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21.6.13

A gravidez do mundo

Como muitos devem saber, eu não entendo nada de política, nem me interesso muito por ela. Talvez exatamente por isso os analistas queiram ouvir um pouco do que eu tenho a dizer sobre a Primavera...

Primeiramente há a questão polêmica da “direita vs. esquerda”. Lhes digo que o cartaz mais interessante que vi na última semana de movimentos nas ruas dizia assim: “Esquerda? Direita? Eu quero é ir para frente!”. Isto não é algo que se limita ao Brasil; mesmo na Primavera da Espanha e da Turquia vimos manifestações parecidas de quase toda a juventude. Dizem que a juventude é apolítica porque não se alinha nem a “esquerda” nem a “direita”, será mesmo?

Segundo Denis Russo Burgierman, diretor de redação da Superinteressante e ativista pró-descriminalização de certas drogas, “esquerdo-direitistas são pessoas que acreditam que todo o bem que existe no mundo provém de apenas uma fonte. Há dois tipos de esquerdo-direitistas – aqueles que acham que a fonte de todo o bem é o Mercado e aqueles que acham que é o Estado. A estes chamamos esquerdistas, aqueles são os direitistas”. Pois bem, eu chamo a ambos de esquerdo-direitistas, pois que são apenas dois lados de uma mesma moeda, dois pontos extremos que ainda insistem numa espécie de maniqueísmo (“bem vs. mal”) que inexiste na Política.

De Política, com “P” maiúsculo, eu até acho que entendo alguma coisa. Desde que surgiu a Democracia na Antiguidade, sua essência se baseou exatamente num debate público que busca não a unanimidade de opiniões, mas a busca do entendimento e da reconciliação dos opostos em prol de uma certa ordem e uma certa direção conjunta a ser seguida pela Nação. Dessa forma, a Política existe não para que todos concordem em tudo, mas para que convivam em harmonia apesar de suas discordâncias.

É por isso que todo o extremista é anti-Político a priori. Ele não busca a Política para um entendimento, mas busca a política para a supressão das opiniões contrárias, custe o que custar... São os extremistas que devem ser combatidos e reeducados na medida do possível, pois foi através deles que surgiram regimes autoritários de “esquerda” e de “direita”, ainda que pudessem se auto intitular democráticos. Mas a Democracia só existe na Política, e não na política.

Você pode achar que o Brasil é uma Democracia, mas eu não posso concordar inteiramente com isso. Não tem nada a ver com o fato de termos o PT no governo – o PT não é o único culpado pelo que foi feito na política brasileira, mas talvez se arrependa amargamente pelo que deixou de fazer. Eu explico: numa Democracia, deve valer a máxima “1 pessoa, 1 voto”. No entanto, o que temos no Brasil e em diversos países que se dizem democráticos é uma outra máxima que nos contaminou desde meados do século passado: “X reais, 1 voto” (ou “X dólares, 1 voto”; “X euros, 1 voto”; etc).

Não estou querendo dizer que no nosso país exista compra direta de votos, mas sim indireta. O voto é obrigatório e qualquer partido para ter alguma chance de chegar ao poder precisa gastar milhões em gigantescas campanhas de marketing. O que isto tudo tem a ver com Política? Quase nada... Isto tudo tem a ver com algo que chamo, na falta de um nome melhor, “negócio eleitoral”.

Afinal, não se enganem, nenhuma empreiteira, nenhum banco, nenhuma multinacional financia um partido por ideologia, nem muito menos para melhorar a qualidade da educação e da saúde de um país. Eles fazem um investimento de risco, a médio e longo prazo. Alguns até conseguem eliminar todo o risco do investimento, ao investir em todos os partidos com chance de chegar ao poder. A última vez que um Político teve alguma chance de se eleger para um cargo majoritário com uma campanha financiada por pessoas físicas, e não jurídicas (ou seja, grandes empresas), foi na última eleição para a prefeitura do Rio de Janeiro, em 2012. Não por acaso, o candidato do PSOL foi massacrado pelos “marketeiros” tanto da “esquerda” quanto da “direita”. Isto não quer dizer que ele seja um santo messias, quer dizer apenas que era o único que realmente tinha uma ideologia não comprada!

