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25.2.10

Pequeno hino para o Infinito

Tenho pensado em muitas coisas
Coisas demais, coisas profundas...
Na vida e na morte passageira
No tempo que segue na mesma direção
Em que todos arrastam suas almas
Dentre pântanos de solidão

Tenho tentado ser mais cético
Hoje talvez creia mais na esperança
Que o próprio ser traz dentro de si
Do que em bênçãos e salvações
E todas essas barganhas que os homens fazem
Com tais etéreas monções

Tenho me afastado de Ti
Tenho me reaproximado de Nós
Tenho orado menos com a voz
Tenho feito de minha vida uma oração
Que recita: “a todo ser basta querer,
eis que o pensamento abarca toda imensidão”

Tenho pensado em muitas coisas
Coisas demais, coisas profundas...
Na morte e na vida renovada
No tempo que se move sem sair do lugar
Em tudo isso que os homens pensam:
Em toda sua divina dúvida
Em toda sua angústia e perplexidade
Perante tamanho baile de estrelas
Dentre um Cosmos sem idade

Em suma, tenho pensado
Em tudo isso que os homens amam
E em tudo o que já amaram
Em tudo isso que buscam lá fora
E ainda não encontraram...

raph'10

***

Crédito da foto: Atronomy Picture of the Day (NASA)

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24.2.10

O cão e a carroça

Texto de Alain de Botton em "As consolações da filosofia" (editora Rocco) com citações de filósofos estóicos. Tradução de Eneida Santos. As notas ao final são minhas.

Os estóicos lançavam mão de uma imagem para evocar nossa condição de criaturas fortuitamente capazes de efetuar mudanças, apesar de sujeitas às necessidades extremas. Somos como cães amarrados a uma carroça que, a qualquer instante, pode se colocar em movimento. O comprimento de nossa trela é suficiente para nos permitir uma certa liberdade de movimento, mas não nos concede a autonomia necessária para vagarmos a nosso bel-prazer.

A metáfora foi formulada pelos filósofos estóicos Zenão de Cício (fundador da escola estóica) e Crisipo e relatada pelo sacerdote romano Hipólito:

“Quando um cão atrelado a uma carroça quiser acompanhá-la, ele é puxado por ela e avança, fazendo com que seu gesto espontâneo coincida com a necessidade. Mas se o cão decidir não se mexer, o movimento da carroça o obrigará a segui-la, de qualquer maneira. O mesmo acontece com os homens: mesmo que não queiram, eles são forçados a obedecer o que o destino lhes reservou.”

Naturalmente, um cão é livre para ir onde bem entender. Mas, como sugere a metáfora de Zenão e Crisipo, se seus movimentos estão tolhidos é melhor trotar para acompanhar a carroça do que ser arrastado e estrangulado por ela. Embora o primeiro impulso do animal talvez seja o de lutar contra a guinada repentina do veículo que o obriga a tomar uma direção imprevista, seu sofrimento só dura enquanto durar sua resistência.

Assim Sêneca se posicionou sobre o assunto [1]:

“Ao lutar contra o laço, o animal o aperta mais... qualquer cabresto apertado irá machucar menos o animal se ele se mover com ele do que se lutar contra ele. Somente a capacidade de resistência e a submissão à necessidade proporcionam o alívio para o que é esmagador.”

Para reduzir a violência de nossa insubordinação contra acontecimentos que tomam rumos opostos ao que desejávamos, devemos refletir que também nós temos um cabresto em volta do pescoço. O sábio aprenderá a identificar de imediato o que é necessário e o seguirá, em vez de deixar-se exaurir em protesto. Quando um homem sábio é informado de que sua mala se perdeu em trânsito, ele precisará de poucos segundos para resignar-se. Sêneca relatou de que forma o fundador do estoicismo se comportou quando soube que havia perdido todos os seus pertences:

“Ao ser avisado sobre um naufrágio e ser alertado para o fato de que sua bagagem havia afundado, Zenão comentou: ‘A Fortuna [2] me desafia a ser um filósofo menos sobrecarregado.’”

Isso pode soar como uma receita para a passividade e a placidez, um incentivo à resignação diante das frustrações que poderiam ter sido vencidas. Mas a argumentação de Sêneca é mais sutil. Existe o mesmo grau de irracionalidade em se aceitar como necessário algo que não é necessário e em se rebelar contra algo que é necessário. Podemos, com a mesma facilidade, cometer o mesmo erro, ao aceitarmos o desnecessário e negarmos o possível, e negarmos o necessário e desejarmos o impossível. Cabe à capacidade de raciocínio estabelecer a distinção.

