Um átomo no universo
 
Eras sobre eras
  antes que quaisquer olhos pudessem ver
  ano após ano
  trovejosamente batendo na praia como agora.
Para quem? Para que?
Num planeta morto
  sem vida alguma para entreter.
  Nunca a descansar
  torturado pela energia
  desgastado prodigiosamente pelo sol
  derramado pelo espaço.
  Um ácaro faz o mar bramir.
Fundo no oceano
  todas as moléculas repetem
  os padrões de uma outra
  até que novas e complexas são formadas.
  Elas fazem outras como elas
  e uma nova dança se inicia.
Crescendo em tamanho e complexidade
  coisas vivas
  massas de átomos
  DNA, proteína...
  Dançando num padrão ainda mais intrincado.
Saindo do berço
  para terra seca
  aqui estão
  de pé:
  átomos com consciência;
  matéria com curiosidade.
De pé a encarar o mar, refletindo:
  Eu, um universo de átomos...
  Um átomo no universo.
Poema sem título por Richard Feynman, prêmio Nobel de física de 1965 (traduzido do inglês por Rafael Arrais); Retirado de The Value of Science - an address to the National Academy of Sciences (1955).
» Veja também um vídeo deste poema (em inglês)
***
Crédito da foto: Shelley Gazin/Corbis (Feynman)
Marcadores: átomo, autores selecionados, autores selecionados (101-110), evolução, existência, poesia, poesia (81-90), Richard Feynman, universo
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1 comentários:
É Maravilhoso esse poema do grande cientista Richard Feynman sobre o passar das eras, o avanço da vida na Terra, e a nossa pequenez diante do Cosmo!
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