Marina e o Tao da Política
Quero me desculpar uma vez mais com os leitores por ter de me aventurar novamente na política, e mais precisamente no atual momento político do Brasil. Eu sempre tento evitar tocar no tema, mas desta vez não tive como me segurar, é algo que precisa sair de mim, transbordar em palavras... Portanto, como não sou nenhum especialista em ciências políticas, vou tratar do tema através do que eu entendo, e que a meu ver está em sua essência, o taoísmo (ou a arte de se perceber e compreender os opostos).
“Não sou nem de esquerda nem de direita”. Há muitos especialistas em ciências políticas que abominam quando alguém diz isto. Para os especialistas da chamada “direita”, denota algum grau de alienação. Para os especialistas da chamada “esquerda”, denota que “o sujeito é de direita, mas não quer admitir”. Então, vamos lá, eu admito, sou de Esquerda. Mas não a esquerda dos projetos de poder, não a esquerda do neofeudalismo, não a esquerda das revoluções pela força das armas...
Eu bem sei que o Che Guevara vende muitas camisetas, mas não posso concordar com ele quando diz que “há que endurecer, mas sem perder a ternura”. Para mim, não há como endurecer sem perder a ternura, uma coisa é totalmente incompatível com a outra. A Revolução que eu acredito não é armada, é a Revolução da liberdade das ideias, do compartilhamento de informações, da junção de etnias, culturas e visões de mundo diversas. Meu revolucionário não se chama Che, mas Aaron, Aaron Swartz, o homem do amanhã (que infelizmente, foi massacrado pelo mundo do ontem).
E, se eu sou de Esquerda, devo agradecer todos os dias por haver Direita. E devo respeitá-la quando o respeito é recíproco. Num país do século 21 onde não há oposição, onde não há visões contrárias, não há Política e tampouco liberdade. Há feudalismo (ou neofeudalismo), há sobretudo um grande resquício de Idade Média. Por outro lado, nem sempre os “sonhos de soberania do reinado” vêm do governo; tantas vezes vêm daqueles que controlam o sistema, a informação, e que se veem cada vez mais desesperados num século onde o conhecimento é cada vez mais livremente compartilhado, onde os pensamentos voam cada vez mais libertos.
“É somente porque há escuridão que sabemos o que é a luz. É somente porque há frio que sabemos o que é o calor. É somente porque há tempestade que sabemos o que é a tranquilidade”. Taoísmo básico. Uma eterna dança de opostos – e o mesmo, é claro, ocorre na Política. O problema está em associar o “bem” a um dos lados, e o “mal” ao outro. Os extremistas são grandes especialistas neste tipo de coisa, os verdadeiros mestres da falácia do “8 ou 80” – “ou está comigo, ou está contra mim”.
No entanto, é até estranho de se pensar, mas os extremistas necessitam ardentemente uns dos outros. Bin Laden necessitava ardentemente de George Bush, e vice versa. O Hamas necessita ardentemente de um governo de extrema direita em Israel, e vice versa. Até mesmo aqui pelo Brasil, como vimos nas manifestações populares de Junho de 2013 e nos meses subsequentes, os Black Blocs necessitavam ardentemente de uma polícia militarista e violenta, e vice versa... Um antigo rabino já havia resumido muito bem, “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”.
O que muitos de nós que são seduzidos pelas extremidades não percebem é que os extremistas acabam por ajudar uns aos outros. O maior “mal” dos extremistas não é o “lado oposto”, mas o fim do conflito, o mundo dos moderados, dos pacíficos, dos mansos. Dizem que os mansos estão “em cima do muro”, que são “alienados” e etc. Um antigo andarilho (que também era muito manso) já havia resumido isto também:
“A alma vem primeiro. Se você não mudar o que a alma deseja, você irá apenas substituir a dominação romana por outra dominação, e nada nunca irá mudar. Primeiro você deve mudar o homem por dentro. Então o homem pode mudar o que está a sua volta. É o desejo de riquezas e poder que faz com que o homem queira dominar os outros. É o desejo que precisamos mudar, precisamos primeiro libertar a alma. Com amor.” [1]
Então chegamos ao atual momento político do país, onde dois partidos que vieram da mesma família ideológica brigam entre si como irmãos raivosos, e creem piamente que um é o oposto do outro. O irmão da “direita” acusa o outro de “haver tomado controle do parquinho, e não querer mais sair de jeito nenhum”; já o irmão da “esquerda” retruca que “todos os garotos ricos estão com vocês, e eles falam um monte de mentiras para tentar convencer os garotos pobres de que queremos controlar os brinquedos, e isso não é verdade!”.
