3 Poemas
Amor sem Fim
Eu pareço ter amado você em inúmeras formas, inúmeras vezes,
Em vida após vida, idade após idade, sempre.
Meu coração enfeitiçado fez e refez o colar de canções
Que você aceita como presente, usa à volta do pescoço em suas muitas formas
Em vida após vida, idade após idade, sempre.
Quando eu escuto crônicas antigas de amor, é sofrimento amadurecido,
É o conto ancestral de se estar junto ou separado,
Assim que eu encaro mais e mais fundo o passado, no final você emerge
Envolto na luz de uma estrela-cadente cortando a escuridão do tempo:
Você se torna uma imagem do que é lembrado para sempre.
Eu e você temos flutuado aqui no córrego que flui da fonte
No coração do tempo do amor de um pelo outro.
Nós temos brincado ao lado de milhões de amantes, partilhado a mesma
Doce timidez do encontro, as mesmas dolorosas lágrimas de despedida -
Amor antigo, mas em formas que se renovam e renovam, sempre.
Hoje ele está guardado à seus pés, ele achou o seu fim em você,
O amor de todos os dias dos homens, tanto passados quanto eternos:
Alegria universal, tristeza universal, vida universal,
As memórias de todos os amores mesclando-se com esse nosso amor único -
E as canções de cada poeta, tanto passados quanto eternos.
-- Rabindranath Tagore (traduzido do inglês por Rafael Arrais)
A Oração ao Deus Desconhecido
Antes de prosseguir em meu caminho
e lançar o meu olhar para frente uma vez mais,
elevo, só, minhas mãos a Ti na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas de meu coração,
tenho dedicado altares festivos para que, em
Cada momento, Tua voz me pudesse chamar.
Sobre esses altares estão gravadas em fogo estas palavras:
“Ao Deus desconhecido”.
Seu, sou eu, embora até o presente tenha me associado aos sacrílegos.
Seu, sou eu, não obstante os laços que me puxam para o abismo.
Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servi-lo.
Eu quero Te conhecer, desconhecido.
Tu, que me penetras a alma e, qual turbilhão, invades a minha vida.
Tu, o incompreensível, mas meu semelhante,
quero Te conhecer, quero servir só a Ti.
-- Friedrich Nietzche (traduzido do alemão por Leonardo Boff, no livro Tempo de Transcendência)
O pequeno rochedo
O que Deus faz? O que fazia?
Há quem acredite que Ele intercede em cada dia
Realizando milagres ou punindo pecadores...
Há quem diga que Ele não existe
Pois nunca O viram, nunca O sentiram...
Ora, talvez Deus tenha estado todo esse tempo
Sentado no mesmo pequeno rochedo
Do qual criou todos os universos
E todos os mundos
Talvez, tenha ficado de tal maneira extasiado
Com a beleza de Sua própria criação
Que até hoje Nos observa na mesma posição
Sentado no mesmo pequeno rochedo
Onde fica a eternidade
Ali, onde o tempo não é indefinido
Mas antes, onde o tempo simplesmente não existe,
Ele nos ama...
Com o mesmo amor que criou o tudo...
E quem sente esse amor, acha que Ele intercede
E quem não sente, acha que Ele não existe
E finalmente, quem procura viver nesse amor
Sabe que mesmo não intercedendo, Ele se movimenta
E, mesmo não existindo dentro do tempo,
Ele existe na eternidade
-- Rafael Arrais (2008)
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1 comentários:
Muitos dividam que Nietzche possa ter feito tal poema, mas não sabem que o "deus" que ele queria matar era o "deus criado pelos homens", e não o Deus desconhecido.
Algumas referências em inglês do poema (em português tb temos inúmeras referenciando a mesma tradução de Leonardo Boff):
http://www.geocities.com/thenietzschechannel/npoem.htm
http://books.google.com.br/books?id=BSQJgIKTJ7QC&pg=PA11&lpg=PA11&dq=God+unknown+Nietzsche+poem&source=bl&ots=3QEgzPxq-o&sig=n6dHBhusxVsj2anF9yUaTyEX0W4&hl=pt-BR&ei=NSA4SvTSGtyMtgfUkM3ICQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=6
http://www.rhizome.org/discuss/view/42457
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