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25.6.21

Novo serviço de newsletter do nosso blog (Follow.it)

Olá pessoal, este post é só para informá-los que estamos mudando o serviço de newsletter (atualizações do blog por e-mail) para o Follow.it, uma vez que o Feedburner vai deixar de enviar newsletters em breve.

Para quem já assinava nossa newsletter no Feedburner, não será necessário fazer nada, uma vez que os e-mails cadastrados serão atualizados no Follow.it. No entanto, se preferirem, podem se adiantar e fazer a inscrição em nosso novo feed no Follow.it.

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Até mais, e boa leitura!

 

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9.6.21

Poemas de Shams de Tabriz

Shams de Tabriz foi um místico sufi andarilho que eventualmente cruzou seu caminho com Jalal ud-Din Rumi, e o influenciou diretamente em seu caminho na poesia. Essa história já foi relatada aqui no blog, em um post intitulado O encontro de dois oceanos.

Aqui trago apenas alguns dos seus textos, selecionados, traduzidos do inglês e adaptados à métrica poética por mim mesmo. Eles farão parte do meu próximo livro sobre Rumi, intitulado Rumi – Além das ideias de certo e errado (veja a capa ao final):

 

[O Ancestral]

A verdade é o Ancestral,
o ser que não tem início.

Onde aquele que foi criado
poderá encontrar o incriado?
Como poderá compreender?
Como poderá saber onde reside
a Alma de todas as coisas?

 

[A face de Allah]

Se olhar a sua volta, poderá encontrar a face de Allah em cada pequena coisa.
Ele não se esconde numa igreja, mesquita ou sinagoga, mas se espalha sobre tudo que há.

Ninguém vive após vê-lo face a face.
Ninguém morre após vê-lo face a face.
Aquele que o encontra, permanece com ele
na Eternidade.

 

[Eternidade]

O passado é uma interpretação. O futuro, uma ilusão.
O mundo não se move pelo tempo como numa linha reta,
do passado ao futuro;
na realidade é o tempo que flui através de nós,
em infindáveis espirais de percepção.

Eternidade não significa tempo infinito,
mas simplesmente a ausência de tempo.
Se você deseja viver a iluminação eterna,
tire de sua mente o passado e o futuro,
e viva este momento.

[Céu e Inferno]

Não busque pelo Céu
nem tema o Inferno no futuro:
ambos já estão aqui presentes.

Sempre que conseguimos amar sem expectativas,
sem barganhas ou negociações,
nós já estamos no Céu.

Sempre que deixamos o ódio nos dominar,
e colocamos barreiras entre nossos corações,
nós já estamos no Inferno.

 

[Santidade]

Eles dizem que eu sou um santo.
Eu respondo: “Que seja, mas o que isso me traz de felicidade?”

Se eu me orgulhasse da santidade,
já não seria santo.
Mas se alguém observa com atenção
os princípios do Corão e os ditos do Profeta,
ele já estará envolto em santidade.

Assim, eu faço parte da santidade do santo,
do amor do Amado,
e sigo sempre constante em meu caminho.

 

Veja mais poemas de Shams de Tabriz em nosso próximo livro sobre Rumi, que deve ser lançado até o final de 2021 (em e-book e versão impressa):

***

Crédito das imagens: [topo] Google Image Search (Mausoléu de Shams em Khoy, no Irã); [ao longo] Google Image Search; Rafael Arrais e svklimkin/unsplash license (capa do livro).

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4.6.21

Poemas de Rabia

Rabia Basri foi uma santa dos primórdios do sufismo, o misticismo do Islã. Sua poesia avassaladora influenciou diretamente grandes místicos sufis que lhe sucederam, como Farid ud-Din Attar e Jalal ud-Din Rumi. Eu conto mais sobre as lendas da sua vida em outro artigo.

Aqui trago apenas alguns dos seus poemas, que farão parte do meu próximo livro sobre Rumi, intitulado Rumi – Além das ideias de certo e errado (veja a capa ao final):

 

[Se eu lhe adorar pelo medo do Inferno]

Se eu lhe adorar pelo medo do Inferno,
me queime no Inferno;
se eu lhe adorar pelo anseio do Paraíso,
me expulse do Paraíso;
mas se eu lhe adorar pelo que você é,
não esconda de mim a sua face!

 

[Minha paz]

Irmãos, minha paz é minha solitude.
Meu Amado está a sós comigo nessa paz,
ele sempre esteve.

Em todas as terras e mundos,
jamais encontrei nada
que fosse equivalente ao seu amor:
este amor que arrasta as montanhas
das areias do meu deserto.

Se eu fosse morrer de desejo,
e meu Amado ainda não estivesse satisfeito,
o meu desespero seria eterno.

Abandonar tudo o que ele criou,
mas agarrar firme em minhas mãos
a prova derradeira de que ele sempre me amou:
é esse o nome e o destino da minha busca.

 

[A porteira]

Eu tenho todas as qualificações para trabalhar como porteira, e essas são as razões:

O que está dentro de mim, eu não deixo sair.
O que está fora de mim, eu não deixo entrar.

E se alguém adentra meu território,
logo mais sai outra vez.
Eu não lhe digo respeito, ele não me diz respeito;
pois eu sou uma Porteira do Coração,
não um bocado de argila molhada.

[Outra noite se vai]

Ó Amado, outra noite se vai,
outro dia se eleva.
Me diga se minha conduta foi boa esta noite,
para que eu possa estar em paz;
ou se foi mais um dia perdido,
para que eu possa chorar o que foi perdido.

Eu juro que desde o primeiro dia
em que você me trouxe de volta à vida,
desde que tornou-se meu Amado,
eu não dormi outra vez.

E ainda que você me enxote da sua porta,
eu juro que jamais iremos nos separar de novo,
pois em meu coração você arde,
em meu coração você vive
para sempre.

 

[Em minha alma]

Em minha alma
há um templo, um santuário, uma mesquita, uma igreja
onde eu me ajoelho.

A oração deveria nos levar a um altar
onde não existem
nem muros nem nomes.

Acaso não há uma região do amor
onde o altar real sequer é iluminado pelas velas,
onde o êxtase derrama-se em si mesmo
e se perde,
onde as asas estão plenamente vivas,
mas já não possuem nem mente
nem corpo?

Em minha alma
há um templo, um santuário, uma mesquita, uma igreja
que se dissolvem...

Neste momento
onde eu me ajoelho
todas as construções se dissolvem,
tudo se dissolve
em Allah.

 

Veja mais poemas de Rabia em nosso próximo livro sobre Rumi, que deve ser lançado até o final de 2021 (em e-book e versão impressa):

***

Crédito das imagens: [topo] Light in Babylon (Michal Elia Kamal); [ao longo] Lance Gerber/Desert X Al Ula; Rafael Arrais e svklimkin/unsplash license (capa do livro).

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