Então não é a toa que os que entendem alguma coisa de Política defendem uma Reforma Política urgente no Brasil, com financiamento público e exclusivo de campanhas, sem voto obrigatório, etc. Assim teremos a chance de ver diversos Políticos com suas ideologias próprias (e não compradas pelas empreiteiras) se candidatando e tendo chances reais de vencer eleições. Assim teremos, eventualmente, o ressurgimento da Política e da Democracia neste país.

E isto ainda seria só o primeiro passo... Com o ressurgimento da Democracia, então tanto a Esquerda quanto a Direita, tanto os defensores do Estado quanto os defensores do Mercado, poderiam debater e chegar a concordâncias possíveis para o nosso avanço sempre à frente. Isto seria muito mais saudável para o debate público do que o “combate a corrupção” (os únicos que são favoráveis a corrupção são os próprios corruptos, então de que vale defender o óbvio?).

Pois um Mercado totalmente livre, sem nenhuma regulamentação e intervenção do Estado, descamba para uma sociedade extremamente consumista (que pode eventualmente consumir tantos recursos naturais, que a própria espécie humana se veja ameaçada [1]) e para períodos de crises e “estouros de bolhas especulativas” na economia (sendo que os banqueiros jamais pagam a conta, exceto talvez na Islândia). Da mesma forma, um Estado totalmente controlador do Mercado, longe de corresponder a teoria de Marx, na prática tem descambado mais para uma espécie bizarra de “feudalismo moderno” (embora ainda existam todos os tipos de lendas acerca de como “o Comunismo na verdade deu certo”).

É por isso que devemos agradecer esta Primavera. Se vamos citar um trecho do nosso hino nacional, que seja antes este: “E o Sol da Liberdade, em raios fúlgidos, brilhou no céu da Pária nesse instante”. Afinal, ninguém parece ter compreendido e resumido melhor o sentimento e o sentido de esperança trazido pelos jovens da Mansão do Amanhã do que Eduardo Galeano. Foi numa breve entrevista dada aos jovens espanhóis na praça Catalunya que ele deu a mais profunda declaração Política deste início de século, e é com ela que eu encerro este artigo:

Aqui vejo reencontro, energia de dignidade e entusiasmo. O entusiasmo vem de uma palavra grega que significa “ter os deuses dentro”. E toda vez que vejo que os deuses estão dentro de uma pessoa, ou de muitas, ou de coisas, ou da Natureza, eu digo para mim mesmo: “Isto é o que faltava para me convencer de que viver vale a pena”.

Então estou muito contente de estar aqui, porque é o testemunho de que viver vale a pena. E que viver está muito, muito mais além das mesquinharias da realidade política e da realidade individual, onde só se pode "ganhar ou perder" na vida! E isso importa pouco em relação com esse outro mundo que te aguarda. Esse outro mundo possível.

Este mundo de merda está grávido de um outro!

O mundo a espera de nascer é diferente, e de parto complicado. Mas com certeza pulsa no mundo em que estamos. O mundo que "pode ser" pulsando no mundo que "é". Eu o reconheço nessas manifestações espontâneas, como as desta praça.

Alguns me perguntam “o que vai acontecer?”; “e depois, o que vai ser?”. Pela minha experiência, eu respondo: “Não sei o que vai acontecer... Não me importa o que vai acontecer, mas o que está acontecendo!”. Me importa o tempo que “é”.

***

[1] Se todo o mundo tivesse os padrões de consumo dos EUA (do início deste século), precisaríamos de uns 3,5 planetas para dar conta da demanda por recursos naturais. Dizem que o equilíbrio do consumo sustentável demandaria que todo o globo tivesse os padrões de consumo aproximados da Paris da década de 60. Nada mal.

Crédito da imagem: Google Image Search + Gibran + raph

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16 comentários:

Anonymous Anônimo disse...

o mundo está gravido sim, mas esse parto deve levar alguns anos.

aqui no brasil, vejo uma época sombria, e daí é que serão tiradas as lições necessárias para uma primavera de verdade.

