Alguém constrói a Deus na penumbra
Falando de Espinosa, encontrei (e traduzi) este lindo poema em sua homenagem, do grandioso mestre das palavras - Jorge Luis Borges:
Benedito Espinosa
Bruma de Ouro, o Ocidente ilumina
A janela. O assíduo manuscrito
Aguarda, já carregado de infinito.
Alguém constrói a Deus na penumbra.
Um homem engendra a Deus. É um judeu
De olhos tristes e pele pálida;
O tempo o leva como leva o rio
Uma folha que desce pelas águas.
Não importa. O feiticeiro insiste em esculpir
A Deus com geometria delicada;
De sua enfermidade, de seu nada,
Segue erigindo a Deus com a palavra.
O amor mais pródigo lhe foi outorgado,
O amor que não espera ser amado.
Jorge Luis Borges (tradução de Rafael Arrais)
Baruch Spinoza
Bruma de Oro, el Occidente alumbra
La ventana. El asiduo manuscrito
Aguarda, ya cargado de infinito.
Alguien construye a Dios em la penumbra.
Um homem engendra a Dios. Es un judio
De tristes ojos y de piel cetrina;
Lo lleva el tiempo como lleva el rio
Una hoja en el agua que declina.
No importa. El hechichero insiste y labra
A Dios con geometria delicada;
Desde su enfermedad, desde su nada,
Sigue erigiendo a Dios com la palabra.
El más pródigo amor le fue ortogado,
El amor que no espera ser amado.
Jorge Luis Borges
***
Crédito da foto: roel1943
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