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28.11.17

No jardim

No jardim os bambuzais
envergam e dançam com os ventos,
até se aquietarem com as brisas
que vão soprando fraquinho,
cada vez mais devagar,
devagarinho
até parar,
e aí, tudo é paz.

Fora do jardim os carros passam a mil por hora,
e buzinam para quem vai a frente,
e caçoam de quem fica muito para trás.
Lá tudo tem um tempo cronometrado,
tudo passa depressa e vale alguma comissão;
tudo, tudo, menos a morte, é claro,
pois que lá ninguém é educado
para a dor e a tristeza;
lá fora ninguém pode jamais
simplesmente se deixar levar
pela correnteza.

Enquanto isso, aqui no jardim,
o espírito já declarou o óbito do ego,
tudo que havia para doer já doeu,
e todas as coisas que existem no tempo
são tão relevantes quanto o início e o fim
de mais uma dança de bambuzais...

O vento passou, e voltou uma vez mais;
nesse eterno e ligeiro vai e vem
toda a mata segue a bailar.
No fundo, todos somos iguais;
mal sabemos quem é quem,
quiçá aonde tudo isso vai dar...


raph'17

***

Crédito da imagem: raph (Jardim Botânico do Rio de Janeiro)

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27.11.17

Minha impressão sobre o Simpósio de Hermetismo

Texto de Danilo Kiss, um grande entusiasta da Ciência, que a meu pedido gentilmente falou da sua experiência em seu primeiro Simpósio de Hermetismo.

Antes falar sobre minha impressão em relação ao Simpósio, vou tentar ser breve em relação a minha história, até para que as pessoas entendam o motivo desse texto estar aqui. Minha  família de uma certa forma é bem religiosa, onde como a maioria dos Brasileiros se voltou ao Cristianismo. Cresci vendo minha avó materna a rezar terço, escutando orações na rádio pontualmente às 18:00hs, via quando pessoas pediam para que as benzessem quando não estavam se sentindo bem. Com um prato fundo cheio de água e pingando gostas de óleo que banhava em seus dedos, ela fazia sua oração e com sinal da cruz – pingando o óleo na água via a situação da pessoa no momento – se as gotas se justassem ou cresciam, era sinal de quebranto ou mal olhado, se as gotas se mantivessem no lugar estava tudo bem. De fato as pessoas ligavam para agradecê-la, reportando estarem melhores.  Seu enorme santuário com as mais diversas imagens de santos, anjos , de Cristo e Buda, além de ser devota de Nossa Senhora de Aparecida. Minha mãe também não foge a esse ritual. Acordo às 05:30hs para ir trabalhar, e quando saio ela esta ligada em um canal de orações, com seu terço nas mãos, onde o mesmo processo se repete da parte da noite.  Pessoas ligam para serem  benzidas por ela também. Meu pai é agnóstico e tenho três irmãos: um umbandista, outro espírita kardecista e o mais novo maçom, e eu cético em relação a tudo isso que descrevi até agora.

Meus questionamentos em relação a divindades e na crença de um deus criador, que olha por tudo, que sabe o que faz, e que não posso questioná-lo, começou quando tinha por volta de nove anos de idade. Lembro-me  olhando para uma folha em branco, tentando entender como algo pudesse amassá-la sem alguma interferência externa. Era assim que via toda aquela história de um deus que veio do nada, para criar e ser dono de tudo. Em meio às conversas que tinha com meus pais em relação ao meu ceticismo, resolveram me colocar para fazer a primeira comunhão quando tinha quatorze anos de idade, e na segunda aula o Padre (Fernandes) responsável pelas aulas de catecismo, disse a minha a mãe de forma serena que meu lugar não era ali, e que logo entenderiam – talvez fosse pelos meus questionamentos. Ao completar dezoito anos fizeram com que começasse crisma, e confesso que só fiz por causa da minha avó. Nessa época já estudava a história das religiões, bem como Astronomia. Como não encontrava algo que me fizesse acreditar de fato em tudo que via dentro da religião e em relação a um criador onipotente, onisciente e onipresente, resolvi estudar o macro, o começo de tudo.

