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15.2.07

O artista

Dentre aquela imensidão natureza, de uma curva a outra do mundo, as plantas se esgueiravam pelo solo, as frutas se sacudiam nas copas das árvores, e os pássaros celebravam a vida, numa sinfonia cuidadosamente orquestrada...

E todos ouviram os passos, o couro que rasgava a trilha, tão diferente, tão estranho, que viram de longe. O vento encerrou sua dança, como uma criança ao avistar uma formiga... Tão pequenina, e tão audaz.

O homem artista, que ainda antes era um ser humano, abriu sua maleta no alto do monte, dela retirando uma pequena tela e um pincel imaginário... Olhou, olhou, e olhou. Ah, e as plantas, as árvores, o vento, até mesmo as formigas ajudaram! Tecendo uma música tal sublime, que o homem só podia mesmo ouvir lá dentro de seu coração...

E aquela tela, tão branca, tão vazia, recebia generosas gotas, as lágrimas que escorriam bravamente de um canto qualquer da alma artista. Dentre a tinta aparentemente transparente, cores surgiam como que passes de mágica. Não sabíamos se era o homem que chorava o quadro, ou o quadro que refletia ao homem.

Naquele ritmo, o homem foi sendo artista... Tanto amor, tanta alegria, que enfim resultou numa autêntica obra de arte. Todos foram ver aquela imagem invisível, que camuflada entre uma superfície sem cor nem tom, só mesmo podia ser vista pelo homem artista e sua inspiração.

Mas a natureza voltou a seus afazeres, o homem não... Permaneceu absorto em posição de aprendiz, e assim foi durante toda uma eternidade...

raph'99

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