A verdade... A verdade é uma coisa complicada em Política. Uma das principais razões da criação da Política e da Democracia, e que pareceu clara aos filósofos gregos, é que “ninguém é o dono da verdade, até mesmo porque não existe verdade absoluta”. Desta forma, a Política nasceu como forma de criar um diálogo muito necessário entre os pensamentos e crenças opostas, de forma que não seja necessária uma guerra ou matança para decidir quem, afinal, “tinha razão”. E, da mesma forma, os acordos servem para que a vontade da maioria seja realizada, sem que no entanto a vontade da minoria seja ignorada, ridicularizada, ou censurada...
O maior divertimento para quem, como eu, se equilibra na mureta do caminho do meio, é observar como as pessoas raivosas de um lado muitas vezes se comportam como o reflexo das pessoas raivosas do outro. Isto nunca foi tão evidente quanto quando Marina Silva surgiu como possibilidade de “terceira via” para o governo do Brasil.
Antes de mais nada, devo dizer que eu não voto em Marina no primeiro turno das eleições de 2014. Mas não deixo de votar nela porque a abomino, deixo de votar nela simplesmente porque acredito que exista um candidato imensamente superior a ela e a todos os demais, que se chama Eduardo Jorge. Eu poderia lhes trazer mais parágrafos e parágrafos explicando o motivo pelo qual Eduardo, assim como tantos outros bons candidatos que não abandonaram suas ideologias na Política do país, dificilmente vencerá alguma eleição enquanto não jogar o jogo do Grande Negócio Eleitoral, e aceitar os milhões de financiamento das empreiteiras e outras grandes empresas, e então ser eleito com o rabo preso (e etc.), mas acredito que isto todos vocês já estão cansados de saber. Então, prossigamos...
Quando Marina tentou criar sua Rede, preferiram liberar para o Kassab e encrencar com ela. Quando Marina se aliou a Eduardo Campos, disseram que “ela jamais aceitaria ser vice” e que “ela quer somente o poder”. Quando, finalmente, a tragédia em Santos nos privou da companhia do neto do grande Miguel Arraes na vida política brasileira, Marina despontou como possibilidade altamente viável para vencer as eleições para a presidência. E adivinhem o que ocorreu? Os extremistas passaram a acusá-la de “pertencer ao outro lado”. Eu não sei quanto a vocês, mas eu me divirto muito comparando frases como estas [2]:
“Depois de Collor de Mello e FHC, Marina é o novo ilusionismo da direita.” (Sergio Saraiva)
“Confesso ao leitor: tenho calafrios com a imagem de um segundo turno entre Dilma e Marina. É uma visão assustadora.” (Rodrigo Constantino)
Daqui a pouco podem ser grandes amigos...
Se é quase automático o repúdio da extrema direita a candidatura de Marina, é um tanto quanto irônico que muitos “direitistas” se vejam quase que obrigados a apoiá-la num segundo turno, por aparentemente (segundo as pesquisas de opinião) ser a única capaz de retirar a presidenta Dilma Rousseff do poder.
É mais hilário, no entanto, ver a extrema esquerda se comportar exatamente como a direita, só que para atacar uma adversária que, até outro dia, estava brincando no mesmo parquinho.