Não importa que semelhanças possam existir entre nós e um cão atrelado, nós possuímos uma vantagem crucial: podemos raciocinar e o cão, não. O animal sequer percebe de imediato que foi amarrado a uma trela e nem entende a relação entre as guinadas da carroça e a dor que sente no pescoço. Ele se sentirá confuso com as mudanças de direção e será difícil para ele calcular a trajetória da carroça, portanto sofrerá puxões constantes e dolorosos. Mas a razão nos capacita a teorizar com precisão sobre a rota de nossa carroça e isto nos oferece uma oportunidade, única entre os seres vivos, de aumentar nosso senso de liberdade ao assegurar uma boa folga entre nós e a necessidade [3]. A razão nos permite determinar quando nossos desejos estão em conflito irrevogável com a realidade e nos desafia a não sentir revolta ou amargura, e sim a nos submetermos de bom grado às necessidades. Talvez sejamos impotentes para alterar determinados acontecimentos, mas permanecemos livres para escolher que atitude tomar em relação a eles, e em nossa aceitação espontânea da necessidade encontramos uma liberdade característica.

***

[1] Este trecho faz parte do capítulo intitulado “consolação para a frustração”,  baseado no pensamento do Sêneca. Como este livro também deu origem a um documentário da BBC, é possível ver o capítulo inteiro – incluindo a metáfora do cão, onde a carroça é sutilmente substituída por uma bicicleta pilotada pelo próprio Alain – no vídeo abaixo (e suas seqüências):

[2] Os estóicos freqüentemente faziam referências aos deuses não em um sentido religioso, mas no sentido dos arquétipos e conceitos universais que estes representavam. Epicteto ficou conhecido por “antecipar” o monoteísmo ao chamar a Zeus de Deus dos deuses. Zenão e Sêneca se referiam a Fortuna como uma referência ao destino, a sorte, aos acontecimentos da vida e da natureza sobre os quais não tínhamos controle algum.

[3] A melhor maneira de assegurar esta “folga” é exatamente avaliar de forma racional as nossas necessidades: que na maior parte das vezes, poderemos nos contentar com pouco, e a felicidade freqüentemente reside nas coisas simples, das quias infelizmente negligenciamos o real valor na maior parte da vida. No capítulo sobre Epicuro, intitulado “consolação para quando não se tem dinheiro suficiente”, Alain fala exatamente sobre isso. Sim, o livro é altamente recomendado e de simples leitura...

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Crédito da foto: Carlos Moraes

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22.2.10

BBB: Cativeiro social

Há muito tempo que os “intelectuais de plantão” se questionam como os reality shows alcançaram tanto sucesso na televisão mundial e, da mesma forma, na brasileira. Infelizmente não podemos nos orgulhar do nível intelectual do nosso programa mais longevo no ramo, o Big Brother Brasil – se, nessas dez edições, conseguimos completar um único dia de conversas consistentes sobre artes, filosofia, ciência ou religião, terá sido muito. Na maior parte do tempo o BBB mais parece uma novela onde os “mocinhos” tentam chegar a um “final feliz”, enquanto os “bandidos” tem seu momento de trunfo, mas sempre são eliminados ao final.

E porque será que gostamos tanto, enquanto sociedade e audiência televisiva, de observar a vida alheia e suas relações sociais – sejam ou não uma “realidade”? Porque será que certas pessoas da camada mais humilde da população chegam até a confundir realidade e ficção quando, ao encontrar pessoalmente um ator ou atriz que fazem algum papel de destaque em uma novela, os alertam para “tomar cuidado com o bandido” ou os atacam por serem eles mesmos os “bandidos” da história?

Talvez a resposta seja “que não temos escolha, pois está em nossos genes” [1]: Segundo a antropologia moderna, a empatia e a imitação talvez tenham sido a base do mecanismo que nos tornou humanos. Ao observarem outras pessoas em seu grupo social, nossos ancestrais começaram a tentar desvendar o que se passava em suas mentes – e, para tal, tiveram que imaginar cada qual como um indivíduo em separado. Segundo a teoria da mente, pela primeira vez nossos ancestrais adquiriram a capacidade de julgar a intencionalidade de outro indivíduo, passando a “pensar como se fossem outra pessoa”, na tentativa de antever suas ações.

Steven Mithen, em seu célebre livro “A pré-história da mente”, teoriza que os hominídeos pré-humanos apresentaram variadas gradações de módulos de inteligência – a inteligência geral, a naturalista, a técnica e a social. Porém, somente nos homo sapiens esses módulos da mente se unificaram em um único grande conjunto, de modo a possibilitar o surgimento da cultura, da arte e da religião humanas. No entanto, observando outras espécies ainda próximas em nosso galho evolutivo, como bonobos e chimpanzés, sabemos que de todos esses módulos, o que mais contribuiu na evolução cognitiva da mente humana foi, sem dúvida, o social.