Comecei a me dedicar a Física e hoje com trinta e oito anos curso Universidade de Astronomia. Nesses quase vinte anos de tudo, tudo (ou quase tudo) das dúvidas que eu tinha em relação aos mistérios não revelados (ou revelados) de forma incoerente pela religião, encontrei na Ciência – Física e Biologia são os ramos da Ciência que mais estudo atualmente, além claro da Astronomia, em que descobri que tudo não foi feito em sete dias, pois para ser gerada a primeira estrela foi necessário milhões de anos. Ao contrário do que muitos conseguem fazer, ainda não consegui traçar um paralelo ou um denominador comum entre Religião e Ciência. Religiosos, místicos, benzedeiros, padres, pastores e líderes de qualquer religião acham que a comunhão entre Ciência e Religião é dizer apenas sobre as bênçãos das divindades, com a tão falada e nebulosa Física Quântica, ou ainda pior: tudo aquilo que a Ciência não explica a Religião consegue – ambas situações tornaram-se clichê. É fato que existem pessoas espiritualizadas e da Área Científica, que conseguem traçar um relacionamento entre as duas coisas. Tenho um grande amigo assim. Físico e que acredita nessa cumplicidade entre a espiritualidade e as partículas subatômicas, o que pra mim ainda é extremamente utópico. Por mais que eu acredite (e tenha provas) que a energia que emitimos apenas pelo nosso pensamento seja algo extraordinariamente forte, me limito apenas àquilo que eu realmente consegui provar. Provar não para outros, mas para mim mesmo! Sabe aquela história de cada coisa no seu lugar? Sigo mais ou menos dessa forma. Mas aí você pode me perguntar se a Ciência explica tudo... E eu digo que para quase tudo que questionei até hoje, sim! Mas esta longe de explicar tudo tudo, afinal nada explica a totalidade do que existe.

Em meus estudos em relação às religiões, frequentei todos os principais cultos para entender o que se passava em cada uma delas, onde cheguei a uma conclusão. A espiritualidade como fonte de saber e de harmonia interna é ótima ferramenta para aqueles que precisam, mas o ser humano que tem por trás dos passes e das incorporações não! Já vi de tudo: desde “reze cem ave marias e cem pais nossos” pelo dízimo que não consegui dar, até que “deus não quer suas moedas, pois ele precisa de notas para terminar suas obras na eternidade”, até aqueles que davam passe em você no centro espírita e lá fora batiam na mulher e ignoravam os filhos. Que tipo de vibração um mamífero desses vai reportar a uma pessoa?  

Enfim, foi nesse estudo sobre as religiões, que em meados de 2015 encontrei uma página no youtube chamada Conhecimentos da Humanidade, com um vídeo sobre a introdução as Religiões. Dali pra frente me tornei um espectador e fã da página, pois tratavam do assunto religioso de forma imparcial, e principalmente com cunho histórico, que era exatamente o que gosto de estudar. Assistindo alguns vídeos tomei conhecimento de um Simpósio que seria realizado no início de Novembro (2017) – o Simpósio de Hermetismo e Ciências Ocultas. Confesso que dez anos atrás acharia um absurdo o fato de pensar em participar de algo relacionado a Ciências Ocultas, afinal pra mim não existe nada mais transparente que a Ciência natural. Me permiti ir a esse Simpósio e ver o que os participantes tinham a dizer, além de conhecer as pessoas que fazem parte de um grupo fechado de discussão referente ao canal Conhecimentos da Humanidade [grupo de apoiadores do canal no Padrim]. São pessoas extraordinárias, cada uma na sua percepção de fé e espiritualidade, onde não entendo de onde tiram tanta paciência para escutar as chatices de um cético :)