21/6/13 16:51  
Blogger raph disse...

Infelizmente sou obrigado a concordar contigo...

21/6/13 17:09  
Blogger Hely disse...

Raph,

Não entender de teorias politicas facilita o cidadão de boa índole a cair nas armadilhas preparada pelas ideologias mais radicais, pois a maioria destas "armadilhas, foca justamente no sentimento altruísta que a maioria da humanidade comporta por culpa ou vocação.

Se você não quiser ser mais uma destas vitimas sugiro se inteirar um pouco mais do assunto, porque este artigo aponta para o caminho de algumas desta armadilhas, como se fosse uma solução para o "bem", a começar pela sua definição do que seja direita/esquerda.

Uma democracia saudável se dá com o equilíbrio destas duas vertentes e não pelo domínio de uma sobre a outra. Busque o "Caminho do Meio", seja prudente.

23/6/13 17:54  
Anonymous Anônimo disse...

Hely

pra mim o Raph entendeu perfeitamente, e ele é um ótimo analista político.

Superar diferenças é o desafio agora. O governo há muito tempo superou diferenças em nome dos interesses pessoais, o que vemos é um teatro do poder.

Agora precisamos nós, povo, superar diferenças em nome do coletivo, sem cair nas ideologias totalitárias do passado.

A situação trouxe a tona a sombra, o ódio, os preconceitos. Cabe a cada um trabalhar essas diferenças e se tornar mais consciente de si mesmo :)

23/6/13 19:26  
Blogger raph disse...

@Hely:

Como taoista, o Caminho do Meio é exatamente o que eu defendo. Não sei se chegou a ler essa parte do texto do artigo acima:

"E isto ainda seria só o primeiro passo... Com o ressurgimento da Democracia, então tanto a Esquerda quanto a Direita, tanto os defensores do Estado quanto os defensores do Mercado, poderiam debater e chegar a concordâncias possíveis para o nosso avanço sempre à frente. Isto seria muito mais saudável para o debate público do que o “combate a corrupção” (os únicos que são favoráveis a corrupção são os próprios corruptos, então de que vale defender o óbvio?)."

Abs
raph

23/6/13 20:50  
Blogger raph disse...

"A situação trouxe a tona a sombra, o ódio, os preconceitos. Cabe a cada um trabalhar essas diferenças e se tornar mais consciente de si mesmo :)"

Também uma situação que é referenciada no Tao Te Ching :)

Abs
raph

23/6/13 20:52  
Blogger Hely disse...

Raph,

Foi justamente esta sua frase que coloca Estado(esquerda) e Mercado(direita) que me levou a escrever o post. Este é o conceito da estrema esquerda(marxista) e não do socialismo que é a esquerda mais moderada.

Extrema direita é Teocracia(estado controlando preceitos morais)
Extrema esquerda é Comunismo(estado controlando o mercado)

Dentro destes dois espectros doutrinários existe uma gama de variáveis, como também entre o Totalitarismo e o Liberalismo.

abcs,

Hely

23/6/13 21:29  
Anonymous Anônimo disse...

hely

o proprio nome ja diz, totalitário se refere a uma massa única, com a mesma doutrina, que exclui todas as demais.

fascismo, nazismo, comunismo não foram teocracias e foram totalitários.

alguns paises islamicos tem forte influencia religiosa nas leis mas não são totalitários - sao proximos disso, mas contam com mais abertura politica.

em qualquer regime totalitario falta transparencia e é portanto muito mais corrupto que uma democracia.

liberalismo seria uma centro-direita, que garante a liberdade individual e a propriedade privada, mas sem foco em problemas sociais, acaba privilegiando quem ja tem privilegios.

o governo atual tem uma leve inclinacao a esquerda, por ter programas sociais. a direita acredita que esse é o grande problema, que é onde se gastam seus impostos. não é.

o caso aqui é que enquanto doutrinados se acusam, temos um sistema muito ineficiente e nao agimos na raiz dos problemas.