Nas relações tribais antigas, sabemos que infelizmente estivemos muito mais próximos dos chimpanzés, e sua organização hierárquica em torno dos machos alfa, do que dos bonobos, e sua organização anárquica em torno da troca de favores sexuais, que apesar de escandalizar muitos “moralistas de plantão”, é sim muito benéfica no sentido de amenizar – ou até mesmo, erradicar – a violência entre os membros da mesma tribo, e inclusive entre tribos diferentes. Sim, ao contrário dos bonobos, não resolvemos nossas desavenças com sexo, e sim com força bruta – ou pelo menos assim tem sido nos últimos milhares de anos.

Porém, acima de tudo, sabemos que as relações sociais são baseadas primordialmente em confiança e desconfiança, em alianças e traições. Isso tem sido válido desde as primeiras tribos de hominídeos no sul da África até aos grandes impérios erguidos por seus descendentes, que atreveram-se a cruzar o Oriente Médio e eventualmente alcançar o restante do mundo. Nas relações tribais, muitos defeitos são relevados, mas quase nunca a falsidade e a dissimulação: todo chefe tribal e todo homo sapiens bem sucedido em relações sociais há que ter desenvolvido, em todos esses anos, uma capacidade sem igual de julgar as intenções alheias. Uma expressão falsa, um olhar dissimulado, um sorriso amarelo, e toda a nossa desconfiança entra em ação – algumas vezes, sem necessidade.

Mas nem sempre podemos estar cientes das intenções alheias. Ficamos preocupados, principalmente, em procurar compreender o que os outros pensam e falam sobre nós quando não estão em nossa presença. Nas relações tribais, a intriga e o jogo de alianças podem significar a sobrevivência do indivíduo e seu grupo de amigos. Como então estar à par do que os outros – principalmente os grupos rivais – pensam de nós?

Estima-se que, ainda na época atual, as pessoas passem em torno de 2/3 de seu tempo de interação com outras pessoas falando sobre assuntos de cunho social – ou, em outras palavras, fofocando [2]. Isso surpreendeu até mesmo os maiores entusiastas da psicologia evolutiva. E a explicação para isso é simples: foi através de nossas interações sociais ancestrais, desde as pequenas tribos africanas de onde viemos, que desenvolvemos a linguagem. E a linguagem sim, é o grande catalisador de tudo o que veio depois.

Ainda que mal saibamos nos expressar em bom português (ou no idioma nativo de cada um), é através da análise minuciosa das “sutilezas” da linguagem que nos tornamos animais com módulos de inteligência social especializados. É preciso não só compreender o que é falado, mas também reconhecer o tom de voz, a intencionalidade das expressões, a sinceridade do olhar, etc.

Mesmo com os esforços quase épicos de Pedro Bial, é muito difícil que um dia o BBB se torne um Café Filosófico [3]... Entretanto, não é sem razão que este jogo de cativeiro social nos atrai tanto, contanto que traga os ingredientse que nos excitam as idéias e memórias ancestrais: intrigas, alianças, traições, julgamentos, etc.

Ao contrário das novelas, e ironicamente mais próximo da mitologia, os reality shows raramente trazem personagens que podem ser reduzidos a “mocinhos” e “bandidos”. No uso de suas máscaras de personalidade, no entanto, os mais aptos são aqueles que, apesar de seus inúmeros defeitos morais, se mostram mais alinhados com a coerência e retidão de suas ações, mais fiéis aos amigos e menos dissimulados para com os oponentes. Apesar do peso do carisma e de um sorriso verdadeiro, não há quem sobreviva na tribo sendo falso; e por isso até hoje, após tantos anos, ainda somos capazes de nos irritar tanto com a falsidade.

Seguindo uma lógica parecida, podemos também compreender porque geralmente os excluídos da tribo são os que despertam a maior compaixão do público. Em nossos genes talvez ronde o horror que nossos ancestrais sentiram ao se encontrar nessa posição, sozinhos em meio a natureza selvagem, sem o seu grupo de caça, e dependendo apenas de si mesmos – e de seus deuses – para sobreviver. No BBB, o público faz o papel "divino" de interceder e mudar a história dos excluídos e injustiçados. Nesse caso, a voz do povo é realmente "a voz de deus".

***

[1] Na verdade, não exatamente, mas isso é uma outra história...

[2] Segundo a série de documentários “Evolução”, da NOVA, lançada no Brasil pela editora Duetto.

[3] Meu programa preferido na televisão aberta, da TV Cultura.

***

Crédito da foto: Divulgação (Pedro Bial, apresentador e jornalista).

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21.2.10

O universo-coral

O físico e surfista Garret Lisi apresenta no TED uma nova teoria sobre tudo baseada na geometria das partículas sub-atômicas e em sua possível relação com a geometria de 8 eixos de certos corais. Ainda não está muito bem explicado, mas sua teoria tem sido cada vez mais considerada como um contra-ponto a Teoria M e, no mínimo, uma bela aposta na capacidade da beleza da geometria em descrever o universo em que vivemos, unificando a gravidade com as outras forças (ainda que usando pontos, e não cordas ou branas):

Para ver com legendas em português: clicar no link "View subtitles" e selecionar "Portuguese (Brazil)" na lista.