É hilário ver as línguas venenosas nos blogs chapa branca e nas redes antissociais alertarem para “a teocracia evangélica que se aproxima”, enquanto quase que ao mesmo tempo, vemos Dilma se dirigir nestes termos aos religiosos da Assembleia de Deus [3]:
“O Brasil é um Estado laico, mas, citando um salmo de Davi, eu queria dizer que feliz é a nação cujo Deus é o Senhor.” (Dilma Rousseff)
Eu quero crer que Dilma estava apenas lendo um discurso do seu “marqueteiro” de campanha. Pois além da frase já não fazer o menor sentido, denota no mínimo um grau enorme de falsidade, considerando que a presidenta sempre foi, para dizer o mínimo, “católica não praticante”. O que o Grande Negócio Eleitoral não faz pelas ideologias e as crenças dos políticos...
Agora, vejamos o que a própria Marina, que sempre foi extremamente religiosa (só que de verdade: antes católica, e depois evangélica), tem a dizer sobre a relação entre a fé e o Estado [4]:
“Eu acho que a grande conquista do nosso país é ser um Estado Laico. Um Estado Laico não pode ser confundido com um estado ateu. Um Estado Laico serve para defender os direitos de quem crê e de quem não crê. E a construção da laicidade do Estado é uma construção da Reforma Protestante, é uma pena que as pessoas tenham esquecido disso. Havia uma Igreja oficial que na época estava intimamente ligada ao Estado, e esta foi uma grande contribuição do protestantismo, o conceito de separação entre Igreja e Estado.” (Marina Silva)
Então, Marina é conta às pesquisas com células-tronco? Contra a legalização do aborto? Contra o casamento gay? Muito provavelmente... Porém, ao contrário de outros políticos de ideologias maquiadas pelo marketing eleitoral, ela **sempre** defendeu suas convicções, e não mudou de ideia para ganhar votos. Da mesma forma, nada, absolutamente nada, indica que o fato de ela ser eleita acarretará no arquivamento ditatorial destas ideias. Ela pode fazer plebiscitos (aliás, como Dilma propõe em muitas áreas essenciais), vetar de forma ditatorial, jamais (e ainda que fosse o caso, o próprio PT, na oposição, ajudaria em muito a derrubar qualquer veto do tipo).
Finalmente, temos o costumeiro ataque da “esquerda” que visa associar Marina aos grandes empresários e banqueiros, como se isto por si só fizesse dela uma “bruxa do mal”... Quanto a esta última questão, prefiro deixar uma frase do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que reflitam, e aproveito para encerrar esta minha breve excursão pelo pântano da política brasileira [5]:
“Não tem lugar no mundo onde o [banco] Santander esteja ganhando mais dinheiro que no Brasil” (ex-presidente Lula)
***
[1] Em realidade um trecho de A última tentação de Cristo, de Nikos Kazantzakis. Porém, acho verossímil que Jesus tivesse uma visão parecida. Em todo caso, o que importa aqui é a mensagem em si.
[2] Escolhi dois jornalistas que dão voz a opiniões de extrema esquerda (Luis Nassif Online) e extrema direita (Rodrigo Constantino/Veja). Não quero aqui fazer nenhum tipo de comparação entre eles para além disso. A frase de Saraiva foi retirada do artigo O discreto charme de Marina Silva, publicado no blog de Luis Nassif. A frase de Contantino foi retirada de sua coluna para a Veja, intitulada Marina vem aí? Ou: A Rede da demagogia.
[3] Fonte: Reuters Brasil.
[4] Retirado de vídeo que anda viralizando no YouTube, intitulado Marina Silva - Democracia, laicidade e não preconceito (o trecho inicia em torno de 01:45). Fiz uma ligeira adaptação ao final para deixar mais clara a citação.
[5] Fonte: Estadão. O ex-presidente Lula citava o episódio envolvendo o banco Santander, que emitiu, uma semana antes, um comunicado sugerindo que se a presidente Dilma Rousseff fosse reeleita haveria uma deterioração na economia brasileira.