23/6/13 23:38  
Blogger raph disse...

Pois é Hely, como o Anônimo exemplificou acima, existem muitas "nuances de cinza" entre "esquerda" e "direita". No fundo são apenas rótulos que por vezes não auxiliam em nada na Política do século 21.

No caso, eu baseei minhas definições de Esquerda e Direita na explicação do Burgierman que precede sua crítica ao esquerdo-direitismo.

O que existe hoje no debate político é muito mais uma generalização apressada e uma rotulação geral dos esquerdo-direitistas ("se você não é esquerda, é direita", e vice-versa). Isso não ajuda em nada ao debate e muito menos a filosofia :(

Felizmente, são exatamente os jovens dos século 21 que estão cansados desta velha política. A questão é que precisamos desta Reforma Política para ontem, porque de tanto enxugar o gelo, é capaz de um dia ele derreter de vez.

Abs
raph

24/6/13 09:53  
Blogger Hely disse...

Raph e Anônimo,

A coisa é um pouco mais complexa principalmente porque cada doutrina tenta distorcer os conceitos a seu favor, então por falta de tempo e espaço, vou apenas focar de maneira bastante reduzida e sem didática nenhuma nos espectros extremos de direita/esquerda.

- Estados "TOTALITARIOS" utilizam duas maneiras para "CONTROLE DA MASSA” sem o uso excessivo da força:

1) - Controle Moral - Estados Teocráticos(EXTREMA DIREITA): O estado dita as regras de comportamento social/moral, retira as liberdades individuais e concede a liberdade econômica como contrapartida.

2) - Controle Econômico - Estados Comunistas(EXTREMA ESQUERDA): O individuo preserva a liberdade individual(moral) em troca da liberdade econômica.

obs.: A escravidão é a pratica destes dois controles, só possível com o uso da força, impraticável numa sociedade mais complexa e numerosa.

Empiricamente fica fácil constatar que a "liberdade" concedida em qualquer um dos dois casos extremos(individual/econômica) é falaciosa, pois uma anula a outra por consequencia, e o Estado acaba controlando as duas na pratica. É a escravidão disfarçada! Vide como exemplo de um lado no domínio Católico por séculos, no Islamismo em algum grau atualmente, ou então por outro na ex-URSS, Cuba, Coréia do Norte, etc.

Outra falácia conceitual, constatada nas colocações acima, é a que coloca o espectro
"progressista" como esquerda e o "conservadorismo" como direita e também dá para constatar a quem serve opor o “Mercado” ao “Estado”!

Os problemas sociais não serão resolvidos com restrições individuais ou econômicas, mas na justa distribuição dos recursos(Estado) gerados pela iniciativa privada(Capital). Neste caso precisa haver o equilíbrio entre os espectros "Capitalismo/Estadismo".

Obs importante: Capitalismo e Estadismo são espectros independentes de Esquerda/Direita, então devemos contextualizá-los como topo/base usando como referencia os vértices da figura de um losango.

É fato que entre os quatro espectros citados existe uma nuance quase infinita de cores dependendo da composição de cada matiz, mas esta é a base conceitual para entender um pouco mais claramente o jogo político e as suas armadilhas.

Evolutivamente estamos longe de alcançar um estado espontâneo de equilíbrio, então a melhor política ainda é a Democracia exercida como oposição contrária a qualquer uma destas forças. O perigo surge quando a democracia enfraquece permitindo que um dos lados domine.

Parafraseando Churchill: A Democracia não é a melhor forma de governo, mas ainda não inventaram nada melhor.

Raph, no mais eu concordo com você. É preciso urgentemente oxigenar nossa política, a democracia brasileira está bastante fragilizada justamente por falta de oposições contundentes ao status quo. Nos moldes atuais o Congresso virou refém do Executivo, perdeu uma de suas prerrogativas que é o debate das idéias e soluções; da fiscalização da coisa publica e do Estado de Direito; virou uma banca de negociatas e oportunidades escusas. A reforma política urgente é necessária, mas não nos moldes que quer o governo(esta é uma das armadilhas), a outra é que na ânsia de buscar o "novo" caiamos nas garras do "velho".

abçs,

Hely

24/6/13 15:23  
Blogger raph disse...