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18.2.10

O princípio antrópico

Texto de Chris Impey em "O universo vivo" (editora Larousse). Tradução de Henrique Monteiro. As notas ao final são minhas.

A física contém alguns números persistentes e importantes – a massa do próton, a massa do elétron, a carga elétrica das partículas subatômicas, a energia das forças fundamentais da natureza e assim por diante [1]. Se muitos desses números fossem ligeiramente diferentes, não estaríamos aqui. Em outras palavras, torcer a base fundamental e a física ainda seria funcional, mas as conseqüências dessas leis agindo sobre o universo não incluiriam formas de vida baseadas no carbono como nós.

Os átomos são mantidos unidos por uma força nuclear forte, que tem um raio de ação muito curto e age como cola, e uma força nuclear fraca, responsável pela desintegração radioativa [2]. Se a força forte fosse um pouco mais intensa, a reação nuclear seria tão eficiente que as estrelas rapidamente transformariam quase todo o hidrogênio do universo em hélio e até em ferro. Sem nenhum hidrogênio, não existe água. Se, ao contrário, ela fosse um pouco mais fraca, a repulsão elétrica entre os prótons impediria a formação de todos os núcleos complexos, portanto não seria criado nenhum tipo de carbono [3]. Se a força fraca fosse um pouco mais forte, os nêutrons se desintegrariam tão rapidamente que os núcleos se desfariam antes que se produzissem quaisquer elementos pesados. Se ela fosse um pouco menos intensa, haveria grande quantidade de nêutrons disponíveis, com o resultado de que novamente todo o hidrogênio seria convertido em hélio e até em elementos mais pesados, sem que nada restasse para produzir água. Não estamos falando sobre nenhuma grande mudança; “um pouco” aqui significa de 5% a 10% [4].

E tem mais. A força eletromagnética controla as maneiras como os átomos interagem e explica a luz. Se essa força fosse ligeiramente mais forte, os átomos se tornariam egoístas e não partilhariam elétrons, e não seria possível nenhuma reação química. Se ela fosse ligeiramente mais fraca, os átomos não prenderiam os seus elétrons, e o universo se tornaria um mar de partículas soltas, sem nenhuma química possível. Não havendo química, nada de vida.

Ainda não acabou. A gravidade é a força mais fraca da natureza [5], mas de muitas maneiras ela é a mais importante, uma vez que esculpe tudo, desde planetas até a expansão cósmica. Uma gravidade forte faria com que se formassem estrelas maiores, as quais queimariam rapidamente e se tornariam instáveis; isso provavelmente não seria nada bom para a vida nos planetas nas proximidades de tais estrelas. Uma gravidade mais fraca seria pior, porque as estrelas não teriam massa suficiente para morrer explosivamente. As supernovas são necessárias para criar alguns elementos fundamentais para a vida e para dispersas o carbono e outros elementos pesados para regiões onde novas estrelas e planetas possam se formar [6].

A cosmologia nos presenteia com mais quebra-cabeças. Em grande parte da sua história, a expansão universal perdeu velocidade em decorrência da gravidade da matéria escura. No entanto, alguns bilhões de anos atrás, entrou em uma fase de aceleração quando a energia escura se impôs à gravidade mais fraca de toda aquela matéria altamente dispersa. A história desde o big bang é movida pela quantidade de matéria escura e de energia escura. As partículas comuns das quais você e eu e o nosso mundo familiar somos feitos são insignificantes nas suas conseqüências sobre a expansão [7].

Um universo com muito menos matéria teria se expandido mais rapidamente na fase inicial – tão rápido que a gravidade não teria tido tempo de exercer sua influência antes que tudo se transformasse em um gás frio e difuso. Se nenhuma estrela ou galáxia se formassem, não haveria vida. Um universo com muito mais matéria teria atingido um tamanho máximo e desmoronado totalmente sob o peso da própria gravidade [8]. Considerando que achamos que a biologia precisa de muito tempo – talvez 1 bilhão de anos – para se desenvolver, um universo bebê com este seria natimorto. O mesmo se aplica à energia escura; se ela fosse muito forte, o universo se destroçaria antes que a vida tivesse alguma possibilidade de se formar.

Acontece que a energia escura faz as galáxias se separarem com velocidade crescente. Isso acaba com a idéia das comunicações intergalácticas ou de uma consciência universal porque as galáxias acabarão se afastando mais rapidamente do que a luz pode se deslocar na distância entre elas [9]. O físico Freeman Dyson chamou a isso de universo Carroll, em referência a Lewis Carroll, porque “você precisa correr o máximo que puder, apenas para permanecer no mesmo lugar”.