Crédito das imagens: [topo] raph (montagem com imagens de Che Guevara e Aaron Swartz); [ao longo] raph (montagem em cima de cartaz do filme Malévola da Disney, com Angelia Jolie)
Marcadores: Aaron Swartz, artigos, artigos (221-230), Brasil, Che Guevara, cristianismo, Dilma Rousseff, igreja, Lula, Marina Silva, política, protestantismo, religião, Tao Te Ching
15 comentários:
Grato por permitir esse transbordamento, caro. :)
Aproveito também para parabenizar pela série "Conectados". Estava muito boa e me motivou a ver o documentário sobre a vida do Aaron. Com certeza, ele sim, um verdadeiro revolucionário.
Abs!
Obrigado Saltador! Aaron foi extraordinário, estou esperando o vídeo ganhar legendas em português para fazer um post só com ele no blog :)
Abs!
Parabéns! Muito bem colocado! :)
O grande problema é, se queremos avançar politicamente, tem ter muito pragmatismo político em defesa da democracia tão duramente reconquistada. Não é o caso dos partidos de esquerda nacionais que apoio o projeto transnacional do Foro de São Paulo, tendo como modelo ideológico Cuba e apoiando a instalação de ditaduras como na Venezuela, Bolívia, Argentina, e outros na AL.
O PV, desde sempre teve o cuidado de se alinhar com o PT e nos governos Lulla e Dilma, se manteve na base, apesar dos fracassos na politica ambiental e os inúmeros casos de corrupção e alinhamento com ditaduras e grupos terroristas pelo mundo em uma geopolítica antidemocrática, contrária à propaganda libertária...
Uma pena mesmo que não tenhamos uma partido verdadeiramente ambientalista e menos marxista, assim como não tenhamos partidos conservadores e liberais, apenas variações da esquerda; apesar de todo o conhecimento técnico existente e das inúmeras tragédias ambientais anuais, indicadoras de que algo deve ser feito...
Durante as manifestações de Junho de 2013, muitos direitistas ficaram com muito medo de uma Revolução que terminasse em uma Ditadura Bolivariana, e muitos esquerdistas ficaram com muito medo de um Golpe que terminasse em uma Ditadura Militar.
Acho que isso também é muito bem explicado pelo taoismo :)
O mais surpreendente é que o Tao te King é uma sutra eminentemente politica; No capitulo 60:
Aforismo 60
Governar um grande reino é como cozinhar um pequeno peixe
Atuando sob o céu através do Caminho
Seus demônios não são despertados
Não que seus demônios não sejam despertados
Seu despertar não fere o homem
Não apenas que seu despertar não fira o homem
O Homem Sagrado também não fere o homem
Sendo que os dois não se ferem
Assim suas Virtudes se unem e retornam
Por isso que vivemos tanta discordância, tanta desconfiança, tantas injustiças e as consequencias desta fome imensa, ppmente dos partidos de esquerda, de aprisionar o mundo e adequá-los a sua vontade. O que nos leva nos aforismo 29:
Para quem deseja possuir o mundo e age para isso
Vejo, não o conseguirá
O mundo é um recipiente espiritual
Que não se pode manipular
Quem o manipula, destrói
Quem o retém, perde
Pois as coisas
Caminham ou acompanham
Sopram quente ou sopram frio
São rígidas ou flexíveis
Ligam-se ou rompem-se
Por isso, o Homem Sagrado
Elimina o excesso
Elimina a opulência
Elimina a complacência
na prática, um estado imenso e controlador é contrario ao Tao...
Sim, o governador que segue os preceitos do Tao Te Ching deve governar nos bastidores, e "deixar que o povo prospere por si próprio".
Na prática, isto é totalmente impossível no atual sistema político. Para se vencer as eleições, principalmente para a presidência, é basicamente obrigatório se tornar uma espécie de celebridade.
Isto vai para além de Esquerda e Direita, mas é óbvio que um Ditador é ainda mais contrário aos preceitos do Tao Te Ching do que um "presidente celebridade".
Já sobre a relação Estado e Mercado, é preciso haver um equilíbrio, sem que o primeiro sufoque o último, e sem que o último termine por esgotar os recursos naturais do planeta (que **são** finitos).
Seguem as minhas traduções para os trechos citados:
[60. Governando com virtude]
Governar um grande Estado é como cozinhar um pequeno peixe.
