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6.1.12

Um átomo no universo

Eras sobre eras
antes que quaisquer olhos pudessem ver
ano após ano
trovejosamente batendo na praia como agora.
Para quem? Para que?

Num planeta morto
sem vida alguma para entreter.
Nunca a descansar
torturado pela energia
desgastado prodigiosamente pelo sol
derramado pelo espaço.
Um ácaro faz o mar bramir.

Fundo no oceano
todas as moléculas repetem
os padrões de uma outra
até que novas e complexas são formadas.
Elas fazem outras como elas
e uma nova dança se inicia.

Crescendo em tamanho e complexidade
coisas vivas
massas de átomos
DNA, proteína...
Dançando num padrão ainda mais intrincado.

Saindo do berço
para terra seca
aqui estão
de pé:
átomos com consciência;
matéria com curiosidade.

De pé a encarar o mar, refletindo:
Eu, um universo de átomos...
Um átomo no universo.

Poema sem título por Richard Feynman, prêmio Nobel de física de 1965 (traduzido do inglês por Rafael Arrais); Retirado de The Value of Science - an address to the National Academy of Sciences (1955).

» Veja também um vídeo deste poema (em inglês)

***

Crédito da foto: Shelley Gazin/Corbis (Feynman)

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