As propriedades “especiais” do nosso universo levam a um princípio antrópico. O princípio antrópico não é uma idéia isolada; é uma rede de conceitos e argumentos lógicos, e tem provocado tanta controvérsia quanto confusão como qualquer outra coisa na ciência. Na sua modalidade mais fraca, o raciocínio antrópico é uma verdade incontestável: só podemos observar um universo que nos permita existir. A modalidade mais forte afirma que o universo precisava ser da maneira como é de modo a permitir que houvesse observadores inteligentes.

E o que vem a ser isso? Podemos virar e dizer: É claro que o universo é velho e grande, e as estrelas produziram carbono, e a química é possível. Se tudo isso não fosse verdade, não estaríamos aqui. Ou podemos ficar totalmente perplexos pela sorte inacreditável que levou à nossa existência [10].

***

[1] Alguns cientistas costumam dar nomes curiosos para esse fato: sintonia fina, coincidência cósmica, acaso fortuito, etc. É sempre mais simples “inventar” algum rótulo para evitar pensar sobre o assunto dentro da ciência.

[2] Princípios de ação e reação, criação e destruição, existem desde as partículas mais fundamentais do universo. Hermes Trimegisto seria hoje um grande entusiasta da física de partículas...

[3] As condições necessárias para se produzir carbono são tão “especiais” que o astrofísico Fred Hoyle chegou a especular, em um artigo intitulado “O universo: reflexões passadas e presentes”, que “um superintelecto está brincando com as leis da física”. Não é muito diferente da idéia básica dos deístas e panteístas.

[4] Apenas a título de curiosidade: as chances de você ganhar na mega-sena ou ser atingido por um raio são incomparavelmente superiores às chances de um universo assim ter surgido “por acaso”. Na verdade, poderia-se até dizer que isso seria impossível; ou para ficar no campo do bom humor, que seria mais fácil alguém ser atingido por um raio todos os dias, precisamente ao meio-dia, enquanto vivesse.

[5] Quando aproximamos um pequeno ima de geladeira de um clipe de papel, e ele se desloca em direção ao ima, estamos presenciando a força eletromagnética de um pedaço de ima vencer toda a força gravitacional da Terra. A gravidade é realmente fraca. No entanto, segundo a Teoria M, ela seria uma força atuante em várias dimensões – inclusive dimensões ainda não detectáveis pela tecnologia atual –, e isso explicaria o fato de ser tão fraca “em nossa dimensão”.

[6] Vide a nota #2 acima. Só que dessa vez, a lógica é aplicada ao macro-cosmos. “O que está em cima é como o que está embaixo” – Hermes continuaria satisfeito.

[7] Somos formados pela matéria que preenche cerca de 4% da matéria e energia do Cosmos. O resto (96%) não interage com a luz, e até hoje não foi detectado diretamente em laboratório.

[8] O big crunch seria o inverso do big bang, ou mais ou menos como “retroceder” no tempo do universo, de volta ao “bang” inicial.

[9] O universo é tão grande que mesmo que nos desloquemos a velocidade da luz em qualquer direção à partir da Terra, existirão galáxias inatingíveis, se afastando a tanto tempo que nem a luz conseguirá vencer a distância. A velocidade da luz delimita nosso horizonte cósmico.

[10] Ou seja, o pensamento científico moderno prefere não de “deter” com a questão da “sintonia fina” das forças da natureza. “É assim porque é, se não fosse não estaríamos aqui em todo caso, porque perder tempo especulando a razão disso tudo?” – Mas nem sempre a ciência se fez com tal racionalidade. Em seus primórdios, junto ao logos grego, buscar o Mecanismo e o Sentido do Cosmos eram atividades irmãs, e não distintas. Talvez a ciência moderna tenha perdido a perplexidade dos gregos perante o infinito do Cosmos, ou talvez os cientistas estejam apenas “escondendo o jogo”, com medo de perder certos financiamentos por conta de “idéias heterodoxas”. Depois de conhecer gente como Sagan, Hawking, Greene e outros tantos, a segunda opção me parece a mais provável.

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Crédito da foto: Astronomy Picture of the Day (NASA)

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12.2.10

Seria o Sol um buraco negro?

Essa é uma das possibilidades heterodoxas consideradas com seriedade pelas teorias de Nassim Haramein, que inclusive admite que foi expulso de algumas conferências se física exatamente por levantar essa pergunta... Ocorre que algumas evidências para suas teorias começam a surgir. Os físicos já sabem que a maior parte das galáxias - senão todas - possuí um buraco negro super massivo em seu centro. Atualmente, já se perguntam se não seriam os buracos negros os "construtores" de galáxias.

Recentemente, algumas imagens da superfície do Sol conseguidas pelo telescópio espacial japonês Enori parecem corroborar para a possibilidade do Sol ter um buraco negro em seu interior:

Claro que daí a afirmar que até mesmo átomos possuem um buraco negro em seu interior é um grande salto. De qualquer forma, talvez o "pensamento fora da caixa" de Haramein ainda seja de grande ajuda a cosmologia moderna:

O vídeo acima é parte de uma longa palestra de 45 partes que se encontra inteiramente legendada em português no YouTube.