Quando o Estado é governado de acordo com o Tao,
os espíritos dos antepassados não demonstram sua força.
Os antepassados podem se manifestar,
mas não ficarão contra os homens.
Os antepassados até poderiam ferir aos homens;
da mesma forma, o sábio príncipe também poderia feri-los,
mas ambos optam por não ferir.
Quando o sábio e os antepassados se encontram em harmonia,
um não ataca o outro,
e suas virtudes convergem para a Suprema Virtude do Tao.
***
[29. O curso da natureza]
Aquele que deseja conquistar o Reino para si
jamais o conseguirá
através da ação irrefreada.
O Reino pertence à natureza do espírito,
e não pode ser obtido pela ação constante.
Aquele que o conquistar pela força,
o terá destruído.
Aquele que tentar segurá-lo nas mãos,
o verá escapar por entre os dedos.
O curso da natureza é como um fluxo.
O que estava na frente agora está atrás.
O que estava aquecido, encontramos congelando.
Algumas batalhas são ganhas através da força,
e outras, pela fraqueza.
Hoje predador, e amanhã a presa.
O sábio, portanto, procura evitar os excessos,
as extravagâncias e a arrogância.
***
É preciso notar que, embora fale sobre "um Reino", o trecho #29, seguindo a filosofia geral do Tao Te Ching, trata muito mais do "governo de si mesmo" do que propriamente de política (em minha tradução, sempre que identifiquei que os trechos falavam claramente do "governo de um Estado", mantive o termo "Estado"; noutros casos, usei o termo "Reino", pois identifiquei o conceito espiritual de "reinado sobre si mesmo").
Sobre o trecho #60, ele traz uma interpretação um tanto quanto profunda que vai para além da política, mas não convém abordar o assunto aqui...
***
A ideia do Tao Te Ching de um "governador desconhecido", atuando para o progresso de seu povo nos bastidores, sem exigir reconhecimento e honrarias, é infelizmente algo que se perdeu nos anais da antiguidade chinesa.
Em nosso mundo governado pelo marketing e pela mídia e, particularmente, em nosso Grande Negócio Eleitoral, tal "governador desconhecido" não teria a menor chance de se eleger, e mesmo que fosse o caso, dali para frente jamais conseguiria se manter fora do foco midiático.
Ótimo texto! Ontem, durante meu almoço, captei um fragmento de conversa alheia sobre eleições. Uma pessoa dizia à outra que, para governador no RJ, não votaria em ninguém no 1o turno, mas no 2o votaria em qualquer um exceto o X. Para presidente, outro discurso de falta de opção. Cheguei à conclusão que pesquisas de intenção de voto são "antidemocráticas". Muitos deixam de votar em pessoas com grande potencial simplesmente porque a pesquisa indica que não há chance de vitória...
Oi Rafael, é uma pena mesmo. Na verdade isso também demonstra como o sistema eleitoral do país favorece as velhas raposas da política.
Mas quando alguém vem falar em Reforma Política, particularmente em financiamento público e exclusivo de campanhas, a Grande Mídia trata logo de "abafar o caso". Eu me pergunto até quando o Brasil conseguirá suportar isso...
Caro Raph, acompanho o seu blog desde o começo no tdc, estudar ocultismo, me fez refletir muito sobre o melhor modo de governo/sistema politico, sabendo que temos diversas vidas e que temos que nos melhorar cada vez mais, percebi que o Estado é um grande mal contra a liberdade de escolha do ser, conheci o Libertarianismo, acredito que o thelema cabe muito bem nesse sistema,pois cada um faz com sua vida o que quiser e que colha o que planta, pois é a vontade de controlar os outros que faz as pessoas quererem que o governo intervenha aqui e ali, transformado o governo em uma entidade que fere a liberdade pessoal do ser.
Leia alguns autores liberais e libertarios há uma biblioteca enorme gratuita online, como no mises.org.br. Eu fiz o teste politico do diagrama de nolan que é muito bom, e quando eu desisti de tentar controlar o dinheiro dos outros e a opinião dos outros eu descobri o libertarismo.