Finalmente chegou o grande dia! Na verdade foram dois dias seguidos: sábado e domingo. Um dia antes ainda pensava se deveria mesmo participar, mas posso dizer que foi uma experiência um tanto diferente na minha vida. Já ao chegar ao local onde teriam as palestras, me deparei com um cartaz do lado de cima da porta: “Simpósio de Hermetismo e Ciências Ocultas”. Respirei fundo! Logo vi uma pessoa com uma longa capa preta e capuz, outra vestida como uma bruxa. Tenso! Já estava na companhia de uma pessoa do grupo (Gidy Sampaio), e alguns minutos depois fui recepcionado pelo Léo Lousada, um dos organizadores do Simpósio e responsável pelos conteúdos no canal Conhecimentos da Humanidade.  Ele me  levou ao encontro de outro idealizador do canal, Bruno Lanaro, onde mais uma vez fui extremamente bem recepcionado. Entrei no local e pude ver todos aqueles meus amigos virtuais, inclusive Raph Arrais (você o conhece bem :), que tranquilamente e humildemente  veio se apresentar, além da Karina, Diego, Daniela e Rodrigo. Fiquei muito feliz em conhecê-los pessoalmente. São todos do bem, cada um no seu estilo. Tive conversas riquíssimas com cada uma delas, e agradeço muito por isso! Minutos depois me sentia totalmente fora de contexto, pois era muita gente espiritualizada, cada um de sua maneira, em seu entendimento diferente. Mas fui forte, e logo começaram as palestras. Uma a uma fui observando, divagando, pensando, fazendo paralelos com minhas crenças, mas me permiti deixar todo meu ceticismo e meu pensamento científico da porta pra fora.

Nos dois dias de Simpósio percebi que cada Ordem e Religião tendem a puxar o que mais se adequa a crença de cada um em um determinado grupo. A verdade, a magia, os deuses, as energias etc. Todos possuem uma comunhão dentro das determinadas crenças. Penso que poderia existir apenas uma para englobar tudo, seria mais coerente não? Mas talvez o ser humano precise dessas diversas possibilidades, pois nós somos assim. Queremos pertencer a um grupo específico, e a maneira mais fácil de se organizarem é a separação pelos ideais. Percebi também que mesmo com tantos pontos diferentes, o intuito é lavar ao mesmo lugar. Observei que sempre que abordavam o assunto Religião vs. Ciência cometiam algum deslize, e percebi também que a preocupação em querer linkar as duas coisas é muito grande, mas acredito que seja mais uma forma de se falar aleatoriamente sobre o assunto.  Hoje me parece que o créme de la créme da Religião em conjunto com a Ciência é a Física Quântica. O fato é que nem a Ciência sabe exatamente como empregá-la dentro do próprio meio científico, que é onde se abre brechas para oportunistas. Vejo que a parte mística ou ocultista começa onde a ciência deixa de explicar – e é aí que para mim começa o grande problema. A Ciência em cem anos veio para desmistificar milênios de mitos e/ou interpretações de livros sagrados e profetas.  Tenho que dizer que não presenciei muitos paralelos em relação a Ciência e Religião, a não ser quando uma espectadora disse que a Bíblia era “quântica”, mas até aí absorvi bem essa questão :) Bom, não estava em um Simpósio de Ciências, então de uma certa forma relevei o que foi dito, sem problema algum.

Cada palestrante representando a diversidade de Ordens e Religiões deixava sempre a entender que o bem comum para uma vida melhor, e consequentemente construir uma harmonia entre todos os seres – seja ela animal, vegetal ou mineral –, é o respeito, a bondade e o amor, dessa forma alcançando a espiritualidade de forma mais tênue. Senti isso também nas pessoas que lá estavam. Cada um da sua forma buscava o conhecimento e principalmente uma forma de elevação espiritual para se tornarem pessoas melhores. Não que com meu ceticismo também não busque tais atributos, mas a diferença que vi em relação a essa busca são os meios.  Procuro ser uma pessoa boa, ter atitudes condizentes com o amor, respeitar a Natureza não para agradar divindade ou ter uma vida eterna, mas ser feliz enquanto a vida aqui no Planeta Terra durar. Não peço nada a nenhuma divindade, apenas agradeço todos os dias. Para quem? Para minha mente! Se existe uma energia onisciente, onipotente e onipresente ela sabe exatamente o que estou passando, o porquê e do que preciso, logo não tenho necessidade de pedir nada. Se tiver algo além da morte do corpo, ótimo, se não tiver nada, tudo bem também. Apesar de saber que nosso corpo de fato é só energia, e não existe a morte de energia e sim a sua transformação, não me arrisco a dizer o que acontece depois que ela se livra da matéria densa que é o nosso corpo. Isso deixo para meus amigos com mais elevação espiritual que eu :)

Quanto a minha impressão final em relação ao Simpósio, posso dizer que foi muito boa, na verdade muito melhor do que esperava! Me arrisco a dizer que esse encontro sirva mais para pessoas como eu. Para os demais acredito que seja mais um complementando de sua busca. Escutar o que o outro lado tem a dizer é muito importante, é respeitar a fé e suas crenças, afinal é isso o que nos faz ser uma pessoa melhor dia após dia. Ouvi magos, bruxas e benzedeiros falarem sobre a forma com que enxergam a vida, e posso dizer que foi muito rico. Por mais que isso não faça parte do meu dia a dia, é bonito saber que há pessoas que através de sua magia se preocupam em ajudar o próximo. Senti muita cumplicidade, harmonia, respeito e principalmente o amor de todos!