» Mais posts sobre Nassim Haramein neste blog.

Nota: Nassim Haramein até hoje não tem trabalhos científicos publicados em sites ou revistas de renome, e suas teorias não são consideradas de forma séria (ao menos até o momento) pela comunidade científica internacional. Isso não quer dizer que seja um charlatão ou uma fraude, apenas um homem com idéias heterodoxas acerca da geometria do Cosmos.

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O reino de Asoka, parte 3

continuando da segunda parte...

Atordoado pelo olhar firme e tranqüilo daquele monge pronto para a morte, Asoka se lembrou do olhar do avô, pouco antes da batalha em que desapareceu, tornando-se um monge jainista. Sacou a espada do avô e cravou-a ao solo, próximo de Samudra, que então fechou brevemente os olhos e disse:

“Vejo que está pronto, o primeiro ato para a não-violência é deixar a espada de lado.”

“Sim, agora eu entendo o que meu avô quis dizer. Em minha última batalha em Kalinga, matamos mais de 100 mil homens de seu exército, e perdemos 10 mil de nossos soldados. Que maldição! Que ignorância! O que eu tenho feito? Se foram vitórias o que obtive nesses anos todos, o que seriam então derrotas? Alguém perdeu seu marido, e outro um pai, ainda outro um filho, e há mulheres que tenham perdido a vida junto com sua criança na barriga... Não há sentido em tamanha loucura, se conquistar significa dizimar, então todos os conquistadores são tolos, e eu sou o maior deles!”

“Mas foi para os tolos que o Buda trouxe seus ensinamentos. Enquanto vivia em seu palácio, ignorante do sofrimento do mundo, eis que ele mesmo era também um tolo. Para tudo isso há remédio. Só não há remédio para quem está ainda cego, para quem insiste em caminhar no caminho circular, e retorna sempre para onde acabou de sair...”

“Mas como eu vou me regenerar? Como vou convencer o povo da não-violência, se eu mesmo tenho sido um invasor brutal?”

“Primeiro com o exemplo, depois com o ensinamento das nobres verdades do senhor Buda. É isso que todos temos feito, a diferença é que eu sou monge, e comando apenas a mim mesmo, e você é imperador: o seu fardo é mais pesado.”

“Oh nobre Samudra, que os deuses lhe abençoem por ter me encontrado  nesta prisão. Eu que um dia quis conquistar toda a extensão dos horizontes, hoje percebo que até hoje conquistei apenas sombras e fumaça, e o que sou permaneceu selvagem e descontrolado. De agora em diante irei conquistar apenas a mim mesmo, e farei de tais ensinamentos a lei para todo o meu império!”

E o primeiro ato de Asoka foi destruir o seu poço infernal, e destituir Girika do cargo de executor real, não mais necessário. Com o auxílio de Samudra, estabeleceu novas leis para o Império Máuria, que foi o grande responsável pela propagação do budismo no mundo antigo.

Asoka defendeu até o fim da vida os princípios do dharma, como a não-violência, a tolerância a seitas e opiniões contrárias, a obediência aos pais, o respeito aos brahmans, professores e sacerdotes de todas as religiões, a tendência para a amizade entre os povos, a observação dos direitos humanos de escravos e serviçais, e até mesmo aos direitos dos animais...

Embora certamente pudesse ter marchado e seguido em suas conquistas territoriais até a borda do império romano, e provavelmente além dela, deixou a fronteira do império intacta, e se preocupou apenas com a conquista da verdade. Asoka ficou desde então conhecido como Dhammashoka (sânscrito), “o seguidor do dharma”, ou simplesmente como Asoka o Grande .

Em todas as grandes cidades, mandou construir os Pilares de Asoka, muito mais famosos que seus poços infernais: ao invés de prisões que se estendiam para abaixo do solo, construiu pilares que apontavam para o céu, com as leis do dharma gravadas em sua superfície, para que todos os povos pudessem ler.

Eis a história de como um homem teve de abdicar de seu vasto reino para finalmente conquistar algo de real. E conquistando a si mesmo, tornou-se enfim um verdadeiro imperador de homens e almas de homens, e não de sombras e cadáveres... Não se sabe se Asoka conseguiu limpar a consciência de todas as guerras e execuções, e de todos os sonhos sombrios de glórias efêmeras que tenha tido em sua fase de caminhos circulares e ignorância – porém, desde que encontrou o caminho sem fim para a verdade, reconheceu qual era o melhor caminho. E isso é, no fim, o que importa.

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Crédito da foto: Velachery Balu (réplica dos 3 leões esculpidos sempre no topo dos Pilares de Asoka - há ainda muitos pilares originais na Índia)

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11.2.10

O reino de Asoka, parte 2

continuando da primeira parte...