Oi Hely,

Então, pelo que pude compreender do que nos trouxe acima, você na realidade parece concordar inteiramente com o que foi dito no artigo, mas teme por uma "reforma política fajuta", que sirva aos ditames de um ou outro grupo ideológico que não necessariamente estará pensando em promover uma Nova Liberdade ainda inexistente no mundo.

Nisso também concordo contigo, e é aí que saímos um pouco da Política para algo mais abrangente...

O Novo Mundo é de parto complicado, mas ou chegamos a ele nos próximos 100-150 anos, ou provavelmente não restará um "mundo humano" onde haja algum debate Político ("o Deus do Consumo nos consumirá junto com ele" - para entender melhor esta frase procure ler o artigo "Onde está o seu deus?" [http://textosparareflexao.blogspot.com/2010/06/onde-esta-o-seu-deus.html]).

Nessas horas é que devemos agradecer ao fato de pessoas morrerem e outras nascerem, vindas da Mansão do Amanhã - esta é e sempre foi a única forma de se renovar o pensamento, e o mundo.

Abs
raph

24/6/13 16:16  
Blogger raph disse...

Demorou, mas finalmente parece que o PT está chegando ao Governo:

http://www.jb.com.br/pais/noticias/2013/06/24/dilma-propoe-constituinte-para-reforma-politica-e-mais-quatro-pactos-nacionais/

***

O que a Dilma propôs hoje:

"Reforma política - A ideia é construir ampla e profunda reforma política que amplie a participação popular. "O tema já entrou e saiu de pauta várias vezes. Vamos romper esse impasse", disse, acrescentando que vai propor debate sobre plebiscito popular para criar uma Constituinte exclusiva para a reforma politica. Dilma destacou o combate mais contundente contra a corrupção, criando uma nova legislação que equivaleria corrupção dolosa ao crime hediondo."

***

De um amigo:

"Assembléia Constituinte exclusiva é uma representação composta por não-políticos e principalmente de professores universitários, de entendedores de política, cientistas políticos, professores de direito constitucional, etc, para representarem a Nação. Não precisaria de partidos políticos – todos poderiam concorrer. O número dos candidatos eleitos seria rigorosamente igual ao número de parlamentares que hoje representam os diversos estados.

Motivo
Se for para uma Constituinte em que os mesmos que estão hoje no Congresso possam concorrer para a Constituinte a ser convocada e viessem a ser eleitos por opção política ou vinculados a partido, etc, tanto faria ter uma Constituinte ou fazer uma emenda constitucional, porque seriam os mesmos que iriam decidir em um ou outro processo. Nos grandes temas políticos há projetos de emenda constitucional no Congresso Nacional que não são examinados como, por exemplo, a questão da fidelidade partidária. Não é justo que um deputado que é eleito não só com seus votos mas com os votos dos outros elementos de seu partido possa sair do partido levando os votos que não são seus para um outro partido. Nada mais legítimo, portanto, que uma Constituinte fosse exclusiva de não-políticos. Porque aí professores de direito constitucional, jornalistas, representantes da sociedade concorreriam, formatariam uma Constituição num interesse muito mais da sociedade do que dos políticos e os políticos seriam obrigados a se condicionar."

24/6/13 18:19  
Blogger Hely disse...

Raph,

Eu não concordei inteiramente com o artigo. Nele existe um diagnostico correto, mas erra na causa e no remédio que pode matar em vez de curar. Eu busquei ser sucinto nas minhas postagens anteriores para não parecer proselitismo e não abrir um debate aqui.....rsrsrs

Eu tenho 57 anos e tanto quanto você, e estes jovens do século 21, sonho para o Brasil uma Política com “P” maiúsculo, mas o que temos hoje é a política(com p minúsculo) da pior espécie, muito pior do que talvez você imagine. A “engenharia” que existe por trás de toda esta roubalheira não é para o enriquecimento pessoal, mas para algo muito mais ambicioso e sinistro. Procure saber o que é o “Foro de São Paulo” e quais são seus objetivos disfarçados em democracia.

