderosa ventania,
há um eco no horizonte,
e tal som é como a doce brisa
da primavera. Nada no mundo
pode realmente deixar de existir,
desde que haja nalgum dia
sido brisa ou ventania
no coração a amar e seguir”.
Os ventos trazem a chuva
que se oferece em êxtase para o barro.
Assim nascem de infindáveis sementes
os braços de madeira da Terra...
Você não vê o que eles desejam
com toda a ânsia da Vida por si mesma?
Querem abraçar o Céu!
O que iniciou toda essa história ancestral?
De sussurros e brisas e ventos
e córregos de amor líquido
descendo em cascatas sem igual?
Disso não sabemos...
O que sabemos é que tais questões
nascerem de mentes que surgiram de sementes.
Há toda uma mitologia que se canta em canções
de deuses, heróis, duendes e arcanjos.
Em cada mente ainda corre o líquido
que flui da Fonte aos borbotões
rumo ao Grande Oceano.
Mas agora chega de tantas indagações.
Já lhe dissemos muito, e em todo caso
a linguagem só faz represar
toda esta mitologia líquida
nos córregos eternos do ser.
Basta de pensar.
Faça silêncio,
e apenas se deixe desaguar
rumo a eternidade...
Meu amigo, meu amor, meu semelhante,
você mal faz ideia do que virá adiante!
raph’13
***
» Parte da série "Mito da criação"
Crédito da imagem: Google Image Search
Marcadores: eternidade, existência, Mito da criação, poesia, poesia (111-120)
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