Amor – um nome curto, com um significado enorme e tão difícil de ser empregado verdadeiramente em nosso dia a dia, mas quando é feito tudo de forma sincera percebemos a diferença que faz. O amor quando empregado de forma verdadeira, e aí não importa a Religião, a Ordem , ou apenas a percepção intrínseca: ele mudará sua casa, seu bairro, sua cidade, seu país... ele mudará o mundo! E foi exatamente isso que aprendi no Simpósio – não importa os meios, mas sim o final de tudo! E talvez o deus, as divindades, os santos, os guias, os anjos sejam apenas a forma de amor materializada da qual eles tanto falam. Talvez tudo isso seja apenas o amor! Pretendo voltar nas próximas edições e entender esse enorme mundo. E que dessa forma amemos mais, todos os dias!

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Crédito da imagem: Martin Satler/unsplash

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22.11.17

A filosofia para viver bem (parte final)

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4. Como viver bem na modernidade

É curioso como alguns locais se tornaram centros irradiadores de conhecimento, cultura e transformações para a civilização. Durante alguns séculos, condições sociais e a reunião de figuras notáveis fizeram algumas regiões serem eternas no imaginário da humanidade.

É o caso da China Antiga, que poderemos discutir num outro momento, através de suas três grandes tradições: taoismo, confucionismo e budismo.

Em nossa série, abordamos outras duas regiões. A Grécia Antiga, terra de Sócrates, Platão e Aristóteles, mas também dos epicuristas, estoicos e céticos. E a França Moderna, pátria de Montaigne, Descartes, e, finalmente, os filósofos existencialistas.

Vimos anteriormente como a ausência de Deus defendida pelos céticos – a inexistência de uma verdade absoluta que sustente o Universo para além de um Vazio por detrás das aparências – criou um mundo ausente de um sentido maior. Se nada é verdadeiro, por que viver na falsidade?

Ansiamos em nosso íntimo por um propósito maior. Os homens buscam uma verdade pela qual viver, lutar e até mesmo morrer. No mundo antigo, talvez não fosse difícil encontrar isso: as pessoas tinham a sua cultura, os seus deuses, o seu povo. No mundo moderno, no entanto, o homem se depara com o vazio que tais categorias representam.

Minha cultura é apenas uma dentre muitas, todas bastante interessantes. Meus deuses são crenças que me ensinaram a acreditar desde a infância, e não os sinto necessariamente como verdadeiros. Meu povo são apenas algumas pessoas, e posso me sentir mais conectado com um irlandês ou um chinês do que com um outro brasileiro, meu vizinho.

A modernidade – a tecnologia, a globalização, o aumento dos horizontes – bagunçou bastante nosso senso de pertencimento, que sempre fora fundamental para definir nosso sentido de vida.

Mas o niilismo que aportou em terras francesas não teve outro destino senão a sua superação.

Ao invés de apostarem numa virada conservadora, filósofos como Albert Camus e Jean-Paul Sartre disseram que a ausência de sentido, antes de ser um problema, é uma esperança. O mundo não está já definido e escrito nas pedras como pensavam os antigos, mas somos livres para descobrir o nosso próprio sentido pessoal. Escrever a nossa própria história.

A impossibilidade de nos identificarmos absolutamente com uma identidade única ou uma determinada cultura fez de nós andarilhos. Sentimo-nos estrangeiros em nosso próprio mundo, abertos a diversas influências. Não nos sentimos tão presos à terra da qual nascemos, como eram nossos pais e avós, que apenas com muita dor se tornavam imigrantes, na falta de outra opção.