Os grandes males atribuidos ao capitalismo ocorrem quando empresários usam do governo para controlar a população,o governo acaba se tornando o problema. Espero que acesses o site mencionado acima, há livros de ganhadores do nobel de economia,e esses livros fornecem um grande entendimento sobre o mundo politico.
93
att, Willian
Oi Willian,
Como falo no texto, se sou Esquerda, devo agradecer por haver Direita.
Na verdade o Diagrama de Nolan é algo essencial para despolarizar o debate, para as pessoas compreenderem que entre a chamada "esquerda" e a chamada "direita", há inúmeras nuances, e que nem todo sujeito de Esquerda quer uma intervenção absurda do Estado na economia, tampouco um Golpe Comunista ou Bolivariano; da mesma forma que nem todo sujeito de Direita deseja liberar os algoritmos de lucro do Mercado para "lucrarem até arrasarem os recursos do planeta", tampouco é Nazista ou tem "preconceito contra pobres"...
Abs!
raph
Bom texto.
Eu também me considero de esquerda (já que para alguns é fundamental que todos sejam rotulados), mas como bem vi o Lázaro Freire comentando no facebook, o mundo político não se divide apenas em esquerda/direita, mas há também o eixo "autoritário/libertário", e o espectro ideológico não apresenta apenas polos, mas uma faixa de transição entre estes.
Da mesma forma que você, não creio que mudança alguma seja possível se não partirmos da base, que é a nossa forma de pensar e de agir. Sem mudar a forma autoritária com que convivemos, recheada de relações de poder, não há como esperar algo diferente de autoritarismo vindo do Estado. E isso me lembra um pouco a proposta de um anarquista sufi, que talvez você conheça, mas fica o link caso haja interesse: http://pt.protopia.at/wiki/Hakim_Bey
De qualquer forma, acho muito perigoso que tantas pessoas estejam cogitando seriamente votar na Marina sem antes ao menos pesquisar as suas propostas. E sim, muita gente faz isso. A minoria, minoria mesmo com que tenho contato, sequer se dá ao trabalho de ler o plano de governo da candidata. O risco de uma decepção é enorme, mas nem tanto por culpa da Marina, mas por conta das pessoas que não buscam informação e vão na onda anti-Dilma. Mas também é fato que isso não é novidade...
O que sou contra no plano da Marina é que, pela impressão que tenho (e posso estar errado) é que o corte de gastos sociais a que ela se propõe vai acabar atarrachando na classe média, especialmente a classe média baixa. Com a manutenção de programas sociais, ela garante que não vai prejudicar (ao menos, não muito) a camada pobre. Ok, ponto pra ela. Por outro lado, ela disse abertamente que restringiria o PROUNI apenas aos estudantes de escola pública. Isso é oficial. Mas rumores (que não foram negados) dizem que ela pode se atrever a aprovar que se cobre mensalidades em universidades federais, "para aqueles que podem pagar".
Eu dei uma pesquisada antes para me certificar que não era boado, ou que não estou falando besteira. A ideia não é nova, aliás. Pelo que levantei, ela remonta ao FHC, e o PMDB já tinha levantado a ideia. A questão é que, no caso da Marina, o "poder pagar" parece ter sido vinculado ao "estudou em colégio particular". O problema é que generalizar dessa forma vai acabar sacaneando muita gente.
No Rio de Janeiro, por exemplo, há colégios cuja mensalidade é superior a 2 mil reais, e outros cuja mensalidade não passa dos 400. Considerar um aluno que estuda num colégio mediano (ou, como é muitas vezes, ruim) tem as mesmas condições que um que foi criado nos melhores ensinos da cidade, é muita falta de sensibilidade social. Muitas vezes, os que conseguem estudar em um colégio mediano só o conseguem por causa do sacrifício dos pais.