Precisamos ficar atentos para o que pode vir por aí não atrase ainda mais essa nossa democracia que mal engatinha. Eu vivi grande parte da minha vida numa ditadura de direita, que não difere em nada, nada mesmo de uma ditadura de esquerda: estatização, economia fechada, pouca liberdade individual, censura, falência econômica e política do Estado, injustiça social, insegurança do direito penal e civil, etc....Rezo para não ter que passar por isto outra vez!!!

Obs.: Eu ia fazer um comentário sobre as propostas da Dilma, principalmente sobre a reforma política, mas ele corre o risco de ficar obsoleto em poucas horas.....rsrsrsrs

abçs,

Hely

25/6/13 21:16  
Blogger raph disse...

Hely, se a última semana não demonstrou o quanto o entusiasmo da juventude está além de qualquer capacidade de "represamento" de uma Ditadura, seja de esquerda, seja de direita, não sei o que mais poderia demonstrar.

Certas camadas da população brasileira nunca deixaram, em realidade, de viver numa Ditadura, ao menos no que tange a repressão de uma polícia "militarizada" (que só existe aqui e em pouquíssimos outros países).

Agora, abdicar de uma Reforma de verdade, que possa acabar com o "grande negócio eleitoral" e dar uma real chance para a Democracia, por medo, é coisa lamentável.

E eu já lamento porque, por medo, a Dilma também já recuou da proposta da Constituinte exclusiva (uma das poucas notícias que me lembraram de Atenas e da origem da Democracia desde que tenho idade para votar). Contra esta mesma Constituinte, hoje também ouviu-se a voz desesperada de antigos corruptos, corruptores e simpatizantes do "deixe tudo como aí está e veremos no que dá", seja em Brasília, seja na grande mídia. Somente Joaquim Barbosa foi ouvido na GloboNews defendendo a ideia, mas isto quando estavam ao vivo. Depois foi editado (como é o costume da Globo).

Veremos se, mesmo julgando "em causa própria", este Congresso corrupto (em sua imensa maioria) ainda deixa passar uma ou outra legislação eleitoral que melhore um pouco as coisas.

Somos especialistas em enxugar gelo, mas quando ele derreter todos lamentarão pelo tempo em que podiam ter feito alguma Reforma real, e não fizeram. E ainda acho que o PT será o maior arrependido. E até lá muitos viverão com medo, como sempre.

Abs
raph

25/6/13 22:22  
Blogger Hely disse...


Raph,

De verdade, eu tenho medo destas propostas "progressistas" que partem das mentes petistas, que não tem NADA de social, mas de bolivarianas.

Sonho para o Brasil o modelo econômico/politico canadense, onde o Estado é social e o Mercado é liberal. Lá paga-se 40% de imposto de renda, 13% de imposto sobre produtos em troca de serviços públicos de primeira grandeza na educação, saúde, segurança...

abçs,

Hely

27/6/13 10:00  
Blogger raph disse...

Oi Hely,

Então, este é o modelo dos países escandinavos também, que a "The Economist" já chamou de "o próximo grande modelo econômico". Ele nada mais é do que um equilíbrio entre o Mercado e o Estado.

Agora, a Constituinte exclusiva seria, como o nome já dizia, exclusiva para a Reforma Política, o que afetaria só a legislação eleitoral. E seriam chamadas pessoas da sociedade civil, sem envolvimento com política.

Não entendo como as pessoas possam associar isto, IMEDIATAMENTE, a um "golpe bolivariano". Isto é medo, e somente medo. Não é lá muito diferente dos extremistas de esquerda que inundaram o Facebook com "sinais claros de que um novo 'golpe militar' estava em vias de ser implementado no país".

Onde impera o medo, impera o extremismo.

Agora sabe-se lá quando teremos outra chance de uma Reforma Política real, embora o Plebiscito ainda seja uma esperança...

Abs
raph

27/6/13 11:13  

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