Podemos sentir a nostalgia de um antigo lar perdido, mas nosso desejo errático nunca o reencontra. Afinal, nosso desejo não se identifica com nada, e ao mesmo tempo se reconhece em tudo. O único lugar que certamente sabemos habitar são as redes sociais, que para além de simples dados compartilhados numa rede virtual de computadores, é um espaço de comunhão entre interesses e pessoas, ultrapassando língua ou geografia.

Temos que pensar assim numa nova perspectiva de eudaimonia. Como viver bem na modernidade?

Não há resposta inequívoca para essa pergunta. Mas depois desta longa trajetória filosófica, podemos dizer que recolhemos algumas pistas, que colocarei sob a forma de conselhos:

A. Não se leve tão a sério
O mundo vai para além de estar certo ou errado. No medo de cometer enganos ou parecer fracassados, abrimos mão de oportunidades de aprendizado, crescimento e surpresas positivas.

Não se cobre tanto. Muito daquilo que você exige de si mesmo são coisas da qual você não tem tanta certeza ainda, ou tampouco sabe se serão definitivas.

Não se preocupe se você parecer contraditório. No fundo, somos habitados mesmo por paradoxos. Faça sua mágica com eles.

B. Aceite suas limitações
Todo corpo eventualmente adoece. A beleza e a jovialidade tem um fim. Tem coisas que estão para além do nosso controle. Lutar contra o tempo é uma batalha perdida. Portanto, poupe sua energia para desfrutar dela.

Não tenha medo de morrer, de perder algumas coisas, ou do fim. É quando as coisas são limitadas – possuem um tempo – que elas são valiosas. Já imaginou quão insuportável seria se nossos dias fossem sempre iguais? São as coisas transitórias que tornam a vida especial.

E não tente evitar o sofrimento neste processo. Ele faz parte de tudo, tanto quanto as alegrias.

C. Entenda que, às vezes, você não sabe a resposta. E está tudo bem
Curiosidade e conhecimento são fundamentais. É muito melhor viver com sabedoria.

Mas entenda que nem sempre é possível ter todas as respostas. Existem coisas que estão para além do nossa compreensão do momento.

Existe uma coisa curiosa sobre a sabedoria: quanto mais você a descobre, mais você percebe que menos a tem. Quanto mais sabemos, vemos que as coisas são mais complexas e desconhecidas.

Aprenda a conviver com sua douta ignorância.

D. Tenha um ou mais amores
Não há outro remédio para a vida senão o amor. Seja o amor romântico por uma mulher ou um homem, o amor pelo seu trabalho ou pela sua obra, pela sua família, seus amigos, ou mesmo por uma causa. Não precisa ter todos na vida (e nem sempre dá).

Possuir um sentido de vida depende de como você ama.

Quando a gente perde uma pessoa amada – digamos, porque um relacionamento terminou – é como se a nossa vida perdesse o sentido, e nos deparamos com o tal vazio. De fato, você encontrou o que os niilistas avisavam. Mas isto não quer dizer que você não encontrará outros e novos amores.

Superar o niilismo é encontrar e mergulhar na sua paixão.

E. Seja simples
Simplicidade não significa abrir mão das coisas para ser como um eremita. Talvez algumas delas sejam muito importantes para você. Simplicidade é descobrir o que é fundamental para você, e aprender a viver com isso.

Uma tarde com os amigos na praia ou nas montanhas pode ser mais recompensante que aquela sonhada fortuna. Ver o seu trabalho ajudando outras pessoas é mais interessante do que causar inveja nos seus competidores. Ter uma casa tranquila e modesta para repousar em paz é mais fácil e econômico, além de menos estressante, do que sustentar uma mansão na região mais cara da cidade.

Quanto mais você precisa para se satisfazer, mais trabalho você terá para conquistar e manter a sua posição. O que pode se revelar bem estressante. Se você deseja uma vida mais tranquila – praticando a ataraxia – os filósofos sempre recomendaram encontrar a alegria na simplicidade.

Igor Teo é psicanalista e escritor. Para saber mais acesse o seu site pessoal.

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Crédito da imagem: Andrew Neel/unsplash

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17.11.17

Rumi e o misticismo islâmico

Após ter acompanhado seu nascimento e crescimento desde o início, é com muita honra que hoje prosseguimos com a parceria deste blog com o canal Conhecimentos da Humanidade no YouTube, apresentado por Bruno Lanaro e Leo Lousada.