Porém, convenhamos. Pessoalmente, acho muito justo que não seja cobrado nada, independente de onde veio o aluno. Esse pensamento que considera a classe pobre como coitada é errôneo, não considera o esforço e mérito de cada um. Há desigualdade? Sem dúvidas. Mas todos (ok, quase todos) tem chances de mudar. Já existem cotas, já existem programas governamentais como o PROUNI e PRONATEC, já há bolsas pra caçamba cunhadas pelo PT. O que eu vejo é um desinteresse em promover uma equidade real (melhorando de verdade as escolas e hospitais públicos, por exemplo) porque dá trabalho e leva tempo. Com isso, acabam flagelando o "branco burguês gostoso", para dar a impressão de que estamos caminhando para uma igualdade real. O problema é que não estamos, e além disso, o branco burguês gostoso nem sempre é branco, nem sempre é tão burguês e nem sempre tão gostoso.
Claro que isso tudo que disse também se aplica numa certa medida ao governo da Dilma...
Oi Vinícius,
Legal, não conhecia o tal "anarquista sufi", vou ler mais sobre ele...
Já sobre o programa de governo da Marina e algumas propostas polêmicas, vale lembrar que:
1- Nenhum presidente aprova nada por decreto, em todo caso tudo precisa passar pelo Congresso, que hoje inclusive pode derrubar vetos presidenciais. Por exemplo, em relação a CLT, acusam a Marina de falar em "atualizar" a lei, mas a Dilma (como quase em todos os casos desse tipo de comparação) disse o mesmo, com outras palavras: "adaptar a lei".
Segundo o site DilmaMudaMais, associado a sua campanha:
"A presidenta lembrou que o governo participou de todo o processo de discussão terceirização quando o projeto de lei estava para ser votado no congresso. E deixou bem claro que não se deve confundir terceirização com precarização das relações de trabalho."
http://mudamais.com/divulgue-verdade/dilma-e-legislacao-trabalhista-terceirizacao-nao-deve-ser-precarizacao
Ou seja, o processo de "atualização" ou "adaptação" da CLT já corre solto no Congresso, e isso INDEPENDE de qual das duas será eleita. O mesmo vale para quase tudo o mais, inclusive essas questões que levantou...
O que isto quer dizer, para resumir, é que hoje quem governa o país é o PMDB, inclusive com a famosa "chantagem" do "faça isso senão eu derrubo os seus vetos".
2- Pelo menos a Marina apresentou um programa de governo, assim como Eduardo Jorge (desde Março/2014) e, acredito que ontem, Luciana Genro. Aécio ainda não apresentou, e Dilma já avisou que NÃO VAI APRESENTAR. Eu usei caixa alta para deixar bem clara a surrealidade da coisa :)
Abs
raph
E agora, a questão mais importante de todas as candidaturas a presidência, o Programa de Governo!
Vamos citar cinco candidatos.
O primeiro a apresentar um Programa foi Eduardo Jorge, do PV, ainda em Março:
http://www.eduardojorgepv.com.br/programa-brasil/
A segunda foi Marina Silva, do PSB (sem dúvida o programa de governo mais comentado das últimas décadas!):
http://marinasilva.org.br/programa/
Esta semana Luciana Genro, do PSOL, finalmente apresentou o seu:
http://lucianagenro.com.br/programa/
Já Aécio Neves, do PSDB. Bem... Ainda não deu tempo de apresentar. Quem sabe alguns dias antes da eleição né, Aécio?
https://br.noticias.yahoo.com/a%C3%A9cio-neves---n%C3%A3o-ser%C3%A1-um-programa-de-governo-feito-a-l%C3%A1pis-115834968.html
E, finalmente, Dilma Rousseff, do PT, não apresentou e NEM VAI APRESENTAR. Por que, segundo a Dilma, "o seu programa de governo está na realidade". Ok, então não fazemos ideia de como será a realidade do ano que vem, se a Dilma se reeleger (parece que não terá mais o Guido Mantega, é o que ouvimos dizer por aí, mas para o PT o que se fala não se escreve!):
http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2014-09-23/dilma-rousseff-diz-que-seu-programa-de-governo-esta-na-realidade.html
E estes foram os Programas (e Não-Programas) de Governo, pessoal!
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