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17.2.20

Tudo o que há

Uma névoa sem forma
flutuava num espaço sem espaço;
e, no tempo do sonho
fez-se a luz, e lá havia alguém:
“Isto sou Eu”

Esta foi a primeira reflexão.

Então Eu tive medo de estar só
por toda eternidade;
e, no sonho do tempo
aglutinou-se a escuridão, é lá estava Eu:
“Não posso, não posso ser somente um!”

Esta foi a primeira dor.

E assim, Eu chorei,
e tenho chorado desde então;
mas, quando vi que de minhas lágrimas
nascia uma espiral de seres
e tempo e espaço e energia e matéria,
passei a contemplar aquilo que Eu mesmo
havia imaginado:
“Vida, vida e mais vida, é o que Eu desejo!”

Esta foi a primeira iluminação.

Eis que da pedra ao arcanjo,
do mais Abaixo ao mais Alto,
tudo o que há sou Eu,
tudo o que há é este momento
em que todas as minhas lágrimas perdidas
retornam como cocriadoras –
a sua vontade já é a nossa Vontade.

Mas, quando Eu decidir cerrar novamente os olhos,
tudo isso terá fim.


raph'20

***

» Parte da série "Mito da criação"

Crédito da imagem: Martin Pugh

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