Neste segundo roteiro, me vali da minha experiência com o estudo e a tradução dos poemas de Rumi para traçar uma espécie de apresentação poética da sua vida e obra. Não é de forma alguma um mergulho profundo na sua poesia oceânica, mas antes um breve passeio de barco por um riacho que, para aqueles que se sentirem tocados no coração, pode de fato levar até o mar da Alma:

» Veja também nosso livro com traduções dos seus poemas: Rumi – A dança da alma

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8.11.17

Carol Moreira e a Jornada do Herói

Desde que comecei a acompanhar com mais atenção aos youtubbers em geral, após a rápida ascensão de inscritos no canal Conhecimentos da Humanidade, de dois amigos meus, tenho percebido que o futuro da comunicação mainstream certamente passará por lá (ou já passa). Muitas residências brasileiras hoje mal sintonizam a TV Aberta, e algumas delas não têm nem TV a Cabo, ou seja: tudo se resume aos serviços de streamming de mídia, e dentre eles o YouTube é não somente o maior, como o mais promissor.

Apesar da maior parte dos youtubbers de maior audiência viverem de humor (muitas vezes, bem duvidoso), há sem dúvida muitas pérolas nas nuvens, e algumas delas serão eventualmente divulgadas por aqui. Além do próprio Conhecimentos da Humanidade, do qual já falei, o primeiro canal que queria trazer é o da Carol Moreira, formada em cinema e nerd de carteirinha. Ela é mais conhecida hoje, provavelmente, pelos excelentes comentários acerca da série Game of Thrones, da HBO, junto com sua amiga Mikannn, mas o seu canal vai muito além disso.

Um bom exemplo é este breve resumo que ela faz, com relativa propriedade, da Jornada do Herói (ou Monomito), uma teoria elaborada pelo grande Joseph Campbell. Dá gosto ver que, em meio ao mar de informações irrelevantes ou superficiais nos grandes canais de mídia, hoje temos a chance de, aqui e ali, pescar coisas tão belas e preciosas quanto a Carol:

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Crédito da foto: Carol Moreira/Divulgação

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3.11.17

O Gato da Bruxa

Guardiões .:.

"Adorados como encarnações dos deuses ou odiados como seres demoníacos, os gatos tem experienciado todos os graus da nobreza, maldade, afeto, neuroses e loucuras humanas. A milenar história entre nós e eles é tão antiga quanto controversa, cheia de altos e baixos, repleta de eventos insignes e também vergonhosos!

Por decreto faraônico, qualquer um que matasse ou maltratasse um gato poderia ser condenado a pena de morte no Egito antigo. Para os povos pagãos da Europa ele estava associado as deusas da magia e do submundo. Na idade-média, foi associado a figura da bruxa e catalogado como ente diabólico enquanto n'época das navegações era amigável companhia no extermínio de roedores, e a 'high society' vitoriana o marcou como símbolo de refinamento e arte.

Os pormenores deste convívio poderiam se multiplicar por mil; o fato inconteste é que a relação homem/gato nada teve de maçante, morno ou monótono.

Dada sua alta sensibilidade, o gato está legitimamente associado a magia. Ele é não apenas capaz de perceber como também reproduzir em si e até absorver disfunções circundantes.

Em seu aspecto oculto, o gato tende a criar um forte elo de ligação com seu dono, pressentindo seu estado emocional e fazendo-se, naturalmente, uma espécie de catalizador que 'capta', 'digere' e 'transmuta' energias dissonantes!

Esotericamente, o gato (de qualquer cor ou espécie) é um guardião, não da casa ou contra estranhos como o cachorro, mas do invisível.

Quem manifesta acentuada aversão ou medo de gatos, n'alguns casos, possui dificuldades em enfrentar sua própria natureza lunar e inconsciente.

O gato é sempre um símbolo esfíngico de sorte, conexão, mistério, instinto e intuição.

Digno de toda admiração, respeito e amor como todo animal, o gato doméstico retrata significativa parte do nosso passado, nossa essência e nosso futuro."

Caciano Camilo Compostela, Monge Rosacruz – Contato: facebook.com/ mongerosacruzcacianocompostela

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Crédito da imagem: Marko Blažević/unspalsh

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