Um dos ministros de Asoka exercia o cargo de conselheiro direto do imperador. Asoka confiava plenamente nele, e acatava muitos de seus conselhos. O conselheiro então, verificando que Asoka perdia mais tempo preocupado em julgar e executar os criminosos, rebeldes e traidores do império, do que em efetivamente governar as províncias, aconselhou-o: “crie o cargo de executor real, deixe que outra alma se encarregue dessas decisões negras, e fique livre para governar sem se preocupar em julgar.”

“Mas onde vou encontrar alguém que seja tão implacável quanto eu em seus julgamentos?” – perguntou o jovem imperador. O conselheiro então indicou um jovem chamado Girika, que diziam ser tão maquiavélico que não poupara nem a própria família de sua ira. Seguindo o conselho mais uma vez, Asoka nomeou o jovem Girika como executor real. Em seu primeiro dia no cargo, Girika ordenou a construção de um poço nas imediações da capital. Diziam que era um poço inspirado no mesmo poço que Asoka construiu para matar o irmão. No entanto, em torno da construção cresciam belos jardins, de modo que mais parecia que uma casa de descanso paradisíaca estava sendo construída sob a terra.

Quando o poço oculto em sua entrada florida ficou pronto, Girika chamou Asoka para inspecionar a obra:

“Eis o inferno sobre a terra, meu senhor!” – exclamou Girika.

“Inferno? Mas como? Isso mais parece um jardim de meditação” – respondeu-lhe Asoka, um tanto confuso.

Girika então convidou o imperador para adentrar o poço, e Asoka percebeu que os jardins da entrada escondiam um poço ainda mais infernal do que o anterior: rios de óleo negro escaldante escorriam por entre frestas nas paredes, apenas pequenas ilhas de pedra pontiaguda se elevavam acima do mar de fogo – quem quer que ali fosse jogado, teria uma morte dolorosa, definitivamente!

Asoka ficou maravilhado com a obra, e perguntou se Girika não necessitava de alguma compensação por tão brilhante empreendimento. O executor real apenas pediu para que qualquer um que fosse condenado a entrar naquela prisão disfarçada, nunca mais pudesse sair dali. O imperador concordou, e então estava criado o famoso Inferno de Asoka...

Durante os anos que se passaram, muitos foram os condenados ao Inferno de Asoka. Ludibriados por sua aparência externa, muitos condenados o escolhiam de livre vontade, imaginando que se tratava apenas de um jardim recluso, onde cumpririam sua pena em vida contemplativa. E assim foram as histórias de dolorosas mortes no lago infernal de Asoka, até que um monge budista foi confundido com um rebelde, e condenado injustamente ao poço.

Samudra era monge à muitos anos, e se encantou com os belos jardins que escondiam o Inferno de Asoka. No entanto, lá adentrando, percebeu que logo teria seu fim. Ao contrário de todos os outros que encararam o lago de fogo, Samudra não pareceu se abalar nem um pouco com seu destino. Girika pareceu comover-se com o fato, e chamou seu mestre para se certificar de que gostaria mesmo de arremessar aquela criatura pacífica no poço.

Asoka veio e, observando a atitude do monge, questinou-o:

“Porque está sorrindo para mim? Você não é um dos rebeldes que gostaria de me ver morto?”

“De modo algum, não sou eu quem decide quem vive e quem morre. Por acaso o senhor pode decidir sobre a vida e a morte?”

“É claro, eu sou Asoka, imperador de todas as terras ao sul e futuro conquistador dos povos do ocidente e do norte. Minha palavra é a lei!”

“Muitos antes de você também disseram o mesmo, e hoje se foram. Não há quem possa decidir quando e como vai morrer. Tudo o que sabemos é que partiremos um dia, então porque a necessidade de um império? Nenhum império atravessa o véu conosco, para o lado de lá...”

Asoka nunca havia sido tratado de forma tão insolente desde que se tornara imperador. Furioso, fitou o monge e bradou:

“Se eu ordenar, Girika irá arremessá-lo neste poço e terá uma morte terrível! É isso o que quer, testar se sou ou não sou capaz de decidir quem vive e quem morre? Pois posso lhe matar neste momento!”

O monge fitou o imperador, sem perder o sorriso entre os lábios nem por um momento:

“E não foi o que eu disse? Você pode até decidir quando alguém vai morrer, mas de sua própria morte, isso ninguém sabe. No entanto, fico feliz por ter conhecido jardim tão belo pouco antes de aqui adentrar... Vou manter o jardim em mente, e esquecer que estarei derretendo em um lago de fogo.”

Asoka ficou atônito. De certa forma, de todas as batalhas que havia participado, em nenhuma delas havia enfrentado um homem tão corajoso quanto aquele monge. Asoka dominava vasta extensão da Ásia, e era tratado como um semi-deus por seu povo, mas nunca havia conseguido encontrar aquela paz que via na feição de um ser pronto para a morte. Aliás, para uma morte dolorosa.

Samudra entoou um belo cântico budista, respirou profundamente e olhou fundo nos olhos de Asoka:

“Vá, faça o que tem de fazer. Mate-me!”

continua...

***

Crédito da foto: buecherwurm

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10.2.10

O reino de Asoka, parte 1

Esta é a história de Asoka, e de como um homem teve de abdicar de seu vasto reino para finalmente conquistar algo de real [1]...

Asoka era um dos filhos do imperador Bindusara, e neto do grande Chandragupta Maurya, primeiro grande imperador da Índia, que surgiu do norte com um bando de tribos e acabou conquistando quase todo o território indiano moderno, no que ficou conhecido pela história com o Grande Império Máuria, que durou de 322 a 185 a.C.

O avô de Asoka conviveu com o neto durante sua infância, e muitos diziam que se tratava do seu neto favorito: “possuí um grande intelecto e habilidade em combate incomparável, com o tempo e a sabedoria se tornará o imperador ideal”. Chandragupta sabia do que estava falando, havia batalhado a vida toda, conquistado cada palmo de terra ao custo de inúmeras vidas e rios de sangue. No fim da vida, este peso sobre as costas era cobrado pela sabedoria que adquirira ao entrar em contato com a religião dos jainistas. Que paradoxo: o homem responsável por tanta matança, em seu íntimo sabia que estava condenado pela própria consciência, agora aberta para as idéias mais profundas do Jainismo.

Foi em uma de suas batalhas que Chandragupta desapareceu para se tornar um monge jainista, deixando para trás apenas a sua espada fincada nas planícies de arroz e sangue. O avô de Asoka havia lhe alertado que ninguém deveria carregar tal espada, amaldiçoada por anos e anos de matanças. Mas Asoka ignorou o aviso: ao avistar a espada do avô, guardou-a antes que outros de seus irmãos e meio-irmãos mais velhos a vissem. Este foi o início do desejo de Asoka de se tornar, ele também, um grande imperador!

Susima era um dos irmãos mais velhos de Asoka, apenas mais um preocupado em ser o escolhido do pai para se tornar o próximo imperador do Grande Império Máuria. Em seu jogo de política e influência, conseguiu sorrateiramente convencer o pai a enviar Asoka para as províncias mais perigosas do reino, onde haveria mais chances de perder uma batalha contra os rebeldes e invasores, e ser definitivamente eliminado da disputa. Asoka, entretanto, repelia os invasores com táticas de batalha cuidadosamente planejadas, e acalmava e persuadia os rebeldes com seu carisma e sua oratória épica, sempre prometendo a todos que comandaria o império até conquistar todas as terras conhecidas...

Apesar do pai, Bindusara, não ter Asoka como seu preferido, com o tempo e os contínuos sucessos de suas campanhas, todos os ministros do imperador sabiam que a escolha mais sensata seria Asoka, e não seu irmão Susima. A sorte de Asoka brilhou no dia em que seu pai morreu repentinamente, tossindo sangue, enquanto seu irmão Susima estava distante da capital do império. Todos os ministros se apressaram em coroar Asoka o imperador, ainda que todos esperassem o retorno de Susima e algum conflito em relação à questão. “Pena que Susima vá regressar e tomar o reino de volta, Asoka seria um imperador bem melhor” – refletiam a maioria dos ministros.

Mas não foi o que ocorreu – assim que tomou o poder, brandiu a espada de seu avô, Chandragupta, e bradou a todos: “eu sou o escolhido dos deuses, eles desceram a terra e me trouxeram a espada de meu avô, eu serei o imperador do mundo!” – Não houve quem duvidasse que Asoka realmente desejava conquistar todo o mundo. E o retorno de seu irmão era apenas o primeiro obstáculo que se interpunha entre ele e seu grande objetivo.

Asoka então mandou construir o primeiro de seus poços infernais na entrada da capital: era um buraco fundo o suficiente para que toda a guarda pessoal de seu irmão caísse, ao galopar de volta descuidadamente. No interior, carvão em brasa. Susima e toda a sua guarda tiveram uma morte agonizante em meio ao fogo e as estocadas de lança dos soldados do império, agora leais a Asoka. Os ministros que não concordaram com a forma brutal com que Asoka eliminou sua concorrência direta ao trono foram banidos ou executados impiedosamente. Nascia um novo Asoka, um homem determinado, sombrio, sanguinário, que não mediria esforços até que seu desejo fosse concretizado:

Asoka o Cruel queria dominar todas as terras abarcadas pelo horizonte!

continua...

***

[1] Conto baseado na vida de Asoka o Grande, imperador Máuria de 269 a 232 a.C., e figura mítica do Budismo. Não necessariamente absolutamente fiel a história.

***

Crédito da ilustração: Divilgação do filme Asoka (2001).

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